Daniel de Oliveira: “Eu sou católico e tenho fé”
Daniel de Oliveira parece mesmo ter encarnado Frei Betto em "Batismo de Sangue". O ator contou para o site da CAPRICHO como foi levar para o cinema o personagem histórico brasileiro.
Como foi interpretar um frade?
Além de religioso, o Frei Betto é um intelectual de extrema importância para o nosso país. Por isso, interpretá-lo era uma responsabilidade grande. Por ele ser tanto um homem de muita fé, quanto um revolucionário ativo, eu procurei fazê-lo discreto, quase invisível. Caso contrário, acabaria sendo descoberto e pego rápido.
Você chegou a freqüentar um convento antes das gravações?
Nós fomos a um convento em Belo Horizonte. Almoçamos com eles, passamos uma tarde rezando. Foi bacana.
E qual é a sua relação com a religião?
Eu sou católico e tenho fé total. Não na religião em si, mas na espiritualidade.
Você gostou de voltar ao passado?
É gostoso viver uma época que você não viveu. A história era triste e pesada, mas foi divertido fazer porque estávamos todos unidos. Eu estava em Belo Horizonte, minha terra, com os meus amigos. Então eu estava me sentindo em casa e protegido para fazer um filme como esse.
É possível se envolver a ponto de parecer que o filme é real?
É sim. Em Batismo de Sangue a história era muito forte. Tudo bem que tem uma câmera na nossa frente, luz, um monte de gente ao redor, mas nós estávamos vivendo coisas. Não era sangue, era maquiagem, mas nós estávamos fazendo aquilo ser verdadeiro. Estávamos acreditando naquilo.
Fazer Batismo de Sangue ajudou seu trabalho em Zuzu Angel (filme também com a temática da Ditadura Militar, lançado no ano passado)?
Batismo me ajudou demais a fazer Zuzu. Porque eu estava no contexto e foi um depois do outro. Então foi ótimo.
Você acha essa temática da Ditadura importante para a juventude brasileira?
Eu acho demais! Se nós jovens não olharmos o passado recente com mais atenção, e não desviarmos um pouco a luz para esse passado obscuro e quase não dito, a gente está perdido. É como fechar a tampa do nosso próprio caixão. A gente tem ficar ligado no que aconteceu para, no futuro, não haver mais isso.