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Universidade admite ter manipulado notas para prejudicar mulheres

Instituição japonesa confessa que alterava os resultados dos vestibulares de medicina para que mais homens se tornassem médicos.

Por Amanda Oliveira 10 ago 2018, 11h34

No Brasil, as mulheres ganharam o direito de serem aceitas em universidades em 1879, mas foi apenas em 1887 que a primeira médica brasileira se formou. Desde então, cada vez mais alunas ingressam em cursos de ensino superior no país e no mundo. Por incrível que pareça (ou não), muitas portas ainda são fechadas para elas, simplesmente por serem mulheres. Parece história do século passado, né? Mas esse tipo de realidade acontece com muito mais frequência do que talvez imaginemos…

Quando o número de mulheres matriculadas na Universidade Médica de Tóquio, no Japão, começou a diminuir drasticamente, a imprensa local decidiu apurar os motivos por trás dessa queda inesperada. Foi aí que uma investigação descobriu que a universidade alterava os resultados dos testes de candidatas para restringir a entrada de mulheres no curso e garantir que mais homens se tornassem médicos.

iStock/Reprodução

Inicialmente, a instituição negou ter conhecimento das notas manipuladas no vestibular. Mas, após mais investigações, o diretor administrativo da universidade, Tetsuo Yukioka, admitiu as alterações e pediu desculpas em uma entrevista coletiva, prometendo que nada disso aconteceria novamente. “Pedimos sinceras desculpas pelas graves irregularidades envolvendo exames de admissão que causaram preocupação e problemas para muitas pessoas e traíram a confiança do público”, disse. Yukioka também garantiu que a instituição consideraria admitir as alunas que teriam passado nos exames, mas não deu mais detalhes de como isso seria feito.

De acordo com advogados envolvidos no caso, relatórios mostram que alterações acontecem desde 2006. As investigações mostram que a instituição tirava 20 pontos das mulheres e acrescentava outros 20 nas notas dos homens. Em um dos casos, entretanto, 49 pontos foram adicionados no exame de um candidato. Tudo indica que as manipulações dos exames aconteciam porque a instituição acreditava que as mulheres eram mais propensas a desistir da profissão depois de terem filhos ou se casarem.

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Segundo o jornal Asahi, somente 30 mulheres foram aceitas no vestibular de 2018 da universidade, enquanto 141 homens foram aprovados. Yoshimasa Hayashi, Ministro da Educação, garantiu que irá examinar os procedimentos de admissão em todas as outras faculdades japonesas de medicina.

Este caso nos faz questionar: será que realmente basta só “se esforçar” para conseguir ingressar em uma universidade? É triste imaginar quantas mulheres japonesas acreditaram que não se esforçaram o suficiente em uma prova, sem ter a menor ideia de que seus resultados foram alterados apenas porque elas não eram homens.

Igualdade: a gente não vê por aqui.

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