6 personagens de Vale Tudo que não estão acrescentando nada
Nem toda trama engrena e alguns personagens parecem estacionados no tempo ou esquecidos pelo roteiro

ale Tudo pode até estar dividindo opiniões, mas uma coisa é certa: todo mundo está comentando. A novela das nove da Globo, adaptada por Manuela Dias e remake do clássico de Gilberto Braga, segue como um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, seja por quem está nostálgico com a versão de 1988 ou por quem está descobrindo essa história cheia de reviravoltas pela primeira vez.
Entre altos e baixos, a trama tem provocado paixões e ódios intensos principalmente quando o assunto são personagens como Heleninha (Paola Oliveira), Ivan (Renato Góes), Raquel (Taís Araújo), Maria de Fátima (Bella Campos), Odete Roitman (Débora Bloch), César (Cauã Reymond) e Afonso (Humberto Carrão). Se eles estão agradando ou não, é outra conversa. Mas pelo menos despertam alguma coisa no público: raiva, carinho, decepção… ou tudo isso junto.
O mesmo não dá pra dizer de alguns nomes do elenco secundário que parecem ter sido esquecidos. São personagens que, até agora, não mostraram a que vieram e que poderiam sair de cena sem causar nenhum impacto real na história.
Bartolomeu e Eunice
Interpretados por dois grandes atores, Luis Melo e Edvana Carvalho, Bartolomeu e Eunice não têm função clara na novela. Bartolomeu é um jornalista desempregado que começou a trama irritando o público ao querer aparecer no trabalho do filho a todo tempo. Não rendeu grandes conflitos, nem cenas marcantes.
Já Eunice, sua esposa, tem um ponto de partida interessante: uma costureira que começa a desbravar o mundo da moda como modelo 50+. Mas a trama não foi pra lugar nenhum. Eunice até brilha quando aconselha a filha Fernanda e Leila (Carolina Dieckmmann), mostrando sensibilidade e força. Mas o roteiro ainda não deu a ela uma história digna.
Bartolomeu, por sua vez, se limita a dar conselhos duvidosos para Ivan. No saldo geral, o casal poderia até funcionar como alívio dramático ou ponto de apoio para os jovens da trama, mas hoje parecem desconectados do núcleo central e o talento dos intérpretes não tem sido o suficiente para torná-los relevantes.
André, Tiago e Fernanda
O núvleo jovem de Vale Tudo é representada por esse trio que prometia levantar discussões modernas, mas que acabou se tornando desinteressante. André (Breno Ferreira), Tiago (Pedro Waddington) e Fernanda (Ramille) estão presos a um triângulo amoroso que nunca decola de verdade.
Na versão original da novela, o personagem de Tiago foi alvo de suspeitas do pai, Marco Aurélio (Alexandre Nero), por conta de sua amizade intensa com André, um viés homofóbico do enredo que servia para denunciar o preconceito da elite brasileira. Em 2024, essa camada foi cortada completamente. Tudo isso se perde em cenas pouco inspiradas, diálogos arrastados e uma construção rasa da dinâmica entre eles.
Fernanda, por sua vez, é uma personagem que parece fugir do próprio núcleo. Tem medo de assumir algo sério com André, evita conhecer a sogra (numa cena do jantar que ninguém pediu), e quando finalmente aparece, não deixa nenhuma marca. Tiago, que começou a novela com peso dramático, por toda sua questão com sua mãe, Heleninha, hoje quase não aparece. As críticas à atuação de Waddington podem ter influenciado sua redução de cena.
Eugênio
Na versão original de Vale Tudo, o mordomo Eugênio (Sérgio Mamberti) chamava atenção pela sutileza, cinismo e referência da cultura pop. Cinéfilo apaixonado por clássicos, ele acompanhava os dramas da família Roitman com olhos atentos, quase como um espectador dentro da novela. Fazia comparações com filmes, criava paralelos com o cinema e foi abraçado por toda uma geração de LGBTQIA+.
Interpretado por Luís Salém no remake, Eugênio perdeu praticamente tudo o que o tornava especial. A cinefilia foi apagada do texto, sua presença na casa dos Roitman é quase figurativa, e as falas são escassas. Segundo o próprio ator, Manuela Dias “deu uma mexida nele” e eliminou as referências ao cinema, o que seria até compreensível caso tivesse sobrado algum traço de personalidade.
Eugênio, que na obra original terminava a novela com uma citação ao cultuado Teorema (1968), de Pasolini, hoje mal tem tempo de cena. Em vez de ganhar camadas, perdeu brilho, perdeu alma e virou apenas uma “orelha” de Heleninha Roitman. Um dos personagens mais elegantes virou sombra de si mesmo e não por culpa do ator.
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