Daniela Cicarelli quer se livrar dos rótulos
Se existe alguém que foi já rotulada na vida, esta pessoa é Daniella Cicarelli. Quer ver? "Poste", quando era adolescente (rótulo de toda modelo), "bocarelli", por causa do bocão. Ainda lá na infância, em Belo Horizonte, Daniella era "a" filha dos pais separados, bizarrice em pessoa, porque todo mundo na classe tinha pais bem casados.
Também teve rótulo bom (“miss simpatia”, em sua estréia na MTV) e muito, muito cruel (“barraqueira”, na carona do casamento com Ronaldo). E então, rótulos incomodam? “Claro que incomodam, mas o importante é manter os pés firmes no que a gente acredita. A verdade sempre prevalece”, diz ela.
1. Você já recebeu todo tipo de rótulo. Se pudesse escolher, qual o rótulo que escolheria pra você mesma?
Raçuda. Sou uma pessoa com garra. Lembro de quando eu decidi correr uma maratona, que são 42 quilômetros… O máximo que fazia na época eram 26 e eu ficava morta. Virei pro meu treinador e perguntei: “Você acha que eu vou conseguir?”. E ele respondeu: “Eu acho. Porque você aprendeu a sofrer”.
2. Que rótulo você já ouviu?
Olha só o que aconteceu comigo um dia: eu fui a um restaurante com o meu pai. Era um lugar que eu vou sempre mas, nesse dia, percebi que tinha um pessoal de uma mesa olhando pra gente de um jeito estranho. Daí eu ouvi duas mulheres ao lado: “Olha que coisa ridícula. A Cicarelli já arrumou um coroa. Deve ser rico”. Era o meu pai! Passei do lado delas, virei para o meu pai e disse bem alto: “Ai, amor… Vamos ali comprar um carrinho pra mim, senão não vai ter beijinho hoje…”. Meu pai ficou me mandando parar, mas eu me diverti.
3. É bom ter o rótulo de linda?
Essa história do corpo é engraçada. Eu já fui o poste da escola, branquela, desengonçada, magrela. Eu olhava as meninas mais baixas, mais encorpadas, e ficava pensando: “Ai… porque eu não sou assim? Hoje, sei que a beleza é um falso poder. A gente não pode achar que a beleza já é o jogo ganho. Eu lembro que quando eu larguei a faculdade e vim pra São Paulo ser modelo, minha avó virou pra mim e falou: “Eu queria tanto que você não fosse bonita!”. E eu não entendi o porquê, ser modelo era o meu sonho. Ela disse: “Ah, você estudaria, se formaria, casaria, teria seus filhos, ficaria aqui, teria uma vida mais pacata”. Isso tem um fundo de verdade. Eu prefiro mil vezes uma pessoa inteligente do que uma pessoa linda.
4. Dá para rir de qualquer rótulo?
Eu procuro manter o bom humor. Mas é óbvio que nem sempre dá, né? Quando a gente está de TPM, dá vontade de chorar. Agora, não ter rótulo nenhum também, passar meio despercebida, deve ser chato. Tem de haver um meio termo. Eu acho que quando você ganha um rótulo, seja ele bom ou não tão bom, de uma certa maneira, isso indica que você é uma pessoa que desperta algum tipo de curiosidade. Isso é bacana.
5. E os rótulos do fim do casamento?
Aprendi a brincar com isso. Hoje, no meu programa Beija Sapo, em que muitas vezes um participante dispensa o outro, se recusa a beijar o outro, coisas assim, eu sempre digo: “Gente, pé na bunda é uma coisa que todo mundo leva algum dia. Podem ficar tranqüilos porque um dia o seu chega. Só eu que posso respirar aliviada porque o meu já chegou, então, agora, eu sou mais eu!”.
6. Virar “a namorada do Ronaldo” incomodou?
Olha… o rótulo da namorada de qualquer um é chato, né? Imagina? Amanhã eu começo a namorar alguém, sei lá, o Pedro. E ele vira “o namorado da Cicarelli”. Não! Ele é o Pedro. Eu prefiro ficar mais em baixa, mas como apresentadora, modelo, do que estar lá em cima porque eu sou a namorada de fulano. Prefiro o meu patamar, com as minhas coisas, do que alçar um vôo em que o combustível não é meu.
7. E o pior de todos, o rótulo de barraqueira…
Quem acha que eu sou isso é porque não me conhece. Eu tenho personalidade. A pior coisa para mim é me sentir incomodada e ficar quieta. Na época do meu casamento com o Ronaldo, tudo foi maximizado, inventado até. Claro que não quebrei a casa dele. Por que eu ia ter um surto de loucura e depois voltar ao normal? A pessoa que tem esse tipo de comportamento está sempre mostrando. A Paris Hilton, por exemplo, está sempre metida em confusão. Falaram que eu quebrei casa, computador, carro. Eu lia isso e pensava: “Gente, virei um furacão. Vou mudar meu nome pra Katrina!”.