BTS sofre racismo e fãs protestam a favor do grupo nas redes sociais
Radialista alemão comparou grupo ao vírus da COVID-19 e criticou performance
Após ganhar sua própria edição do programa MTV Acústico no último dia 23 de fevereiro, o grupo de K-pop BTS recebeu críticas do radialista alemão Matthias Matuschik, da rádio Bayern3, focada em música pop.
O apresentador fez comentários negativos sobre o cover de Fix You, música do Coldplay, realizado pelo BTS na MTV. De acordo com o radialista, o grupo seria ruim como o vírus da COVID-19 e gostaria de ser vacinado contra eles o quanto antes. Em trecho compartilhado nas redes sociais, ele diz: “Nada contra a Coreia do Sul. Você não pode me acusar de xenofobia somente porque eles são de lá. Eu tenho até um carro da Coreia do Sul.”
Depois do incidente, as hashtags #Bayern3Racist, #RassismusBeiBayern3 e #RacismIsNotAnOpinion ocuparam os assuntos mais comentados do Twitter graças ao fandom ARMY. Exigindo um pedido de desculpas ao grupo por parte da rádio alemã, os fãs compartilharam informações e se organizaram para sinalizar a agência sul-coreana Big Hit, responsável pelo BTS. A Bayern3 logo emitiu um comunicado alegando que as declarações feitas pelo seu radialista não devem ser consideradas como ato de racismo ou xenofobia, mas sim, opiniões pessoais do autor. “Esta é sua opinião pessoal, independente da origem e do background cultural da banda”, explicou. “Voltaremos a trabalhar no assunto em detalhes com Matthias e a equipe nos próximos dias”, concluiu.
Algumas gravadoras também se pronunciaram sobre o ocorrido. “A Columbia Records apoia a comunidade asiática e condena todas as formas de racismo e xenofobia. Devemos trabalhar juntos para lutar pela justiça racial.”, escreveu a empresa em seu perfil.
— Columbia Records (@ColumbiaRecords) February 26, 2021
Já a Sony condenou as ações indesculpáveis motivadas pelo ódio contra asiáticos e escreveu que irá promover ações legais contra esse tipo de injustiça.
Sony Music Group condemns the recent inexcusable & hate-motivated actions against the Asian American & Pacific Islander community. Our Social Justice task forces stand in solidarity w/ those affected & will keep working w/ our partners to promote action against these injustices. pic.twitter.com/7GteEc6Eqe
— Sony Music (@sonymusic) February 25, 2021
Ao contrário da atitude de Matthias Matuschik, os integrantes do BTS utilizam sua influência e projeção internacional para lutar por direitos de igualdade e respeito. No ano passado, por exemplo, o septeto declarou seu apoio ao movimento Black Lives Matter: “Somos contra a discriminação racial. Condenamos a violência. Você, eu e todos nós temos o direito de ser respeitados. Estaremos juntos”, disse.
우리는 인종차별에 반대합니다.
우리는 폭력에 반대합니다.
나, 당신, 우리 모두는 존중받을 권리가 있습니다. 함께 하겠습니다.We stand against racial discrimination.
We condemn violence.
You, I and we all have the right to be respected. We will stand together.#BlackLivesMatter— 방탄소년단 (@BTS_twt) June 4, 2020
Desde o começo da pandemia, a comunidade asiática vem sofrendo discriminação e racismo por uma equivocada associação ao coronavírus. “Vírus chinês” é um termo que, infelizmente, continua sendo utilizado com frequência na internet e ganhou destaque após os comentários do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e também do deputado federal, Eduardo Bolsonaro, filho do presidente do Brasil. Essa racialização do vírus tem reforçado o preconceito e a violência contra asiáticos no mundo todo.
Nas últimas semanas, a campanha Stop Hate Asian também chamou atenção nos Estados Unidos. Com apoio de celebridades e de grandes marcas, a ideia do projeto é combater o aumento significativo e preocupante de crimes de ódio anti-asiáticos nos últimos anos — e que foram intensificados na quarentena.
É preciso se conscientizar e entender que racismo não é opinião.