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“Aristóteles e Dante” é o filme que eu queria ter visto na adolescência

Baseado no livro de Benjamin Alire Sáenz, o longa traz mensagens importantes para uma nova geração de pessoas LGBTQ+

Por Arthur Ferreira Atualizado em 29 out 2024, 18h02 - Publicado em 16 dez 2023, 10h00

Os Segredos do Universo Imagem Filmes/Divulgação

O que faz um filme se tornar marcante? Algumas pessoas, com certeza, vão pensar na qualidade da história, nas atuações ou no apego afetivo à obra. Todas essas respostas trazem à tona uma das principais características de uma obra audiovisual: a mensagem transmitida. E é exatamente nisso em que Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante se agarra.

A aguardada adaptação literária de Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo, best-seller de Benjamin Alire Sáenz, finalmente chegou aos cinemas brasileiros e trouxe muitas reflexões ao contar a história de dois adolescentes de ascendência latina que se apaixonam no decorrer de dois verões na década de 1980.

Os dois jovens são unidos pelo acaso e iniciam uma amizade especial, apesar de serem completamente diferentes um do outro. Dante (Reese Gonzales), é tudo o que Aristóteles (Max Pelayo) deseja ser: expressivo, inteligente e autoconfiante. Depois de um primeiro verão de muita amizade, Dante se muda para longe e descobre sua sexualidade na cidade grande, enquanto Ari, que é bem mais retraído, temperamental e pouco expressivo, tem dificuldades em se abrir para as pessoas ao seu redor – e para si mesmo.

Por que “Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante” é essencial para os jovens

Ao mergulhar nesse universo pela primeira vez, sem antes ter lido o livro que inspirou o filme, não posso deixar de refletir sobre a dualidade de sentimentos que me permearam: em meus 21 anos de idade, ao assistir ao longa, experimentei inicialmente uma desconexão com o que estava assistindo e os pensamento duramente críticos sobre as atuações, o roteiro e todas as partes mais técnicas, vieram à minha cabeça.

Parecia que não tinha acontecido aquela identificação com a trama e com os personagens. Mas só parecia, mesmo. Logo após deixar a sala de cinema, eu comecei a imaginar como esse filme teria impactado a minha adolescência. Comecei a pensar em como o “eu” de 14 anos se sentiria ao assistir os próprios dilemas sendo representados em uma tela de cinema e como essa nova geração de adolescentes pode ser contemplada por isso.

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Hoje, não faltam produções que são ótimos exemplos para quem está crescendo e se descobrindo como uma pessoa LGBTQ+. Viver essa fase marcada por descobertas pessoais, questionamentos e busca de identidade pode ser um pouco turbulenta, a gente sabe, né? Por isso, filmes como este podem ser um grande farol, orientando as incertezas desse processo de autodescoberta.

O Segredos do Universo por Aristóteles e Dante é uma voz empática, uma narrativa que ecoa para todos aqueles que estão tentando se entender

Além da representatividade que um romance entre dois garotos traz, a história também explora algumas problemáticas da identidade racial de forma muito natural. Apesar de contar com muitos elementos clichês e reviravoltas esperadas e zero inovadoras, são nos detalhes sutis que o filme conquista a nossa atenção, desde a primeira visão de Dante pelos olhos de Aristóteles até os desdobramentos do final.

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A força do filme também repousa no talento do elenco. Os papéis de Reese Gonzalez e Max Pelayo evitam estereótipos ao explorar a complexidade de suas identidades. Pelayo, em particular, escapa do clichê do adolescente rebelde e durão, quando entrega um Ari muito vulnerável, ao ponto de querermos dar um abraço (e colocá-lo na terapia). Já Gonzalez evita transformar a positividade e carisma de Dante em vazios e tóxicos, trazendo vários camadas para ele.

Assim, mesmo que, no presente, minhas opiniões sobre o filme sejam diversas, é reconhecível o valor que ele pode ter para toda uma nova geração e que também poderia ter tido em outro momento para mim. É fascinante perceber como a arte, em retrospectiva, pode se tornar um espelho para nossa própria jornada, mesmo que inicialmente não nos encontremos prontos para absorver sua mensagem.