Final do All Stars 10 prova que a vitória perdeu significado em Drag Race

Décima temporada de RuPaul’s Drag Race All Stars termina com críticas à previsibilidade e favoritismo na vitória de Ginger Minj.

Por Arthur Ferreira Atualizado em 21 jul 2025, 20h14 - Publicado em 21 jul 2025, 20h14
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epois de meses de competição, a décima edição de RuPaul’s Drag Race All Stars chegou ao fim na última sexta-feira (18), encerrando uma temporada que prometia revolucionar o formato da franquia, mas terminou com gostinho amargo para muitos fãs. A vitória de Ginger Minj, coroada após sua quarta participação no programa, dividiu opiniões e gerou mais polêmica do que celebração.

Dá para sentir um desgaste real nesse universo que RuPaul criou, e a pergunta que fica é: vencer um All Stars ainda significa algo?

A temporada estreou com um elenco recorde: 18 queens retornaram ao werkroom em busca de um prêmio de 200 mil dólares e um lugar no Hall da Fama. A estrutura inédita chamada de “Torneio das All Stars” dividiu as competidoras em três grupos de seis. Cada grupo competiu por três episódios, e as três melhores avançaram para as semifinais. Oito finalistas chegaram ao grande desfecho por meio de uma série de provas e lipsyncs eliminatórios.

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O início foi bem recebido: o primeiro grupo teve desafios elogiados e entregas sólidas. Bosco mostrou que a espera e a grande expetativa de seu retorno valeram a pena, Irene The Alien se redimiu com consistência, e Aja celebrou seu retorno após um tempo longe do drag.

Já no segundo bracket, o entretenimento veio com força especialmente por conta das estratégias de Mistress Isabelle Brooks, sua aliança com Jorgeous e Lydia B. Kollins, os conflitos com Kerri Colby e Tina Burner, e a redenção de Nicole Paige Brooks, que ganhou muitos memes nas redes sociais.

Mas aí chegamos ao terceiro grupo, e o clima muda: Ginger Minj parecia jogar em outra liga perto das outras queens, muitas delas competindo pela primeira vez em All Stars. Ela dominou os desafios de performance e comédia, provas em que ela já era referência, o que fez o torneio parecer meio desequilibrado desde o começo. Não que ela não seja talentosa, mas a crítica é colocar uma veterana com muita experiência para competir contra queens novas. Isso tirou um pouco da graça e da justiça da disputa.

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A semifinal foi mais do mesmo: Ginger venceu o Snatch Game, como era esperado, e a escolha das queens eliminadas para voltar à final foi outra controvérsia. Kerri Colby voltou para simbolizar que “o bem vence o mal” em sua narrativa de conflito com Mistress, mas nomes como Denali, Tina e Acid Betty, que tinham sido consistentes, ficaram de fora. Na final, com vários lipsyncs seguidos, Ginger ganhou de Jorgeous, mas para muita gente o desempenho não superou a concorrência. O sabor final foi de uma vitória anunciada, uma decisão de roteiro mais do que de mérito.

E esse problema não é novidade em Drag Race. Desde as primeiras edições de All Stars, a produção sempre teve o pé atrás em favorecer algumas histórias. Antes de uma competição de drag, é um reality show onde a narrativa passa na frente do talento puro. Isso já aconteceu com Shea Couleé, Jimbo e outras, que apesar de serem talentosas, tiveram temporadas feitas “na medida” para suas coroações.

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Apesar de um início empolgante, a reta final do All Stars 10 foi marcada por críticas ao favoritismo percebido e à previsibilidade do desfecho. A estrutura em brackets, inicialmente bem recebida, perdeu força ao longo da competição, especialmente diante da repetição de desafios e da sensação de que algumas queens não tiveram espaço igual para brilhar. Nas redes sociais, os fãs manifestam apoio a participantes como Aja, Bosco, Irene e Denali, vistas como destaques injustiçados da temporada.

A impressão que fica é que desperdiçaram um elenco promissor para coroar uma queen que já teve muitas chances. Ginger Minj é uma drag completa e muito talentosa, mas será que essa coroa vale tanto assim? Quando a narrativa pesa mais que o mérito, a vitória acaba perdendo seu valor e o Hall da Fama, que deveria ser o auge da conquista, vira só mais um capítulo de um roteiro que parece cansado.

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