Ninguém conseguiu levar tanta representatividade e engajamento ao Rock in Rio 2017 quanto Alicia Keys, atração do Palco Mundo na noite deste domingo (17/8).
Só o fato de se apresentar com a pele natural, reforçando seu discurso #nomakeup, e usar tranças coloridas já seriam suficiente para diferenciar Alicia de outras cantoras pop que passaram pelo festival. Mas ela foi além!
Enalteceu as mulheres antes de Superwoman, sem antes deixar claro que não é fácil ser uma mulher no mundo em que vivemos. Levou o funk para o espaço mais nobre do Rock in Rio, ao convidar o Dream Team do Passinho para dançar no final de In Common, mesmo com o idealizador do festival, Roberto Medina, insistindo em ignorar o ritmo nascido nas comunidades cariocas.
Mas principalmente em Kill Your Mama, momento mais importante da noite, quando chamou ao palco e passou o microfone para Sonia Guajajara, representante da comunidade indígena, que defendeu a demarcação de terras na Amazônia:
“Existe uma guerra contra a Amazônia. Os povos indígenas e o meio ambiente estão sendo brutalmente atacados. O governo quer colocar à venda uma gigantesca área de reserva mineral. No próximo dia 20, haverá uma votação no Senado de um decreto legislativo que pode barrar todo esse absurdo. Senadores, vocês têm a chance de evitar isso. E nós estaremos de olho. Estaremos de olho porque não existe plano B. É a mãe de todas as lutas, a luta pela mãe terra. O mundo inteiro precisa vir para a linha de frente. Vamos pressionar. Demarcação, já!”. O discurso de Guajajara ainda arrancou gritos de “Fora, Temer!” do público, que ouviu atentamente sua mensagem.
Se algum brasileiro ainda tinha dúvidas do carisma de Alicia Keys, certamente o show do Rock in Rio 2017 acabou com todas elas. A cada sorriso ou interação com o público – rolou até um “E aí, Rio? Quero ouvir vocês!”, em português -, a cantora dava provas de seu amor por nosso país e cultura, já que além do Dream Team do Passinho, também convidou ao palco Charles Bonfin e Pretinho da Serrinha.
O repertório formado por canções que tocaram muito nas rádios do Brasil também fizeram a diferença, principalmente da metade pro fim do show, quando apareceram Fallin’, Girl On Fire e No One.
Empire State of Mind, Part II: Broken Down foi a escolhida para fechar a passagem mais marcante de Alicia Keys pelo Brasil. Deixando claro que sabe muito bem o papel que tem dentro da sociedade, usando sua relevância no mundo da música para emocionar e engajar uma legião de fãs apaixonados.