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Três experiências incríveis que vivi como aluna da rede federal de ensino

Viagem custeada para competição escolar, primeiro salário com iniciação científica e mais!

Por Blog da Galera Atualizado em 29 out 2024, 18h48 - Publicado em 9 abr 2023, 10h01
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Barbara Marcantonio/CAPRICHO

“Balbúrdia” era o termo do momento para referir-se ao ensino público brasileiro na gestão presidencial de Jair Bolsonaro (PL). Como uma gíria que se espalhou entre os jovens através das redes, esse também foi o curioso adjetivo usado por Abraham Weintraub, ex-Ministro da Educação, na tentativa de justificar os cortes orçamentários orquestrados por ele nessas instituições. Claro que chegou à grande mídia e logo emplacou entre grupos conservadores. Mas até que ponto essa palavra representa de fato essa parcela da educação nacional? 

Como alguém que cursou seu ensino médio integralmente em uma escola da rede federal, mais precisamente no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, hoje eu trago três experiências marcantes ao longo da minha jornada como estudante da instituição, e que provavelmente não teriam acontecido se eu não tivesse me jogado de cabeça nesse mundo “balburdioso”. De quebra, posso até te convencer a entrar nesse mundo também… Quem sabe?!

1. Quando eu viajei com meus amigos com tudo pago para Campinas

É isso mesmo que você leu! A Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) é responsável pela organização da Olimpíada Nacional em História do Brasil. Todos os anos, milhares de equipes compostas por três estudantes do fundamental II e/ou ensino médio, mais um professor orientador, competem em seis fases por medalhas de ouro, prata, bronze ou cristal. A última fase da disputa é presencial e acontece dentro da cidade universitária da faculdade. 

Após três sofridos anos batendo na trave da tão sonhada convocação para a final, meu grupo e eu conseguimos! E adivinha só? Foi somente graças ao financiamento do Pedro II (que, a partir de agora, chamaremos carinhosamente de CP2), que eu e meus amigos conseguimos custear a viagem e a hospedagem em São Paulo. Legal, né? 

Thaís, seus amigos Bruno e Julia e o professor Alex na final da ONHB, com a equipe “A flor é o mais forte refrão”.
Eu à direita, de rabo de cavalo, meus amigos Bruno e Julia, e o nosso professor Alex, na final da ONHB, com a nossa equipe “A flor é o mais forte refrão” Arquivo Pessoal/CAPRICHO
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2. Quando eu ganhei meu primeiro salário através do colégio

Se você nunca ouviu falar em projeto de iniciação científica, vem cá que eu te explico! São estudos que você pode desenvolver tanto no ensino médio quanto na universidade, nos quais você auxilia um professor orientador em sua pesquisa e aprofunda seus conhecimentos sobre o assunto por ele estudado ao longo do programa. No final, você geralmente deve entregar um artigo e/ou uma apresentação sobre o tema desenvolvido.

Ao ser aprovado para um desses projetos ainda na escola, você torna-se apto a receber uma bolsa no valor de R$ 150 por mês, que o Governo Federal anunciou que aumentará para R$ 300 neste ano.

No CP2, participei de um projeto de iniciação artística, uma variação da iniciação científica, mas voltado para a dança. Neste, ensaiávamos passos dos ritmos brasileiros e conversávamos sobre ele. Ao final do programa, montamos uma coreografia em homenagem ao samba, com as músicas Não Deixe o Samba Morrer, de Alcione, e A Voz do Morro, de Zé Keti. 

Nosso grupo de dança se apresentando no aniversário de 185 anos do Colégio Pedro II. À direita, nossa coreógrafa, professora, amiga e agora também diretora, Isabella Brasil.
Nosso grupo de dança se apresentando no aniversário de 185 anos do Colégio Pedro II. À direita, nossa coreógrafa, professora, amiga e agora também diretora, Isabella Brasil Arquivo Pessoal/CAPRICHO
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3. Quando eu fui do Grêmio Estudantil

Sim, política definitivamente tem tudo a ver com estudar em uma instituição federal! Mas, ao contrário da forma que programas como “Escola sem Partido” veem essa forma de engajamento estudantil, não estamos falando de doutrinação partidária. Quando o corpo discente se organiza e vai às ruas, é para lutar por direitos que são negligenciados e negados a nós. 

A chapa Beatriz Nascimento é presidente do grêmio estudantil do meu campus do CP2 desde meados de 2021, e eu fiz parte dela desde o comecinho de tudo. Atuei principalmente na comissão de eventos, na qual ajudei a construir uma festa chamada “Arraiá das Bruxas” (sim, uma Festa Junina misturada com Dia das Bruxas).

Além disso, foi a experiência de passar de sala em sala dando avisos, participar de debates e realizar conversas com a direção, que me fez pegar gosto pela comunicação. Atualmente, sou caloura de jornalismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e essa escolha foi impactada fortemente por essa minha experiência dentro do colégio. <3

Eu e minha amiga Madu no Arraiá das Bruxas
Eu e minha amiga Madu no Arraiá das Bruxas (acho que assim dá pra entender bem o conceito da festa). Arquivo Pessoal/CAPRICHO
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Sim, o ensino federal é deficitário. Não só o federal, como o público no geral. Porém, as dificuldades enfrentadas nessas escolas não deveriam ser passíveis de serem punidas, e sim acertadas. Afinal de contas, se mesmo com cortes estrondosos na educação, o CP2 e outras instituições de ensino foram capazes de manter a excelência, o incentivo à pesquisa e ao estudo, imagine com uma verba justa? 

A “balbúrdia” das federais que deveria ser levada em consideração é a que se faz fora do campus. É quando pedimos melhorias, com cartazes e megafones, e carregamos uma multidão de alunos nas ruas que se unem por um único propósito: a vontade de estudar.

Se os políticos que tanto criticam essas escolas e universidades fossem espertos mesmo, não reclamariam dos grafites feitos pelos estudantes. Pelo contrário! Parariam para ler o que está escrito naquelas paredes, inicialmente acinzentadas, que agora ganham vida em formato de cores que manifestam exatamente o que os alunos precisam para se tornarem futuros profissionais e pesquisadores de excelência.

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