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“Ser fofa me fez miserável”, desabafa a atriz de Matilda

Em sua biografia, ela relembra assuntos delicados como depressão e a ditadura da beleza em Hollywood

Por Marcela Bonafé Atualizado em 1 nov 2024, 13h07 - Publicado em 7 out 2016, 15h02

Fofa, superinteligente, fofa, com poderes telecinéticos e fofa. Se você nunca assistiu ao filme Matilda, pelo menos já deve ter visto na internet alguma imagem da garotinha com um laço vermelho na cabeça e pensado “como ela é fofa”!

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Na época em que o filme foi lançado, em 1996, era isso o que mais importava para que os diretores escolhessem a atriz Mara Wilson para protagonizá-lo, com apenas 6 anos de idade. Parece incrível, mas agora, aos 29, ela lançou uma biografia onde conta como essa fofura toda acabou trazendo alguns traumas para ela, que foi alvo de bullying e teve depressão. Ela também destaca que o fato de “não ser tão bonita” atrapalhou sua carreira em Hollywood.

No livro Where Am I Now? (Onde Estou Agora?) Mara explica que, sendo uma atriz mirim, sempre foi tratada como uma boneca e que de tanto as pessoas falarem que ela era fofa, começou a ficar incomodada. “Eu queria a liberdade que meus irmãos adolescentes tinham. […] Mais do que tudo, eu queria que as pessoas parassem de achar que eu era mais nova do que eu realmente era“, escreveu. Ela ainda lembra como a mãe também costumava questionar quando a fofura da filha chamava mais atenção do que o talento.

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Todo esse cenário parecia tão sufocante que ela mal percebeu que estava crescendo – para piorar, nessa fase ela perdeu a mãe para o câncer. Aos 12 anos, quando estava em um set de filmagens, a diretora do filme, que Mara adorava, sentou-se para conversar com ela e disse que estava na hora de usar sutiã. “A puberdade tinha chegado, e eu fui a última a saber. Olhei para o chão, com lágrimas caindo”, a atriz lembra.

Mas foi aos 13 que a ficha realmente caiu. Depois de um crush dizer que ela era feia e de um diretor sugerir, durante um teste, que ela era perfeita para o papel da “amiga gorda”, Mara teve mais certeza de que atuar era seu único porto seguro. Além disso, ela costumava ser alvo de muito bullying na internet por causa de sua imagem. “Ser bonita importava – e não apenas no mundo da TV e dos filmes”, ela concluiu.

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Foto: Reprodução/Twitter
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Essa percepção deixou a atriz cheia de inseguranças (quem nunca?) sobre a própria aparência. Então, ela se comparava constantemente com outras colegas atrizes, como Scarlett Johanson, Kristen Stuart e Hillary Duff – que viviam estampando capas de revista – e percebia que nunca seria bonita o suficiente para Hollywood. “Eu secretamente desejava um acidente onde eu machucaria meu nariz e meu queixo, então ganharia uma reconstrução facial”, ela chegou a admitir na biografia.

Auto-aceitação

Depois de se abrir sobre todos esses assuntos delicados em sua biografia e inclusive contar sobre a depressão que enfrentou, ela admite que continua sendo crítica com a própria aparência de vez em quando. Além disso, diz ser bem chato ter que se ver em galerias na internet sobre “como esses atores estão atualmente” e lidar com comentários desagradáveis. No entanto, ela agora enxerga tudo de outra forma: “Não é meu trabalho ser bonita, ou fofa, ou qualquer coisa que as pessoas querem que eu seja”.

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Foto: Reprodução/Twitter
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“Então da próxima vez que alguém escondido por trás de um username decidir me dizer o que me deixaria mais bonita, eu vou propor o seguinte: eu irei encontrá-lo pessoalmente e pedir que me ouça. Vou dizer como foi passar pela puberdade na frente de um público depois de minha mãe morrer de câncer. Eu vou dizer como é o sentimento de achar um website anunciando nudes suas como uma criança de 12 anos. Eu vou dizer que eu conheci os dois lados da fofura, e nos dois casos isso me fez miserável”, ela desabafou no livro.

“Eu vou dizer como minha mãe queria que eu me provasse por meio de minhas ações e habilidades, ao invés de meus looks. E agora eu acredito que tenho esse talento, e estou mais feliz do que nunca“, completou. E ela ainda brincou: “Depois de tudo isso, se a pessoa continuar insistindo em me dizer como eu deveria ser, vou considerar contratá-la como meu estilista”.

Surpreendente, né?! É aquela velha história: às vezes acabamos julgando os outros sem conhecer e sem saber pelo que estão passando. Fazer elogios sinceros, guardar críticas desnecessárias e, acima de tudo, enxergar além da aparência e da fofura pode deixar o dia (e a vida) de alguém muito melhor. <3

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