Heartstopper nos leva para nova jornada de amadurecimento e amor

A 2ª temporada da produção de Alice Oseman acerta mais uma vez ao abordar temas da adolescência com delicadeza e criatividade

Por Anny Caroline Guerrera Atualizado em 29 out 2024, 18h28 - Publicado em 3 ago 2023, 10h01

A história de Nick e Charlie está de volta para aquecer nossos corações. O lançamento da 2ª temporada de Heartstopper traz, mais uma vez, reflexos de inseguranças, descobertas e situações da adolescência (e da vida) com muita delicadeza e criatividade.

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Baseada nas HQs de Alice Oseman, que também é responsável pelo roteiro, a produção da Netflix retorna com os personagens de Joe Locke e Kit Connor vivendo momentos românticos do namoro, que vão desde presentes de aniversário até beijos escondidos pela escola.

Nick, então, revela que quer se assumir para pessoas ao seu redor e passa por um processo em que precisa lidar com inseguranças para enfrentar seus próprios medos e desafios.

Enquanto isso, Charlie está sempre ao lado do namorado, dando espaço e o tempo necessário para que ele faça as coisas da própria maneira, tendo a oportunidade de se assumir como deseja. Isso é algo que o protagonista de Locke não teve a chance fazer, já que teve sua sexualidade exposta contra sua vontade no passado.

É assim que o roteiro nos leva para mais uma trajetória de autoconhecimento e, principalmente, amadurecimento de adolescentes que passam por momentos que podem ser muito identificáveis para o público. A história ainda acerta novamente na forma de conduzir cada narrativa, dando voz para temas importantes ao demonstrar a relevância de cada assunto.

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Um dos tópicos que ganha destaque vem justamente através das interações entre Nick e sua família. Enquanto ele conta com o apoio da mãe, que é vivida por Olivia Colman, as coisas podem não ser tão acolhedoras com outros membros da família, como o irmão e pai.

O personagem encara preconceitos e também retrata como sua bissexualidade é apagada por pessoas que o rotulam como “alguém que não decidiu” ou que “está confuso”. A série ainda aprofunda a relação familiar ao trabalhar a ausência do pai de Nick e os impactos disso para ele.

Kit Connor e Joe Locke como Nick e Charlie na 2ª temporada de Heartstopper; eles estão sorrindo enquanto olham um para o outro com um panfleto de Paris nas mãos
Joe Locke e Kit Connor Teddy Cavendish/Netflix/Divulgação
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Mon amour…

E por que não acompanhar uma excursão do grupo em um dos destinos mais românticos do mundo? Em Paris, vemos o desenrolar de diferentes sentimentos e declarações, até mesmo entre os adultos, com momentos fofos entre os professores da trama que refletem aqueles que não vivenciaram essas experiências quando estavam no colégio.

No história de Elle e Tao (Yasmin Finney e William Gao), temos o retrato de uma amizade se transformando em algo mais, destacando como ser você mesmo é importante dentro de uma relação e a importância de dar espaço para a outra pessoa crescer individualmente.

Os dois lidam com a possibilidade da ida da jovem para uma nova escola de Artes, onde ela vai poder evoluir e aprimorar suas habilidades para o futuro, mas também ficará longe dos amigos por um tempo.

Will Gao e Yasmin Finney em cena de Heartstopper; eles estão no cinema se olhando enquanto seguram grandes pacotes de pipoca e bebidas; eles sorriem levemente um para o outro
Will Gao e Yasmin Finney Netflix/Divulgação
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Já Isaac (Tobie Donavan) também teve sua história aprofundada ao se aproximar de James (Bradley Riches). Sem se sentir compreendido, nem mesmo por seus amigos, ele busca entender sobre assexualidade e traz a conversa sobre o assunto na produção, abrindo portas para o tema ser ainda mais trabalhado no futuro.

Outro grande ponto da história vem do relacionamento das personagens de Corinna Brown e Kizzy Edgell. Após dizer “eu te amo”, Tara sente que a namorada tem dificuldade em se abrir e percebe que grande parte disso vem da família de Darcy, que logo se mostra preconceituosa e nada apoiadora.

Enquanto isso, Imogen (Rhea Norwood) se sente sozinha e desvalorizada ao iniciar um relacionamento com Ben (Sebastian Croft), que ganhou um novo arco na temporada. Ao notar que não está feliz, ela desabafa e declara que merece mais pra si mesma, parecendo despertar sentimentos, até então, desconhecidos por ela e que envolvem Sahar (Leila Khan).

Nick e Charlie com os rostos próximos em cena de Heartstopper; Charlie está com uma das mãos no rosto de Nick
Heartstopper Netflix/Divulgação
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Nick & Charlie

A trajetória de Nick e Charlie é, mais uma vez, encantadora de assistir. O amor que um tem pelo outro pode ser sentido por quem está acompanhando dentro e fora das telas e é interessante reparar como a relação dos dois está se intensificando cada vez mais.

Ambos estão descobrindo os detalhes que os tornam únicos enquanto encontram acolhimento e segurança no relacionamento que constroem aos poucos. Mas, ao conhecer melhor uma pessoa, você também pode notar pontos que podem ser preocupantes.

É assim que Nick percebe o distúrbio alimentar de Charlie e também as consequências do bullying e da homofobia que ele sofreu quando foi exposto para escola. As cicatrizes internas do que ele passou ainda se manifestam em suas ações e comportamentos.

Por não querer que Nick viva o mesmo, Charlie deseja que tudo seja perfeito agora. Mas as coisas não funcionam assim. Algumas circunstâncias não são como imaginamos ou queremos que sejam e é horrível se deparar com uma realidade dolorosa. Só que isso não significa que tudo vai ser ruim.

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Pelo contrário, a série mostra que a busca pela felicidade é relativa, ela muda para cada um. Ela destaca as falhas, qualidades e que as pessoas caem e se levantam. É curioso observar como os personagens estão entendendo isso em uma fase em que tudo é ainda mais caótico e intenso.

Joe Locke e Kit Connor se beijando em cena de Heartstopper; eles estão em um ambiente externo e com árvores ao redor
Joe Locke e Kit Connor em cena de Heartstopper Samuel Dore/Netflix/Divulgação

Heartstopper é uma série que ressalta complexidade da adolescência enquanto celebra a alegria de poder descobrir o mundo e mais sobre si mesmo. Ao mesmo tempo, a narrativa busca retratar as dificuldades e lutas que são enfrentadas de uma forma sensível e significativa. É exatamente o que queremos e precisamos assistir.

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