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Barbie aposta no humor e na ironia pura enquanto critica o ‘mundo real’

CAPRICHO foi assistir ao longa de Greta Gerwig com exclusividade e comprova: ele entrega tudo mesmo.

Por Anny Caroline Guerrera Atualizado em 29 out 2024, 18h31 - Publicado em 18 jul 2023, 22h15

“Desde o início dos tempos, desde a primeira garota no mundo, sempre existiram… bonecas”, disse a atriz Helen Mirren ao narrar a primeiríssima prévia de Barbie, o filme mais aguardado de 2023. Com estreia prevista para a próxima quinta-feira (20), a fala de Mirren é o início de um roteiro repleto de ironias presentes em todo o longa – que também zomba do ‘mundo real’. Nós da CAPRICHO fomos assistir à exibição exclusiva para a imprensa do filme e comprovamos: ele entrega tudo o que prometeu.

O ponto de partida para o enredo divertido e inteligente escrito por Greta Gerwig e Noah Baumbach parte justamente desse primeiro teaser: nele, meninas encontram a primeira versão da boneca em uma cena que traz o clássico 2001 – Uma Odisseia no Espaço como referência. Elas destroem seus brinquedos antigos já que a nova boneca seria uma espécie de “representação de que poderiam ser tudo o que quisessem”.

Desde que foi anunciada, a produção dirigida por Greta Gerwig e estrelada por Margot Robbie, ficou rodeada por uma atmosfera de grande expectativas e a ansiedade para ver o resultado nas telonas só aumentou, chegando a bater recordes de pré-estreia na bilheteria brasileira.

O roteiro mostra diferentes versões da Barbie imaginando terem resolvido todos os problemas da humanidade e levam uma “vida perfeita” na Barbielândia: elas acordam com o céu ensolarado, tomam banhos quentes e luxuosos, ocupam o mercado de trabalho com tranquilidade, enquanto os Kens só se sentem realizados ao serem notados por elas.

Até que a “Barbie estereotipada”, interpretada por Margot, começa a ter pensamentos sobre a morte e nota que não está mais na “ponta dos pés”, marca tradicional da boneca, que só usa salto alto; que suas comidas estão estragadas na geladeira, que não flutua mais ao deixar sua “dreamhouse” e que seu corpo traz marcas que eram, até então, desconhecidas por ela. Sim, a Barbie tem celulite no filme e faz uma crítica ácida e feminista à nossa realidade.

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Mundo real vs. Barbielândia

Barbie e Ken cantando no carro rosa com um arco-íris em um céu azul e a Barbieland de fundo
Barbie e Ken Warner Bros./Divulgação

Ao visitar a “Barbie estranha”, a personagem de Margot Robbie descobre que precisa partir em uma jornada ao “Mundo Real”, para que tudo volte ao que era, deixando para trás a lente perfeita e cor-de-rosa da Barbielândia.

Ao chegar na Califórnia ao lado de Ken, ela percebe que tudo está invertido e que o mundo que estava acostumada em sua rotina não é uma realidade. O patriarcado domina as relações e as mulheres estão constantemente lutando por algum espaço. Já o personagem de Ryan Gosling, que clamava pela atenção de Barbie, sente-se visto pela primeira vez ao adentrar um ambiente em que homens são privilegiados.

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Enquanto a protagonista encara revelações que a fazem questionar tudo o que acredita, o boneco tenta implementar as ideias que descobriu ao universo comandado pelas Barbies. E tudo acontece em sequências engraçadas que evidenciam tiradas perspicazes que arrancam gargalhadas do público, como as intervenções da narradora, Hellen Mirren, que interage com a audiência por meio de ótimos comentários no decorrer da história.

Os números musicais são outro destaque que fazem tudo se conectar e ressaltam o talento de Gerwig, que equilibra a comédia na narrativa, cumprindo seu papel de divertir e provocar reflexões sobre o que cada personagem quer para si. Afinal, além da crise existencial e autodescobertas da Barbie, os sentimentos de Ken também são aprofundados, mergulhando nas vulnerabilidades e dúvidas do personagem através de sátiras como a balada Apenas Ken.

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Indo além, Greta aborda o fato de que as mulheres sempre precisam ser extraordinárias para serem notadas e não deixa de mostrar os impactos positivos e negativos da Barbie, alfinetando escolhas da Mattel enquanto brinca com o imaginário do público sobre a boneca.

Barbie… feminista?

Hoje a boneca é conhecida por suas várias profissões e por disseminar a ideia de “você pode ser o que quiser”, mas no passado, brinquedos direcionados ao público feminino apenas colocavam meninas apenas como mães e donas de casa – expressando uma ideia super equivocada sobre o que é ser mulher. E não dá para ignorar que a imagem da boneca trouxe padrões de beleza irreais e inalcançáveis que contribuíram bastante para pressão estética.

Esse foi, inclusive, um dos motivos para Gloria, vivida por America Ferrera, querer uma versão que fosse mais parecida consigo mesma. Além disso, é um dos fatores destacados por Sasha, sua filha “anti-Barbie”, interpretada por Ariana Greenblatt.

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Em um desabafo, a personagem de Ferrera entrega um monólogo que pondera como o mundo não é nada perfeito e traz um momento de percepções importantes para própria Barbie interpretada por Margot. Isso a leva considerar seu verdadeiro propósito e adiciona ainda mais em sua jornada de conhecimento pessoal, que busca encontrar perspectivas até mesmo em ambientes que não sejam tão coloridos como o mundo em que vive.

Barbie comprova que a atenção e cuidado de Gerwig para representar as diferentes nuances de uma figura controversa como a da boneca – passeando entre a nostalgia e a evolução através de momentos hilários e emocionantes – faz com que seu trabalho seja, de fato, fantástico.

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