A Meia-Irmã Feia revisita Cinderela em um terror sobre beleza e obsessão

Filme norueguês chegou aos cinemas brasileiros após repercussão em festivais internacionais

Por Arthur Ferreira Atualizado em 25 out 2025, 14h18 - Publicado em 25 out 2025, 09h00
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epois de causar burburinho em Sundance, o longa norueguês A Meia-Irmã Feia finalmente chegou aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (23). Dirigido e roteirizado por Emilie Blichfeldt, o filme transforma o conto de fadas de Cinderela em uma sátira sombria e provocante sobre o culto à autoimagem e os sacrifícios feitos em nome da beleza.

A história acompanha Elvira (Lea Myren), uma das meias-irmãs da famosa princesa. Determinada a conquistar o coração do príncipe Julian (Isac Calmroth), ela embarca em uma jornada de transformação que mistura ambição, inveja e body horror. Quanto mais se aproxima do padrão ideal, mais o filme mergulha em uma espiral grotesca de procedimentos estéticos, dor e sangue.

Ambientado no século 19, o longa utiliza a estética de época para construir um contraste curioso com uma trilha sonora moderna. O resultado é um visual que combina o clima sombrio dos contos clássicos com uma energia visual contemporânea. A fotografia e o figurino, assinados por Marcel Zyskind e Manon Rasmussen, reforçam esse universo decadente e fascinante.

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Inspirada por cineastas como David Cronenberg e Julia Ducournau, a diretora aposta no body horror para provocar desconforto e reflexão. As cenas mais intensas, que incluem mutilações e rituais estéticos dolorosos, não são gratuitas: servem para expor o quanto a busca por aceitação externa pode se tornar uma experiência física e emocionalmente destrutiva.

Outro destaque é o tom de humor ácido. Em meio ao sangue e à crítica feroz aos padrões de beleza, há espaço para o absurdo e a ironia. É um filme que se equilibra entre o riso nervoso e o puro desconforto. Com momentos que beiram o grotesco e um final que promete dividir o público, A Meia-Irmã Feia é uma fábula feminista disfarçada de terror. Não é o tipo de produção feita para agradar, e nisso, acerta em cheio.

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