Drag Race UK segue tendo problemas com participantes negras e asiáticas

Após sete temporadas, repetição de narrativas e julgamentos questionáveis reacendem debate sobre diversidade na franquia

Por Arthur Ferreira Atualizado em 23 out 2025, 21h38 - Publicado em 16 out 2025, 09h00
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ete temporadas depois, a conversa continua a mesma. O Drag Race UK, versão britânica do reality de competição criado por RuPaul, segue sendo uma das franquias internacionais mais celebradas pelos fãs, mas também vem chamando atenção por uma repetição incômoda: a forma como queens negras e asiáticas são tratadas dentro da competição.

Desde a estreia, o padrão se repete. Normalmente há uma ou duas queens negras por temporada, e quase todas acabam seguindo um roteiro semelhante: destaque inicial, idas recorrentes ao bottom, vitórias em desafios de performance, especialmente nos girl groups, e eliminações nas fases finais.

Na primeira temporada, Vinegar Strokes foi a única participante negra e a terceira eliminada. Já no segundo ano, Tayce, Asttina Mandella e Tia Kofi compuseram o elenco. Asttina venceu o episódio de estreia, mas deixou a competição no terceiro episódio. Tia se manteve no meio da temporada e dublou três vezes antes de sair. Tayce, por sua vez, virou um dos maiores nomes da edição. Ela chegou à final após quatro lip syncs, eliminando três concorrentes, protagonizando um double shantay e se consagrando como uma das maiores lip-sync assassins.

Na sequência, o ciclo se repetiu. A terceira temporada teve Vanity Milan como única queen negra. Assim como Tayce, ela venceu o desafio de girl group, dublou quatro vezes e chegou ao Top 4 antes de ser eliminada pela vencedora Krystal Versace.

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O quarto ano nos apresentou Baby e Black Peppa. Baby conquistou uma vitória em design, mas deixou o programa por vontade própria após duas idas ao bottom. Já Peppa começou forte, vencendo o primeiro episódio, mas acabou repetindo o padrão: quatro dublagens e eliminação na final.

Nas temporadas seguintes, o roteiro se manteve. Cara Melle e Miss Naomi Carter na quinta edição; Kiki Snatch e Rileasa Slaves na sexta. Rileasa, inclusive, quebrou recordes: foi a primeira queen negra da história do Drag Race UK a conquistar três colocações no Top no começo da temporada e a vencer um desafio solo de girl group. Depois do 5º episódio a trajetória de vencedora foi ladeira abaixo. Após três aparições no bottom, chegou na final com o histórico muito abaixo comparado ao de suas concorrentes.

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Agora, na sétima temporada, Nyongbella e Tayris Mongardi representam a presença negra no elenco. Com apenas dois episódios exibidos, o padrão já parece se repetir: Nyongbella recebeu elogios por sua performance no desafio de girl group, mas foi parar no bottom por conta do figurino e eliminou uma concorrente. Nas redes sociais, fãs expressaram surpresa com o resultado.

“Quando chamaram Nyongbella e Chai T Grande no palco, achei que era porque estavam no Top. O que tá acontecendo com essa avaliação?”, escreveu um usuário no X (antigo Twitter).

O caso não se limita às queens negras. As participantes asiáticas também enfrentam trajetórias semelhantes. Sum Ting Wong, da primeira temporada, foi a quarta eliminada. River Medway, uma das favoritas do público no terceiro ano, deixou a competição em um double shantay considerado injusto.

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Le Fil, da quarta temporada, venceu o desafio de grupo, mas foi eliminada cedo, mesmo com boa recepção do público. E na sexta temporada, Saki Yew precisou deixar o programa por motivos de saúde, enquanto Zahirah Zapanta saiu no terceiro episódio.

Entre fãs e fóruns, o debate se intensifica a cada nova edição. Um comentário popular do Reddit durante a quarta temporada resume o sentimento geral: “São quatro temporadas sem uma queen negra chegando à final com mais de uma vitória. Elas sempre acabam no bottom quatro vezes, mesmo quando entregam tudo. É frustrante ver o mesmo padrão repetido temporada após temporada.”

Com a nova temporada ainda em andamento, as perguntas segue ecoando entre o público: o Drag Race UK vai finalmente quebrar o ciclo ou veremos mais uma vez uma história já conhecida se desenrolar? Só há espaços para vencedoras brancas?

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