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Com SZA e elenco da TDE, Kendrick Lamar faz história em NY

Rapper estreou no Madison Square Garden com a The Championship Tour, promovida pela Top Dawg Entertainment 

Por Bruno Dias 30 Maio 2018, 15h41

A noite de terça-feira (29/5) entrou pra história da música por marcar a data em que Kendrick Lamar fez sua estreia no lendário ginásio Madison Square Garden, em Nova York. E ele não estava sozinho! O primeiro show do rapper foi mais uma etapa da The Championship Tour, que tinha, além de Kendrick, a cantora SZA (outra estreante no Garden) como headliner.

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Kendrick Lamar tocou no Madison Square Garden, em NY, pela primeira vez nesta terça-feira (29) Scream & Yell/Reprodução

A turnê, que começou no dia 4 de abril em Vancouver, no Canadá, é promovida pela Top Dawg Entertainment (TDE), produtora e gravadora independente californiana comandada pelo CEO Anthony “Top Dawg” Tiffith

Eles simplesmente saem pra viajar com todos seus artistas – ScHoolboy QJay Rock e Ab-Soul também estão na lista de destaques -, que são apresentados como se fossem estrelas de diferentes esportes (beisebol, basquete, tênis, boxe), com direito a cards de colecionador com suas habilidades e curiosidades. Todos se alternam no palco por ordem de relevância, estratégia que é ótima para nomes menos badalados da TDE como SiR, Isaiah Rashad e Zacari (único da lista que não teve um ato solo).

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ScHoolboy Q na The Championship Tour no Madison Square Garden, em NY Scream & Yell/Reprodução

Dos nomes citados, apenas ScHoolboy Q teve espaço para mais de quatro músicas, antecedendo os dois headliners da noite, SZA e Kendrick Lamar. Ele e Jay Rock levantaram o público com hits como Man of The Year e King’s Dead (trilha de Pantera Negra), respectivamente. Jay também mostrou em primeira mão o clipe de Win, single de seu novo álbum, Redemption, que será lançado no dia 15 de junho.

Com pouco (ou quase nenhum) intervalo entre as apresentações, a The Championship Tour funciona por não deixar o público respirar, sempre mantendo o nível alto.

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SZA

Semana passada, Anthony “Top Dawg” Tiffith divulgou um comunicado afastando SZA da turnê por tempo indeterminado. A cantora estava com uma inflamação nas cordas vocais e não estava confirmada para o show de Nova York. Bastou sua presença ser anunciada entre os shows para que o Garden viesse abaixo.

Além de ser palco para os nomes mais importantes da música, o Madison Square Garden também abrigou eventos esportivos históricos desde sua fundação, em 1879, quando era apenas uma arena de hóquei. Ampliado em 1968, o local foi palco do que até hoje é chamado de “Luta do Século”, embate entre os dois maiores pugilistas da história do boxe, Muhammad Ali e Joe Frazier, no dia 8 de março de 1971, evento eternizado nas paredes do ginásio. 

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Após ter cancelado uma série de shows por problemas nas cordas vocais, SZA apareceu de surpresa na The Championship Tour em NY Scream & Yell/Reprodução

E foi justamente num ringue de boxe que surgiu Solána Imani Rowe. Vestida como uma boxeadora, usando um calção preto e branco com seu nome estampado, SZA teve que lutar contra o inchaço em suas cordas vocais para entregar mais um show baseado em seu elogiado álbum Ctrl (2017). 

Se ainda estava com problemas na voz, isso não foi sentido pra quem estava no público. A cantora de 27 anos entregou uma performance poderosa e executou canções como Supermodel, Broken Clocks e Drew Barrymore (com projeções de imagens de diferentes fases de carreira da atriz que dá nome a música). 

“Vocês sabem que perdi minha voz, mas Deus me ajudou a estar aqui em casa com vocês”, falou SZA que, apesar de ter nascido em Saint Louis (Missouri), cresceu em Maplewood, New Jersey.

