Assédio sexual: de novo, Gentili faz piada sobre o que não é engraçado
Violência contra mulher é um assunto grave que merece atenção! Saiba como denunciar.
A tarde de sexta-feira (05/12) foi marcada por uma reportagem da Revista Piauí que chocou muita gente nas redes sociais por relatar denúncias de assédio, tanto moral, quanto sexual, que funcionárias da Rede Globo teriam sofrido por Marcius Melhem. De acordo com a matéria, uma das supostas vítimas do ex-parceiro de cena de Leandro Hassum teria sido Dani Calabresa. Enquanto a internet se comove com o assunto e relembra a importância da denúncia, Danilo Gentili parece não cansar de fazer piadas sem graça.
Com uma série de tuítes cheios de trocadilhos com a situação, que não tem nada de engraçada, o apresentador deixou a galera revoltada pela falta de sensibilidade para tratar do assunto. “O mais irônico é que ele usava um muro para encurralar as minas”, escreveu em uma das publicações. “Eu sempre achei que o Marcius Malhem forçava. Mas eu achava que era só no humor”, disse fazendo referência ao episódio que o acusado tentou beijar Dani a força durante uma festa do Zorra Total e encostou seu pênis na atriz.
O mais irônico é que ele usava um muro pra encurralar as minas. pic.twitter.com/Yz0Y1YabIo
— Danilo Gentili (@DaniloGentili) December 4, 2020
Eu sempre achei que o @omarciusmelhem forçava. Mas eu achava que era só no humor.
— Danilo Gentili (@DaniloGentili) December 4, 2020
Em seu Instagram, Dani Calabresa explicou que nunca quis ser vista como uma mulher assediada. “Para recuperar minha saúde precisei me defender. Nunca procurei a Imprensa. Tomei as medidas cabíveis pra conseguir ajuda. Tudo é muito difícil, da medo, vergonha, mas temos que lutar por respeito e justiça. Não passarão. Assédio é crime!“.
Como denunciar?
Se você estiver sofrendo ou tenha sofrido qualquer situação de vulnerabilidade, saiba que você não está sozinha. A vítima nunca é culpada! Procure pessoas de confiança para pedir ajuda e caso se sinta confortável para isso, denuncie! No Brasil, o feminicídio mata oito mulheres por dia. Denunciar é preciso, mas sua segurança deve vir em primeiro lugar sempre. Veja como denunciar:
Disque 100
O canal de denúncia da Mulher, Família e dos Direitos Humanos é um serviço de proteção a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. Ele funciona diariamente, das 8h às 22h, e qualquer pessoa pode prestar uma queixa, seja menor ou maior de idade. O serviço também recebe denúncias que envolvem violação de direitos de grupos considerados vulneráveis, como minorias e a comunidade LGBTQ+. Aos fazer a ligação, você relata o caso e eles registram sua denúncia. Ela é encaminhada para o órgão responsável e depois há um monitoramento do Disque 100, que entra em contato você para dizer os próximos passos. A chamada é gratuita.
Disque 180
A Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência também é um canal anônimo de denúncias. Diferente do Disque 100, ele é estritamente reservado para casos de abuso e agressão contra mulheres. A denúncia pode ser feita 24h, por qualquer pessoa, de qualquer lugar do Brasil e de outros 16 países (Argentina, Bélgica, Espanha, EUA (São Francisco), França, Guiana Francesa, Holanda, Inglaterra, Itália, Luxemburgo, Noruega, Paraguai, Portugal, Suíça, Uruguai e Venezuela). O registro também é feito e enviado para a Segurança Pública. Uma cópia também vai para o Ministério Público. Se você for do sexo feminino e estiver vivendo em situação de vulnerabilidade ou enfrentando violência doméstica, esse é o primeiro canal ao qual você deve recorrer.
Proteja Brasil
Se preferir fazer uma denúncia online, o UNICEF tem o aplicativo Proteja Brasil. Ele é gratuito e está disponível para Android e iOS. Além de encaminhar a denúncia, o App mapeia os registros, sempre preservando o anonimato da vítima, traçando um mapa de violência contra a mulher. Ele também disponibiliza o endereço dos órgãos de proteção mais próximos da pessoa caso ela queira registrar uma denúncia na delegacia. Se você não for a vítima mas quiser registrar um caso, pode usar o aplicativo e também entrar em contato com os Disques 100 e 180.
Delegacia mais próxima
A lei diz que a vítima tem até seis meses para registrar um boletim de ocorrência, mas não significa que você não possa registrar um caso ocorrido há mais tempo. O aconselhável é que você não demore muito, principalmente se precisar realizar um exame de corpo delito. A denúncia pode ser registrada oficialmente em qualquer delegacia, mas, se ficar mais confortável, você pode ir a uma que presta atendimento especializado à mulher. De início, não é preciso apresentar provas – mas, caso já as tenha, leve-as com você. É possível registrar uma denúncia apenas com o relato verbal do caso. Depois disso, a Lei Maria da Penha diz que o caso deve ser enviado a um juiz em até 24h. É importante lembrar que menores de 18 anos só podem registrar B.O.s acompanhados de um responsável, mas a lei também diz que uma “exceção se faz nos casos que os interesses do menor colidam com os interesses de seus responsáveis”. Contudo, é indicado sempre que a vítima, principalmente se for menor de idade, vá acompanhada na delegacia, pois o processo pode ser por si só bastante desgastante. Uma mudança recente assinada por Jair Bolsonaro, Presidente da República, também garante maior proteção às vítimas. Ela prevê que, se o acusado representar uma ameaça direta à vítima, as autoridades podem decretar que ele seja imediatamente afastado do lar.
E-mail
Pode acreditar: dá para registrar uma denúncia até por e-mail! Se sentir-se mais confortável escrevendo o relato, mande uma mensagem para ligue180@mdh.gov.br, contando o que está acontecendo com você ou com alguém que conheça. Assim como acontece quando você liga para o Disque 180, a denúncia será registrada e encaminhada, e você poderá acompanhar o desdobramento dos fatos.
Ouvidora
O Disque 100 também possui uma ouvidora online, em que denúncias podem ser realizadas. Primeiro, você acessa o site do Humaniza Redes, depois escolhe qual tipo de violência quer registrar e preenche um formulário com dados e informações sobre o caso. O anonimato também é preservado.