Trégua? Estudantes garantem que ocupações contra a reorganização escolar continuam

Governo do Estado apresentou contraproposta para tentar ganhar tempo, mas estudantes não acreditam que isso possa ser considerado uma vitória total.

Por Isabella Otto Atualizado em 4 nov 2024, 13h41 - Publicado em 20 nov 2015, 11h30

Na tarde da última quinta-feira, 19, Herman Voorwald, Secretário Estadual de Educação, apresentou uma contraproposta àquela de reorganização da rede estadual de ensino, durante uma audiência de conciliação entre Governo, professores e estudantes.

A proposta, elaborada por Geraldo Alckmin, propunha que as escolas ocupadas, 81 até o momento, fossem esvaziadas em 48 horas, para só então haver um diálogo entre ambas as partes. A suspensão, entretanto, duraria apenas dez dias, período de tempo em que cada colégio receberia o material da reorganização e discutiria novas saídas.

Os estudantes garantem que não vão parar com as ocupações, pois acreditam que o plano apresentado não passa de uma manobra do Governo para desarticular os movimentos . No momento em que a contraproposta foi divulgada, a página do Facebook Não Fechem Minha Escola, que já tem mais de 66 mil curtidas, se pronunciou: “estamos todos felizes! Mas temos que ficar alerta(…) Não podemos baixar a guarda. Todas as ocupações devem ser mantidas e novas escolas devem ser ocupadas(…) Agora é hora de ampliar a nossa mobilização e ir até o fim contra esse projeto absurdo”, informou.

A estudante Ana Beatriz, de 15 anos, que participa da ocupação da E.E. Diadema, iniciada no dia 9, conversou com a CAPRICHO e falou sobre a decisão tomada em conjunto durante reunião que ocorreu na quinta, 19, às 17h, logo após a proposta apresentada pelo Governo: “isso é um golpe! Não aceitaremos a proposta e vamos continuar . Vamos vivendo um dia de cada vez, mas, por nós, as ocupações ainda vão durar muito! Estamos bem espertos”, afirmou.

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A E.E. Diadema, uma das melhores da região, de acordo com a estudante, teria todo o Ensino Médio fechado. “Estamos lutando para que as crianças de amanhã possam estudar até o fim nessa escola boa. Vamos lutar para que isso seja revertido”, explica Ana, que acredita que, para haver um início de diálogo, a suspensão da reorganização escolar deveria ser para todo o ano letivo de 2016, não apenas por dez dias.

Ariel de Castro Alves, membro do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, fica feliz em ver que os estudantes estão sendo os protagonistas dessa história. Contudo, Alexandre Ferraz, membro da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) de Santo André, região com mais escolas ocupadas, adverte: “(a contraproposta) é uma manobra grosseira para que os estudantes saiam da escola para depois impor a organização quando não houver aula, já que o período letivo está acabando”, afirmou em entrevista ao jornal ABCD Maior .

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