Trend do peso e altura é mais um retrocesso a favor da cultura da magreza
A "brincadeira", que parece inofensiva, perpetua uma comparação tóxica entre corpos
barra de pesquisa do TikTok ganhou uma nova função recentemente. Garotas escrevem seu peso e altura na busca para encontrarem vídeos de pessoas com os mesmos números e comparar os corpos. Elas dizem que é uma forma de se sentirem melhores com sua aparência – mas não é isso que acontece na maioria das vezes.
Em muitos comentários, jovens contam que se sentiram pior ao se depararem com pessoas do mesmo peso e altura, mas com “corpos mais bonitos”. “Você já pesquisou seu peso e sua altura aqui no TikTok para ver como está sua situação? Eu acabei de fazer isso e não gostei muito”, disse uma usuária que participou da trend.
Essa “brincadeira”, que parece inofensiva, perpetua a magreza como padrão de beleza e gera uma comparação tóxica entre corpos. Afinal, os vídeos das pessoas que ficaram felizes com a trend são aqueles que apresentam um corpo magro, atlético e com barriga sarada.
@isacassucci_ 🙂 #fyp
@leandraklisievicz Skin básica hoje amores
@eu_esterica 1,71 70kg😭
Além de não ser saudável, não faz sentido a ideia de que, por ter a mesma altura e peso, os corpos devem ser semelhantes. Isso porque cada pessoa tem um biotipo corporal, que é herdado pela genética e não pode ser alterado.
Você já escutou falar sobre o IMC (índice de massa corporal)? Trata-se de um medida, baseada na altura e no peso, que foi muito usada para estabelecer a gordura corporal e indicar obesidade e riscos para saúde.
No entanto, nos últimos anos, especialistas e entidades médicas alertam para sua limitação – justamente por excluir padrões raciais, étnicos, de idade e gênero e não levar em consideração as diferenças de cada grupo para medir os níveis de gordura, como explica esta matéria da VEJA.
A ‘trend do peso e altura’, infelizmente, não é um caso isolado no TikTok. O áudio “magras, magras” e a trend “a felicidade é magra”, que já falamos sobre aqui na CAPRICHO , também ilustram um movimento crescente nas redes sociais, passarelas e sociedade em geral: a “volta do culto à magreza. A palavra “volta” em aspas porque o padrão de corpo ideal continuou sendo o magro para muitas pessoas – mas o body positive e a celebração de todos os corpos ganhou, sim, bastante espaço nos últimos anos.
Acontece que, agora, nos deparamos com vários indícios de que estamos retrocedendo nesse aspecto e que a cultura da magreza está voltando a ganhar força. O uso indevido de medicamentos para emagrecer, a obsessão pelo wellness pensando apenas no físico, e a falta de representatividade são alguns exemplos bem atuais.
Precisamos ter um olhar atento e crítico em relação a isso e entender que cada corpo é único e precioso.