Tomar energético não é a solução dos seus problemas (muito pelo contrário)
Esse tipo de bebida parece ajudar a dar energia, mas traz uma série de riscos para a saúde física e mental da nossa galera.

om a promessa de dar um boom de energia e com sabores docinhos, os energéticos atraem a nossa galera, que tem consumido a bebida com bastante frequência. E, sim, até pode parecer uma boa ideia, principalmente nos dias mais cansativos da rotina, mas é preciso repensar esse hábito, levando em consideração os riscos à saúde em curto e longo prazo.
O neuropediatra Marcelo Masrula explica que as bebidas energéticas têm um efeito estimulante intenso, principalmente por causa da alta concentração de cafeína, muitas vezes associada a outras substâncias como taurina, guaraná e ginseng. “No cérebro, esses compostos atuam bloqueando receptores de adenosina — o neurotransmissor que sinaliza cansaço — e promovem liberação de dopamina, gerando uma sensação artificial de alerta, euforia e energia”, diz.
Ele explica que isso gera o aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e da glicemia, além de ativação do sistema nervoso simpático, responsável pelas reações de “luta ou fuga”. Isso gera uma sobrecarga fisiológica que pode ser perigosa, especialmente em crianças e adolescentes, cujo sistema nervoso ainda está em desenvolvimento. “É importante lembrar que o cérebro do adolescente ainda está se desenvolvendo, e a introdução de substâncias estimulantes em doses elevadas pode alterar a maturação de áreas responsáveis pelo autocontrole, julgamento e equilíbrio emocional”, explica.
Os riscos das bebidas energéticas para os jovens
Pesquisadores da Universidade Teesside e da Universidade de Newcastle fizeram recentemente uma revisão de mais de 50 pesquisas sobre bebidas energéticas e o seu impacto na saúde dos jovens, que foi publicada na revista científica Public Health Journal. O documento aponta a ligação entre o consumo de bebidas energéticas e prejuízos para a saúde mental e física das crianças e jovens, assim como malefícios ao comportamento e educação. A pesquisa também descobriu que os meninos são mais propensos do que as meninas a tomar bebidas energéticas.
Além de sintomas de ansiedade, estresse, depressão, pânico e pensamentos suicidas, a revisão concluiu que o consumo regular dessas bebidas pode aumentar a probabilidade dos jovens a consumirem drogas, a serem violentos e a praticarem sexo sem proteção. Outras implicações ainda são: problemas de sono, mau desempenho escolar e dieta pouco saudável.
Com bebida alcóolica, é ainda pior
Firmino Haag, cardiologista e coordenador da Cardiologia do Hospital Albert Sabin (HAS), reforça que o consumo de bebidas energéticas tem sido objeto de preocupação devido aos seus efeitos no sistema cardiovascular, principalmente em crianças e jovens que têm maior sensibilidade a cafeína, o desenvolvimento cardiovascular, potencial para o uso excessivo e desidratação.
Tudo isso se agrava quando há a adição de bebida alcóolica junto com o energético. “Combinar energéticos com bebidas alcoólicas é perigoso, pois aumenta a probabilidade de comportamentos de risco, problemas cardiovasculares e severas consequências à saúde”, explica. O médico cita como principais riscos o enfraquecimento da percepção de intoxicação, dificuldade de julgamento e sobrecarga cardiovascular e aumento exagerado da ingestão alcóolica podendo levar a overdose.
Apesar de órgãos, como Sociedade Brasileira de Pediatria, não recomendarem o consumo por crianças e adolescentes, as bebidas energéticas para menores de 18 anos não são proibidas no Brasil, como alguns países já fizeram. Até existe um projeto de lei em tramitação aqui que visa proibir a venda, a oferta e o consumo de bebidas energéticas para menores de 18 anos, mas ainda não aconteceu.
Além disso, existem formas muito mais saudáveis de promover energia
O neuropediatra Marcelo enfatiza aos jovens leitores da CAPRICHO que a energia verdadeira e sustentável vem de bons hábitos — “e não de atalhos que sobrecarregam o organismo”. Para você, que está buscando mais energia física e mental, o médico elencou práticas simples e bem saudáveis. Confira!
• Sono de qualidade: uma rotina regular, com sono suficiente, é o principal fator para manter atenção, memória e humor estáveis;
• Alimentação equilibrada: refeições ricas em proteínas, fibras e carboidratos complexos evitam os picos e quedas de energia típicos de dietas baseadas em açúcar ou alimentos ultraprocessados.
• Atividade física regular: o exercício libera endorfinas e melhora o fluxo sanguíneo cerebral, promovendo disposição e clareza mental.
• Exposição à luz natural pela manhã e contato com a natureza também são estimulantes naturais do sistema nervoso.
• Intervalos ativos durante o estudo, hidratação adequada e até práticas como meditação ou respiração consciente ajudam a manter o foco e o bem-estar sem necessidade de estimulantes artificiais.
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