Em THAT’S SHOWBIZ BABY!, JADE transforma vulnerabilidade em pop grandioso

“Queria que os ouvintes sentissem o processo de encontrar meu som e descobrir quem eu sou sozinha”, disse a cantora em entrevista à CAPRICHO

Por Arthur Ferreira 11 set 2025, 15h01
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espera acabou: nesta sexta-feira (12), JADE lança seu aguardado primeiro álbum solo, THAT’S SHOWBIZ BABY!, projeto que marca uma nova fase para a estrela do pop britânico. Depois de mais de um ano preparando o público com seis singles — incluindo Angel of My Dreams, Midnight Cowboy e Fantasy — a artista apresenta agora um disco de 14 faixas que mistura nostalgia, experimentação e confissões íntimas.

“Esperei por esse momento por muito tempo. Sempre foi um sonho meu ter meu próprio projeto solo. Estou ansiosa para mostrar a música na qual trabalhei tão duro.”, contou a cantora em entrevista exclusiva à CAPRICHO. “Eu amo muito o Brasil, é um dos meus lugares favoritos no mundo, e sei que os fãs estão ansiosíssimos por isso. Espero conseguir ir até aí fazer alguns shows.”

Um álbum caótico — de propósito

Musicalmente, Jade quis que o disco refletisse o momento que está vivendo, sem filtros ou fórmulas prontas. “Queria que os ouvintes sentissem que estavam acompanhando minha experimentação — o processo de encontrar meu som e descobrir quem eu sou sozinha”, explica.

Essa busca dá origem a uma tracklist em que cada faixa parece abrir uma porta diferente: a já conhecida Angel of My Dreams flerta com o hiperpop e um refrão digno de girlband; Unconditional bebe na disco music dos anos 1970, mas ganha guitarras agressivas; Glitch mergulha em um R&B futurista com ecos de Janet Jackson; enquanto Before You Break My Heart recupera a atmosfera Motown das Supremes, costurando passado e presente.

O resultado é um mosaico de influências que vão de Spice Girls e Cascada a Madonna e Gwen Stefani. “É um álbum um tanto caótico porque tem um pouco de tudo, e isso reflete exatamente o que aconteceu. Estive em sessões diferentes com produtores diferentes, testando coisas novas. Então, quis que o álbum mostrasse esse processo”, resume.

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Um pouco da Diana Ross, um pouco de Janet Jackson e um monte de JADE

A paixão de Jade por ícones pop atravessa todo o projeto e dá pistas importantes de como ela quis construir sua estreia solo. A faixa Before You Break My Heart talvez seja o exemplo mais emblemático disso. Ao revisitar um clássico das Supremes, grupo que lançou Diana Ross ao estrelato, Jade cria uma ponte entre sua infância e o presente.

O sample é, na verdade, eu mesma cantando Stop! In the Name of Love quando criança. Isso torna a faixa ainda mais pessoal para mim. Fala sobre não esquecer quem eu sou e de onde vim, e lembrar sempre de acessar minha criança interior

JADE sobre "Before You Break My Heart"

 

Mas Jade não se limita ao soul clássico. O álbum também pisca para a sensualidade e a inovação de Janet Jackson. Em Glitch, o R&B ganha uma roupagem futurista, recheado de sintetizadores e camadas vocais que evocam a ousadia da artista norte-americana nos anos 1990 e 2000.

Essa combinação de reverência e reinvenção fica ainda mais evidente em Lip Service, parceria com Tove Lo carregada de batidas eletrônicas. A colaboração é um dos momentos mais ousados do trabalho, explorando um lado provocativo de JADE, que não esconde a admiração pela compositora sueca: “Sou fã dela faz tempo. No One Dies From Love talvez seja uma das minhas músicas pop favoritas de todos os tempos.”

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“Na verdade, Lip Service acabou sendo uma das mais ‘inocentes’ que escrevemos juntas (risos). Você ainda consegue ouvir a voz dela em alguns backings da música, o que deixa tudo mais especial. Tenho enorme respeito por ela como artista. Foi uma experiência muito divertida.”, relembra JADE.

Vulnerabilidade em destaque

Se Angel of My Dreams trouxe uma estreia solo impactante com uma letra que expõe um pouco dos bastidores da indústria musical, nas inéditas JADE dobre a aposta e continua a abordar seu lado vulnerável de forma mais profunda. Unconditional, descrita como uma mistura entre Donna Summer e MGMT, é dedicada à sua mãe, que luta contra doenças autoimunes.

Uma das minhas coisas favoritas como compositora é pegar conceitos muito vulneráveis e pessoais e transformá-los em algo grandioso, dramático, teatral.

JADE em entrevista à CAPRICHO

 

Essa mesma dualidade aparece em Glitch, que mergulha em inseguranças e ansiedades. “É sobre meus demônios internos, minha ansiedade e essa batalha comigo mesma. Muitas vezes tenho dificuldade de explicar o que sinto, então escrever acaba sendo uma forma de terapia para mim”, confessa JADE.

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Nos desabafos sobre relacionamentos, a artista também não economiza. Em Natural at Disaster e Self Saboteur, ela encara dilemas de amores conturbados, usando a música como espelho. “Descobri que sou uma compositora melhor do que imaginava. Quando me coloquei fora da zona de conforto, acabei crescendo com isso”, afirma. “No grupo, tínhamos uma fórmula muito definida de como escrever e sobre o que seriam as músicas. Foi preciso um tempo para me desvincular disso e descobrir quem eu sou sozinha”, continua.

O fim da jornada

O fechamento do álbum chega com Silent Disco, uma das favoritas da mãe da cantora. Longe de ser apenas um epílogo, a faixa simboliza um ponto de cura. “Encerrar com essa música traz a sensação de ciclo completo. É a faixa em que realmente me sinto curada, em que percebo que showbiz não precisa ser um sacrifício total da felicidade. Silent Disco representa, finalmente, estar em paz”, diz JADE.

E se depender da própria cantroa, algumas músicas ainda podem ganhar vida em outros palcos. Para os fãs de RuPaul’s Drag Race, ela já escolheu qual seria a trilha perfeita para um lip sync: Angel of My Dreams. “Consigo imaginar perfeitamente como seria intenso e sem limites. Essa música se encaixa em qualquer contexto da indústria, e muitas das queens provavelmente se identificariam com toda a luta e turbulência de tentar vencer que eu canto nessa faixa”, brinca.

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O que vem por aí

O lançamento de THAT’S SHOWBIZ BABY! é só o primeiro passo. JADE já prepara uma turnê solo que começou com ingressos esgotados no Reino Unido e Irlanda, prometendo um espetáculo cheio de narrativas visuais. “Me considero uma artista muito visual e, como uma pop girl, sempre existe uma forma de criar um visual para cada música. Isso ajuda o público a entender melhor meu universo. De todos, diria que Headache é o meu favorito”, revela.

Com seu álbum de estreia, JADE dá o primeiro passo para construir sua própria narrativa no pop. Entre experimentações, vulnerabilidade e homenagens, o que fica é a certeza de que ela não tem medo de se reinventar e de fazer disso seu próprio espetáculo.

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