Tamiris de Liz representa! Como ela se tornou uma das promessas do atletismo
A CH está na torcida pela atleta Tamiris de Liz, que disputará uma vaga para as Olimpíadas 2016, no Rio!
11,4 segundos. Pra você, é um piscar de olhos. Mas, para a velocista Tamiris Liz, de 19 anos, é tempo à beça. “Penso em muita coisa.” Mas, como tudo na vida dela, o pensamento não sai da corrida. “Se eu larguei bem ou mal, se vou conseguir finalizar bem ou não, se estou correndo do mesmo jeito que eu fiz no treino?” Bom, gente, esse é o tempo em que ela corre 100 metros. (Ligue o cronômetro e tente imaginar quanto você seria capaz de correr nesse mesmo tempo. Ops!
A Tá é uma das garotas brasileiras mais cotadas para os Jogos Pan Americanos de 2015, em Toronto. Ela disputa vagas para as provas dos 100 m, 200 m e 4 x 100 m do atletismo. E, claro, espera estar na disputa das Olimpíadas do Rio, em 2016. E no pódio das Olimpíadas de 2020.
Pra estar assim, no topo do esporte, Tamiris corre desde que se entende por gente. Ela não sabe bem por quê. “É igual gente que gosta de comer bolo. Eu gosto de correr.” (Oi? Dá pra gostar de bolo e de correr?) Acha que foi algo que viu na tevê, quando tinha uns cinco anos. E talvez tenha a ver com sentimento de poder quando ganhava dos meninos nas brincadeiras do bairro. “Ninguém queria brincar de pega-pega comigo.” Imagine o por quê.
Aos 10 anos, aluna da Escola Agrícola de Joinville (SC), ela foi escolhida para representar sua escola no Campeonato Escolar, que reuniu pequenos atletas das escolas da cidade. Tamiris estava com o pé todo ferrado por causa de um jogo de futebol que ela havia disputado na semana anterior (moleca, ela?). Por isso, correu descalça e, ainda assim, conquistou o segundo lugar. Margit Weise, sua primeira treinadora, filmou tudo. E, impressionada, logo a convidou para treinar.
Depois de encher a paciência dos pais, que a princípio não levaram a coisa a sério, Tamiris começou a treinar uma vez por semana. Depois, duas. Aos 14 anos, já ia pra pista todo santo dia, depois da aula! Na vida dela, tudo acontecia na pista. Sabe aquela preguicinha que você sente da aula de educação física? Ela nunca sentiu. Passava a manhã toda na escola aflita pra chegar logo no treino. E, quando acabava, ficava por lá, jogando conversa fora com os amigos da corrida. “Minha mãe brigava porque eu chegava tarde em casa.”
O vício de correr até tornava a Tá mais eficiente na escola. Na aula, ela tentava prestar o máximo e atenção e ir adiantando as lições. “Eu saía do colégio às 11h30 e ia pra casa da minha vó. Estudar, fazer trabalho e lição, eu tinha que dar conta de tudo até às 2h30, hora que começava o treino. Não tinha a tarde inteira. Nem me lembro da última vez que assisti à Sessão da Tarde.”
Balada? Não, treino. Fofoca com as migues no What?s? Nem pensar, treino. Pegação? Não, treino. Er, quer dizer, pegação até rola na pista. Há três anos ela namora um cara que, claro, conheceu no centro de treinamento. (Hoje, é namoro a 8 horas de distância ? tempo que leva o busão para ir de Joinville, onde ele está, a São Paulo, onde ela mora agora. A saudade do dia a dia se resolve pelo Facetime?).
Tanta dedicação e os resultados começaram a aparecer. Contratada pelo clube da cidade, o Corville, até salários ela começou a ganhar. Em 2012, aos 16 anos, foi convocada para representar o Brasil no Campeonato Mundial de Atletismo Júnior, em Barcelona. Trouxe pra casa seu melhor tempo até hoje e duas medalhas de bronze: uma nos 100 metros e outra, no revezamento 4 x 100 m. No mesmo ano, integrou a seleção brasileira de atletismo nas Olimpíadas de Londres. “Eu era reserva e, mesmo assim, foi demais! Nunca vi um estádio tão lotado por causa do atletismo. E ainda ganhei um tchauzinho o Usain Bolt?”
Lá, na Olimpíada, Tamiris também aprendeu sobre a postura dos atletas. “Na pista, o espírito é bem tenso. Todo mundo focado. Aprendi a me concentrar mais observando os grandes.” E, quando sobrou um tempo, subiu lá na roda gigante London Eye, pra ver Londres de cima.
Hoje, ela tem até patrocínio e compromissos de gente grande. Ainda nem completou 20 anos, mas já é dona de um terreno em sua cidade natal e, em São Paulo, paga o aluguel do apê onde mora sozinha. “O esporte me deu tudo ? até a liberdade.”
Tá, Tamiris, mas? E perder uma competição? Não é ruim? “Na hora eu choro, me xingo, especialmente quando sei que poderia ter feito melhor. Aí vira um estímulo para as próximas.” A Tá é mais exigente com ela mesma que seu próprio treinador. “Até que ele é bonzinho?”
Tamanha disciplina também passa pelo prato. Ela começou dizendo que podia comer de tudo. E que, aliás, a nutricionista recomendou que enchesse mais o prato de arroz, feijão? Ah, tá. Então chocolate pode? “Pooode.” A barra toda? ?Não, só um gominho.” Todo dia? “Todo dia, não, né? Mas tudo bem, meu fraco não é doce. Gosto de coxinha e hambúrguer.” E seu eu te chamar pra ir no Mac agora pode? “Não! No máximo uma vez por mês.” Haja disciplina, cara leitora! O resultado do esforço aparece no cronômetro. E no corpo, claro. “Sem gordurinha, sem celulite, sem ansiedade!”, comemora. Sem falar nos pernões fortes?
O futuro da Tamiris está nos pódios. Mas, depois de acabar a escola, ela acha que tem muito tempo livre (hoje só treina por meio período) e está a fim de fazer faculdade. Na verdade, três! Veterinária. Educação Física. Fisioterapia. Do jeito que ela é rapidinha, vai ver e já, já ela terminou tudo.😉
Bem, agora você já tem um bom motivo para ficar de olho nas seletivas do atletismo, né? Eu vou torcer muito. E você? Dá pra acompanhar a Tamiris no insta: @tamirisdeliz
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Esta é a primeira da série de reportagens #GarotasdoEsporte, que tem o objetivo de fortalecer e valorizar o esporte feminino. Aqui, você vai ficar conhecendo as meninas que mais se destacam no esporte brasileiro, as que têm chance de ir pra Olimpíada? Além de formar o time Olímpico CH, quem sabe você não se inspira e bota o corpo pra mexer também? Ah, e se você quiser indicar alguma atleta por quem torce, envie um e-mail pra mim: tschibuola@abril.com.br .