Em carta aberta, Pixar denuncia censura da Disney a personagens LGBTQIA+
Funcionários do estúdio afirmam que cenas de "afeto abertamente gay" foram cortadas de diversas produções
Em uma carta aberta, funcionários da Pixar denunciam censura da Disney a personagens LGBTQIA+ em produções do estúdio. A informação foi publicada com exclusividade nesta quinta-feira (10) pela revista Variety.
O documento é uma resposta para Bob Chapek, CEO da Disney, que se posicionou recentemente sobre doações feitas a políticos que apoiam o projeto de lei Don’t Say Gay, que visa proibir escolas da Flórida de abordar temas que envolvam orientação sexual e identidade de gênero. Chapek afirmou que o “maior impacto” que a empresa pode causar “na criação de um mundo mais inclusivo é através do conteúdo inspirador que produzem”.
Porém, os funcionários da Pixar afirmaram que a história não é bem assim. Segundo o pronunciamento publicado, na prática, executivos da Disney exigiram cortes de “quase todos os momentos de afeto abertamente gay”, mesmo quando os times criativos e executivos de liderança da Pixar insistiam para mantê-los.
Na carta aberta, a Pixar também critica a Disney por ter se aproveitado de produtos e coleções sobre diversidade, como a The Rainbow Mickey Collection apenas para lucrar. “Estamos escrevendo porque estamos desapontados, magoados, com medo e com raiva. Em relação ao envolvimento financeiro da Disney com os legisladores por trás do projeto de lei “Don’t Say Gay”, esperávamos que nossa empresa estivesse lá para nós. Mas isso não aconteceu.“
“Nós, da Pixar, testemunhamos pessoalmente belas histórias, repletas de personagens diversos, voltando das revisões corporativas da Disney reduzidas a migalhas do que eram antes. Quase todos os momentos de afeto abertamente gay são cortados por ordem da Disney, independentemente de quando há protestos dos times criativos e da liderança executiva da Pixar. Mesmo que criar conteúdo LGBTQIA+ fosse a resposta para consertar a legislação discriminatória no mundo, estamos sendo impedidos de criá-lo. Além do ‘conteúdo inspirador’ que nem temos permissão para criar, exigimos ação”, diz outro trecho da carta.
Os funcionários também pediram que a liderança da empresa retire todo apoio financeiro que foi oferecido para quem está por trás do Don’t Say Gay. “Ao longo da reunião de acionistas, a Disney não assumiu uma postura dura em apoio à comunidade LGBTQIA+, mas tentou conciliar ‘ambos os lados’ – e não condenou mensagens de ódio compartilhadas durante a parte de perguntas e respostas da reunião.”
Outras leis preconceituosas que correm em diferentes locais dos Estados Unidos foram destacadas na carta: “Se a Disney for verdadeira em seus valores, tomará uma posição pública decisiva contra a legislação discriminatória que ocorre na Flórida e oferecerá apoio tangível às comunidades LGBTQIA+ afetadas pela legislação preconceituosa que varre o país. […] Muitos grupos de ódio estão tentando nos erradicar por meio de legislação – precisamos que você fique conosco inteiramente, não em palavras vazias.“