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SZA entrou pronta pro ringue no show do Madison Square Garden em NY Scream & Yell/Reprodução

Entre as músicas, ela sempre dava um jeito de reforçar o discurso empoderador de suas letras, dando conselhos para as muitas garotas da plateia, principalmente relacionados a relacionamentos, pra elas nunca fazerem coisas que não querem só para agradar os boys. A cada fala dessas o Garden recebia um enorme coro feminino bastante entusiasmado. 

Love Galore, grande hit de SZA, veio sem Travis Scott (bem que ele podia ter aparecido!), que praticamente foi substituído pela galera, que cantou muito nessa hora. 

“Que dia é hoje? Terça-feira? Não importa, agora é fim de semana”, declarou a cantora antes de fechar o show com The Weekend, voltando novamente a falar sobre o problema em suas cordas vocais.

Apesar de não ter prejudicado sua performance, a inflamação de SZA parece ser mais grave do que parece. Pelo menos foi o que ela deixou transparecer horas depois do show, quando publicou uma série de tweets em que dizia: “Minha voz está permanentemente danificada. Ótimo! Essa noite foi o teste. E atesta isso. Apenas quero ficar sozinha, minhas prioridades estão ferradas. Elas foram ferradas. Preciso de um espaço, adeus”.

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Esperamos que tenha sido apenas uma frustração no calor do momento, afinal, SZA apagou as postagens logo após públicá-las.

Kendrick Lamar

A turnê pode até se chamar “campeonato” e, se de fato fosse uma competição, Kendrick Lamar seria o líder, com certeza. Mas está longe de ser uma disputa. Ela enaltece os artistas da TDE, com seus feitos e números estampados ao redor do palco.

Exaltação que tem em Kendrick Lamar Duckworth, de 30 anos, seu ápice, principalmente após álbuns como To Pimp a Butterfly (2015) e, principalmente, Damn. (2017), primeiro disco de rap da história a ganhar um Pulitzer.

Feito que foi estampado nas camisetas da turnê e no telão durante DNA. (“Pulitzer Kenny”), canção que abriu o show, mas mais parecia um safanão na cabeça, pra te colocar no clima. Aliás, temperatura que só foi esquentando ao longo da 1h30 que se seguiu.   

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É quase chover no molhado dizer que Kendrick, atualmente, é a grande voz dos negros nos Estados Unidos. Você pode até falar, “mas e o Donald Glover (Childish Gambino) e This Is America?”. Também, mas até Glover estava lá para reverenciar Kenny. Aliás, quando foi reconhecido na área VIP, o intérprete de Lando Calrissian causou um certo rebuliço no público da pista normal. 

O show é tão intenso que fica quase impossível escolher um melhor momento. Destaque para a banda formada pela TDE, que não só acompanhou Kendrick, como foi a cozinha pra ScHoolboy Q e SZA, posicionada estrategicamente nas laterais do palco.

No setlist estavam canções da trilha de Pantera Negra, produzida pela TDE, como Big Shot (de novo, só faltou o Travis Scott), King’s Dead (com participação de Jay Rock) e X (com ScHoolboy Q); e hits antigos como Backseat Freestyle, Bitch, Don’t Kill My Vibe e m.A.A.d city, esta última com o maior mar de braços indo pra cima e pra baixo da história do Madison Square Garden. 

“Eu falei que esta é nossa primeira vez no Madison Square Garden. Estamos fazendo história nesta noite”, falou Kendrick após pedir para o público iluminar o ginásio com seus celulares, preparando o clima para LOVE., ao lado de Zacari. “Quero continuar fazendo música que é verdadeira pra gente e pra todo mundo.”

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Kendrick Lamar encerrou o show no Madison Square Garden com todos os parças no palco Scream & Yell/Reprodução

HUMBLE., maior hit de Damn., foi dividida em duas partes. Na primeira, com o público cantando a letra inteira enquanto Kenny só observava, regendo a massa, como um maestro. A segunda, com o rapper cantando e dando pequenos espaços pra galera, que delirou quando todos os “little homies” e SZA subiram ao palco pra celebrar a representatividade, e a Vitória unânime de Kendrick. 

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