Solita reflete sobre timidez, desafios após ‘Corrida das Blogueiras’

Em entrevista à CAPRICHO, a criadora relembra sua passagem pelo reality, comenta aprendizados e analisa a repercussão.

Por Arthur Ferreira Atualizado em 24 nov 2025, 18h59 - Publicado em 24 nov 2025, 18h29
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egunda eliminada de Corrida das Blogueiras 7, Solita conquistou novos fãs que enxergaram nela carisma, talento e muito potencial — e que, inclusive, queriam vê-la brilhar por mais tempo no reality. Após sua saída, ela conversou com a CAPRICHO sobre a experiência, as dificuldades dentro do jogo e a onda de carinho que recebeu nas redes..

A mineira começou a competição tropeçando na prova de maquiagem artística do primeiro episódio, se recuperou com força no desafio de customização do segundo e acabou de volta ao perigo na terceira semana, quando precisou recriar uma cena de Bloguerinha, a Feia em grupo. No fim, enfrentou Mady e Jordann Vicente na Prova do Flop — e saiu.

Agora, com um pouco mais de distância, Solita fala do processo e se abre sobre tudo o que viveu.

Mesmo depois de eliminada, Solita demorou para ter coragem de rever o episódio. “Eu só consegui assistir agora, literalmente para responder essa pergunta, porque eu estava com muita vergonha”, conta. A decisão dos jurados, porém, não foi motivo de revolta — e ela assume a responsabilidade pelo erro: “Uma grande parte da prova envolvia mostrar bem o produto, e eu acabei esquecendo de mostrar a lata. Acho que isso justifica a minha eliminação.”

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A relação de Solita com make vem de muito antes do reality. Ela cresceu consumindo conteúdo de blogueiras pioneiras como Nina Secrets e… colecionando CAPRICHO (!). “Eu tenho todas, todas mesmo!”, lembra. Para ela, aquelas páginas eram uma janela para um futuro que parecia distante: “A Capricho vinha muito desse lugar de sonho.”

O sonho virou carreira quando, ainda no começo da vida adulta, começaram a surgir pedidos de trabalho como maquiadora. “Ali entendi que aquilo poderia ser minha carreira e hoje é, graças ao meu esforço, ao meu trabalho e ao apoio das pessoas.”

Como boa representante da geração que viraliza, Solita é sincera ao falar dos desafios: “Trabalho muitos dias da semana e, às vezes, planejo gravar um vídeo, mas aparece um job de última hora. E eu não posso recusar, porque preciso pagar as contas.” O resultado? Frequência irregular e dias de bagunça, segundo ela mesma. Mas o plano para 2025 já está traçado: mais constância e conteúdos mais organizados.

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Quem acompanha Solita de perto sabe: ela é falante, engraçada e desbocada, mas basta ligar uma câmera e tudo muda. “Eu sou uma pessoa muito tímida, e isso vem muito do medo de ter oportunidades tiradas de mim. A gente sabe que ser uma mulher trans no Brasil não é fácil”, afirma.

O medo de errar, de ser ridicularizada e de não ter novas chances impactou diretamente sua desenvoltura no programa. “Eu sempre me movo com cautela, pensando no meu futuro, em construir minha casa, em dar um lar pra minha gatinha. Isso às vezes me breca.”

Após a eliminação, muita gente se mobilizou nas redes para demonstrar apoio, e a palavra “injustiçada” apareceu bastante. Para Solita, esse amor fez toda a diferença. “Foi incrível. Acho que isso vem desse lugar de que as pessoas queriam ver mais de mim.”

Mas a repercussão também trouxe outro assunto delicado: a fala transfóbica de Mady durante o terceiro episódio, que rendeu debates intensos na internet. Solita, inicialmente, não queria revisitar o momento. “Eu tinha prometido para mim mesma que iria ignorar esse assunto, justamente para não me colocar em um lugar doloroso.”

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O que a fez mudar de ideia foram as mensagens que recebeu de outras meninas trans. “Eu senti que precisava falar, porque essa é uma realidade que enfrentamos o tempo todo. Queria que elas se sentissem seguras me vendo ali.”

Sobre os ataques da torcida rival, ela é categórica: “Tem tanto amor vindo na minha direção que fica difícil até perceber os comentários transfóbicos. No fim do dia, a gente oferece o que tem — e eu não me importo com quem não tem nada de bom para oferecer.”

E para quem vai a torcida? O coração da Solita já tem destino: “Eu estou torcendo muito para a Madrinha, para a Kitty e para a Barcellos. Adoraria ver a Madrinha na final, para termos uma mulher trans representando.”

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