“Amores Materialistas” tenta ser profundo, mas a emoção ficou pelo caminho

Vendida como comédia romântica, a nova aposta de Celine Song entrega diálogos vazios e personagens desconectados

Por Arthur Ferreira 31 jul 2025, 21h00
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pós o sucesso de Vidas Passadas em 2023, Celine Song retorna com Amores Materialistas, seu segundo longa-metragem, que estreou nesta quinta-feira (31/7) nos cinemas brasileiros. Estrelado por Dakota Johnson, Chris Evans e Pedro Pascal, o filme propõe uma reflexão sobre os relacionamentos modernos dentro da lógica do luxo, da imagem e da conveniência, mas tropeça na própria ambição.

A trama gira em torno de Lucy Mason (Johnson), uma ex-atriz que se torna casamenteira de elite em Nova York. Trabalhando na empresa Adore, ela se especializou em unir casais segundo padrões exigentes. Quando cruza o caminho do ex-namorado John (Evans), um ator ainda tentando sobreviver na carreira, e do milionário Harry (Pascal), irmão de um de seus clientes, Lucy se vê no centro de um triângulo amoroso com potencial para levantar questões importantes: o que vale mais, o amor ou a estabilidade?

Amores Materialistas tem estética elegante, figurinos encantadores e fotografia que remete aos romances nova-iorquinos clássicos. Tudo muito bonito e calculado nos mínimos detalhes. No entanto, a tentativa de combinar comédia romântica com drama existencial não se sustenta no roteiro, que oscila entre clichês e falas pretensiosas.

As relações entre os personagens carecem de química. Mesmo com o carisma de Pedro Pascal e Chris Evans, o filme não oferece profundidade suficiente para que o público se envolva com as conexões que são propostas. Dakota Johnson oscila entre momentos de entrega e outros de distanciamento, o que pode ser um reflexo direto da construção de sua protagonista.

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O discurso sobre amor utilitarista — a ideia de que relacionamentos hoje operam dentro de uma lógica de troca — é  explorado de forma rasa. A ideia era acompanhar esse mesmo discurso na prática pela situação amorosa de Lucy, mas não conseguimos acreditar nessas relações. Por isso, o discurso fica apenas na boca da personagem.

Exemplos disso são cenas que poderiam ser o coração da narrativa, como um jantar entre Lucy e Harry ou os reencontros com John, mas elas não entregam nenhuma emoção.  É como se o filme tentasse adaptar um roteiro raso de uma comédia romântica dos anos 1990/2000 em um drama profundo.

Mesmo quando tenta amarrar os temas com um final simbólico, Amores Materialistas termina de forma morna. A direção é segura, mas o roteiro entrega pouco: não há romance, não há conflito, não há risco. E isso pesa, principalmente para quem esperava mais camadas na abordagem de Celine Song.

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Entre jantares caros, encontros frustrados e promessas de reconciliação, sobra a sensação de que o filme quis dizer algo relevante sobre os tempos atuais, mas não soube como. O charme clássico está lá. A ambição temática, também. Mas a emoção ficou pelo caminho.

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