Entenda o que motivou o ‘boicote’ de artistas e usuários ao Spotify

Movimento ganha força após revelações sobre investimentos militares ligados ao CEO da plataforma.

Por Arthur Ferreira 9 ago 2025, 15h00
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streaming de música mais popular do mundo enfrenta um novo problema. Bandas como King Gizzard & the Lizard Wizard, Deerhoof e Xiu Xiu estão removendo suas músicas do Spotify em protesto contra investimentos feitos pelo cofundador e CEO da empresa, Daniel Ek, em uma companhia de tecnologia militar.

O estopim veio quando o King Gizzard, conhecido pela produção frenética de álbuns e pelo som psicodélico, anunciou que suas novas demos estariam disponíveis “em todos os lugares, menos no Spotify”, completando com um direto “f* Spotify”.

Pouco depois, a banda explicou que a decisão foi motivada pelo fato de Ek ser fundador e investidor da Prima Materia, fundo que aplicou milhões de euros na Helsing — empresa alemã especializada em desenvolver inteligência artificial para uso militar, incluindo drones autônomos.

O grupo australiano, que gerencia seus próprios selos e, portanto, tem mais autonomia sobre onde disponibilizar seu catálogo, já iniciou a retirada de quase toda a discografia da plataforma. O único projeto que segue por lá, o EP Satanic Slumber Party (2022), depende de acordos com outro selo e também pode sair em breve.

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Eles não estão sozinhos. Deerhoof e Xiu Xiu anunciaram movimentos semelhantes, citando a mesma motivação. O Deerhoof foi direto ao ponto: “Não queremos nossa música matando pessoas.” Já o Xiu Xiu descreveu o Spotify como “portal de armagedom” e incentivou os fãs a cancelarem suas assinaturas.

Esses protestos acontecem em meio a outras polêmicas recentes envolvendo a plataforma, como a presença de bandas geradas por inteligência artificial, casos de pagamentos desproporcionais que beneficiariam apenas uma pequena parcela de artistas e grandes gravadoras, e questionamentos sobre a influência do algoritmo no que o público consome.

Enquanto Ek e o Spotify não se pronunciam diretamente sobre a debandada, artistas e selos independentes destacam que o problema vai além do retorno financeiro. Para eles, trata-se de decidir com quais valores e práticas querem ver seu trabalho associado. E se esse movimento aumentar, pode ser que o seu artista favorito também tire seu catálogo da plataforma.

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