Benson Boone está fazendo queerbaiting? Entenda o debate sobre o cantor
Novo álbum, clipe performático e acusações de queerbaiting colocam o cantor no centro de um debate sobre identidade e marketing

epois de estourar mundialmente com Beautiful Things e marcar presença em grandes palcos como Grammy, Coachella e Lollapalooza Brasil, Benson Boone acaba de lançar American Heart, seu novo álbum. Mas entre piruetas ao vivo, performances cheias de brilho e uma crescente legião de fãs, o que realmente movimentou as redes sociais foi o videoclipe de Mr. Electric Blue e as acusações de queerbaiting que vieram junto.
No vídeo, Boone interpreta uma versão caricata de si mesmo, vestindo roupas justíssimas e lavando carros sem camisa de forma, digamos, pouco sutil. Tudo isso em uma estética propositalmente exagerada, quase como se fosse uma paródia dos estereótipos sexuais masculinos presentes na cultura pop.
Apesar da letra da música não tratar diretamente de temas queer, o videoclipe se apoia em códigos visuais e humorísticos que dialogam com o camp e a cultura LGBTQ+. Há inclusive cenas em que Boone usa camisetas com frases como “Inauthentic” e “100% Artificial”, em uma brincadeira com a própria imagem e com as críticas que circulam nas redes.
Não é de hoje que as acusações de queerbaiting cercam o cantor. Em outubro de 2024, Benson postou uma foto sem camisa, deitado na cama com uma máscara de dormir ao lado de um amigo. Na época, um dos posts mais virais ironizava: “Meu momento favorito é quando homens héteros percebem que a fama está caindo e decidem seduzir os gays”.
Mas o que é queerbaiting, afinal? O termo surgiu em fóruns de fãs, como o Tumblr nos anos 2010, e descrevia inicialmente a estratégia de roteiristas e produtores de TV de sugerir romances entre personagens do mesmo gênero (sem nunca concretizá-los) para atrair o público LGBTQ+. Com o tempo, o uso se expandiu e passou a ser aplicado a artistas que usam símbolos, gestos ou visuais associados à cultura queer sem se posicionar abertamente sobre sua sexualidade.
Hoje, o conceito é muito mais nebuloso. Há quem use o termo para criticar celebridades que, apesar de não se assumirem LGBTQ+, flertam com códigos queer para atrair atenção, engajamento ou consumo. E é aí que o caso de Benson Boone se complica.
Boone nunca falou publicamente sobre sua orientação sexual, mas, ao contrário de outras figuras que também enfrentaram acusações de queerbaiting, o cantor mantém um relacionamento assumido com uma mulher. Desde 2024, ele é visto ao lado da atriz e influenciadora Maggie Thurmon, de 22 anos.
Apesar de nunca terem anunciado formalmente o início do namoro, o casal apareceu junto pela primeira vez em março de 2024, no evento beneficente da Elton John AIDS Foundation durante o Oscar. Pouco depois, Maggie publicou nas redes um vídeo de mãos dadas com Benson, seguido de comentários carinhosos trocados entre os dois. Em junho, eles oficializaram o namoro no Instagram, e desde então têm sido vistos em aparições públicas. Para alguns fãs, o fato de Boone ser hétero ou, ao menos, se relacionar publicamente com uma mulher, não isenta o uso de códigos queer, especialmente quando isso acontece sem uma posição clara.
@bensonboone Yes im sunburnt sue me
A discussão remete a casos semelhantes, como os de Harry Styles e Bad Bunny, que também foram acusados de queerbaiting por explorarem estéticas queer em seus visuais e performances. Em 2022, o ator Kit Connor, de Heartstopper, chegou a sair do Twitter após sofrer pressão para “provar” sua sexualidade.
A crítica que surge nesse tipo de cobrança é clara: exigir que uma pessoa famosa rotule sua identidade pública pode ser invasivo. A linha entre representar e explorar, entre existir e performar, é tênue. E nem sempre dá para saber se um gesto é homenagem, sátira ou estratégia.
Com Mr. Electric Blue, Boone parece querer brincar com a própria imagem e com as críticas que tem recebido. Mas o uso de códigos visuais queer levanta o debate sobre até que ponto isso é apenas provocação ou uma tentativa de lucrar com uma estética que tem forte apelo comercial.
No fim das contas, a discussão sobre Benson Boone não é só sobre um clipe chamativo. É sobre como artistas performam identidade na era digital, sobre como o público LGBTQ+ reage a essas construções e, principalmente, sobre os limites entre liberdade criativa e responsabilidade.
+Quer receber as principais notícias da CAPRICHO direto no celular? Faça parte do nosso canal no Whatsapp, clique aqui.