Filipe Toledo, o novo ídolo do surfe, falou com a gente sobre ondas, família, grana e… garotas!
Depois de vencer a etapa brasileira do Circuito Mundial, contou que está todo focado em conquistar o título no final do ano
Filipe Toledo é a cara do talento. Do foco. Da determinação. Quando o assunto é surfe. No último domingo, foi alçado ao status de herói nacional, ao vencer, diante de 100 mil pessoas aglomeradas na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, a quarta etapa do campeonato mundial de surfe, o Oi Rio Pro. E com nota 10! Foi notícia no Jornal Nacional, na Ana Maria Braga (hehe), na capa dos principais portais e jornais do mundo! Hoje, ele é o segundo melhor do mundo no ranking mundial — só atrás de outro brasileiro, o Adriano de Souza. : )
Mas basta falar de outras coisas pro Filipe provar que é só descontração. E cheio da graça e de piadinhas impublicáveis! Aos 20 anos, o prodígio do esporte brasileiro arrumou um tempo pra falar com a gente de competição, escola, família e… amor? Vem ver.
Depois da vitória no Rio e zilhões de entrevistas, qual é a pergunta que você não aguenta mais responder?
Ah, são várias. Qual foi a sensação de vencer? De ter feito uma nota dez na final? Descreva como foi a sua semana…
Com que idade você começou a surfar? Você tinha outra alternativa?
Eu comecei a surfar com 5 ou 6 anos. Não tinha outra saída. Eu não me lembro mas meu pai (que também é surfista profissional) me colocou numa prancha aos 10 meses de idade. Me apaixonei pelo esporte e não tinha mais jeito.
Tem que surfar todo santo dia? Até quando está muito frio? Ou muito grande? Todo dia, não. Depende muito do mar e da condição das ondas. Mas sempre que dá, tem que entrar, testar equipamento. E não tem jeito. Pode estar o maior frio, que tem que acordar às seis da manhã e entrar.
E se as ondas estiverem muito grandes?
Aí é outra história. A gente busca alternativas que são seguras em outras praias. Mas tem dia que não tem escapatória. No ano passado, competi em Sunset, no Havaí, num mar de 12 a 15 pés [de 3,5 a 4,5 metros!] . Não tem como não ficar com medo. Mas no fim a sensação da adrenalina é muito boa.
Você é o cara das notas 10, especialmente nas finais dos campeonatos. Na escola também era assim?
Ah, sim! Tirava dez em educação física, em educação artística… (Risos) Mas de certa forma, estava sempre acima da média e sempre passei de ano numa boa. Me formei na escola, em Ubatuba, aos 17. Nos últimos dois anos, foi bem difícil. Já chegava das viagens fazendo trabalho. Fazia coisas pela internet, foi uma correria.
Você conseguiu ser adolescente? Fazer bobagem com os amigos… Ficar com as meninas… Ou só treinava?
Eu consegui aproveitar minha adolescência, sim. Jogava futebol, curtia com os amigos. Não deixei passar em branco.
Sua mãe disse em uma entrevista que seus irmãos reclamam que a atenção vai toda pro Filipe. Verdade?
Eu acho que nossa família é muito unida. Todos os meus irmãos tem sucesso, não como surfistas, mas em outras áreas. Meu irmão mais velho, o Mateus (24 anos) seguiu no freesurf, trabalha no canal Woohoo. O Davi tem 16 e surfa mais pra se divertir. É que eu sempre fui o que mais gostava de competir.
E a sua irmã, a Sofia? Se você fosse uma garota, como ela, acha que teria tantas oportunidades? Acha que seria surfista?
Nunca pensei em ser uma garota. (Risos). Ela também gosta surfar, de se divertir… Mas não é esse o caminho dela. As meninas do circuito mundial têm feito um trabalho muito legal. Mas uma coisa difícil pra elas é que não há o mesmo retorno dos homens em termos te torcida, mídia…
Voltando à sua irmã. Você tem ciúmes dela?
Não sou de me intrometer na vida dela não… Mas eu, meus irmãos e meu pai ficamos de olho. Coitada! Na real, ela mesma é bem tranquila, não gosta de muvuca.
A família toda se mudou para San Clemente. Como foi a sua adaptação lá?
Dá saudade de Ubatuba. Mas a mudança foi muito boa. Alugamos uma casa lá, meus irmãos se adaptaram bem à escola, meu irmão mais velho conseguiu vir com visto de trabalho… São culturas bem diferentes, o brasileiro é mais caloroso, enquanto os gringos são bem frios, bem quietos. Mas quando vou à praia a galera também dá os parabéns, pede pra tirar foto.
O que você faz com esse caminhão de dólares que está faturando?
Não sei disso, não! Hahaha. Já fiz um dinheiro bem legal e estou investindo. Mas comprei um carro em que andei na primeira vez em que vim pra Califórnia, há quatro anos, e achei o máximo. Assim que mudei, quis comprar um pra mim.
Tá na moda ser surfista-família. Como é ter a família tão perto o tempo todo? Você não sente falta de um pouco de liberdade?
Não, é muito tranquilo. Gosto de estar com meu pai, ele me passa a sua experiência. E já sou grandinho, barbado. Não dá pra ele exigir muito, né? Fora dos campeonatos, tenho o meu tempo só com meus amigos, de curtir, de ir pra balada. Sou bem tranquilo e sei a hora de parar, de começar, onde ir e onde não ir.
Ganhar campeonatos é muito bom, claro. Mas e quando perde? Como faz? Como lidar?
Querendo ou não, é chato, tem um sentimento de tristeza, de saber que eu poderia ir mais longe. Mas o que foi bom a gente absorve, o que foi ruim a gente joga fora e bola pra frente.
Quase arrancaram pedaço de você lá Rio. Nem os gringos escaparam das garotas. Esse assédio é legal?
Gosto do reconhecimento, do carinho, de ser reconhecido, de tirar foto. Procuro atender todo mundo. Mas tem hora que é um pouco incoveniente, sim.
Mas se uma garota chegar assim com você, na histeria, pode rolar?
Ah, é meio difícil… Acho que se chegar mais tranquila, de canto, na dela, quem sabe tem mais chance.
Tá namorando?
Vamos pular essa pergunta. (Risos)
Quando tiver uma namorada, pra qual das praias que você já visitou que você vai levá-la?
Algumas etapas no tour são bem legais. Tahiti é muito bonito de conhecer e levar uma companheira. Tem também as etapas na Europa, como a da França…
O Gabriel Medina já disse que, quanto mais troféus ganha, mais bonito fica. É assim com você?
Funcionou com o Gabriel, porque bonito eu já sou faz tempo! (Risos)
Mudaria alguma coisa no espelho?
Não mudaria nada no espelho, tá dando certo assim.