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Você vai pensar duas vezes antes de rir dos atrasados do Enem

Já parou para pensar que ao de rir de alguns candidatos que chegam atrasados, você está rindo de muitos problemas do Brasil?

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 21h08 - Publicado em 8 nov 2017, 15h26

Todo ano, as pessoas se reúnem presencialmente e virtualmente para rir dos candidatos que chegam atrasados aos locais de prova do Enem. Além de virarem motivo de piada, eles são julgados a plenos pulmões e decretados culpados. “Mereceram! Por que não saíram antes de casa?”, acusam algumas pessoas. E essa tradição anual de transformar atrasados em memes ganhou o mundo! O dinamarquês Klaus Madsen foi a uma escola de Curitiba só para conferir de perto o que ele chama de “tradição brasileira”. Contudo, ele garante que jamais riria do sofrimento alheio – diferente de muitos de nós.

Tomaz Silva/ Agência Brasil/Reprodução

Mas você já parou para pensar que ao de rir de alguns candidatos que chegam atrasados, você está rindo também de muitos problemas do Brasil? É claro que nem todos os atrasos são justificáveis. Alguns são por pura falta de responsabilidade e engajamento. Entretanto, a culpa de muitos atrasos é do próprio Sistema. Esperamos que a lista abaixo te faça refletir duas vezes antes de ~dar virote~ no próximo camarote do #ShowDosAtrasados.

1. Araújo, 39 anos, não foi liberado a tempo pelo chefe
O confeiteiro Araújo da Silva, de 39 anos, perdeu o primeiro dia de prova do Enem 2017, em São Paulo, porque não conseguiu folga no trabalho e dependia da boa vontade do chefe para chegar a tempo. Como o dono da padaria demorou para liberá-lo, Araújo perdeu o exame. Ele precisava do Enem para finalmente conseguir o seu diploma do Ensino Médio.

2. Filho da Daise, adolescente negro, parado por policiais
Em um desabafo nas redes sociais, a baiana Daise contou que seu filho, de 19 anos, perdeu a prova pois foi abordado por policiais nos arredores de Pituba, bairro ao norte de Salvador, na Bahia. A abordagem foi agressiva e o jovem, além de precisar esvaziar sua mochila, que continha apenas itens de papelaria, o cartão de inscrição do exame e comida para a prova, levou tapas e teve um fuzil apontado na cara. O jovem tentou se explicar (por algo que não fez) para que não perdesse tempo, mas ele não foi ouvido. O jovem era negro.

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3. Débora, 50 anos, o ônibus passou reto pelo ponto
Em Belo Horizonte, a mineira Débora Isaías, de 50 anos, chegou atrasada porque simplesmente o ônibus que deveria pegar para fazer a prova passou reto pelo ponto, mesmo ela dando sinal. A dona de casa, que dependia exclusivamente do transporte público, até tentou achar um jeito de reparar o erro do motorista, mas acabou se atrasando. “Ele não parou. Fui para outro ponto. A linha não passava por lá”, relatou ao Estadão.

4. José, cearense, enfrentou um acidente na via
O cearense José Renato Silva de Sousa saiu cedo do trabalho para justamente não se atrasar para o Enem 2016, mas não deu certo. O homem, que tentaria uma vaga no curso de Engenharia Mecânica, ficou parado no trânsito. O congestionamento aconteceu devido a um acidente com um caminhão. Ilhado, José Renato chegou segundos após o portão ter se fechado.

5. Ana Júlia, 17 anos, foi prejudicada pelo transporte público
Mesmo saindo com mais de três horas de antecedência para o fechamento dos portões, Ana Júlia Benigno, de 17 anos, não conseguiu chegar a tempo. “Tinha trânsito e muita gente no terminal”, desabafou ao jornal O Povo. A mobilidade urbana, que é um problema constante, principalmente para aqueles que dependem de transporte público, foi a razão pela qual a cearense não conseguiu fazer a prova. Se o transporte estivesse funcionando regularmente, sem falhas, ela teria chegado a tempo.

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6. Amanda, 19 anos, precisava atravessar a cidade
Em 2014, muitos riram da carioca Amanda Alli, de 19 anos, que chegou atrasada ao local de prova e chorou descontroladamente segurando o portão, que já estava fechado. Na época, a estudante questionou a decisão do Inep: “não entendo, com tantas escolas perto de minha casa, por que me colocaram para fazer as provas na UERJ?”. O trajeto da jovem, que precisou atravessar a cidade para chegar ao local do exame, foi dificultado por um congestionamento surpresa. Desesperada, Amanda saiu do carro e pediu carona para um mototáxi, mas o esforço foi em vão.

 

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