Sabe de uma coisa?! Ainda bem que “todo Carnaval tem seu fim”
A ressaca de alegria pós-bloquinho ensina muito sobre equilíbrio
Eu me descobri uma grande entusiasta do Carnaval: amo dançar na rua com fantasias de gosto duvidoso e glitter no corpo – que vai demorar duas encarnações para sair. Eu amo o suor, o barulho, o calor e a alegria das pessoas em volta de mim.
O Carnaval tem uma coisa mágica, uma energia quase palpável. Dá pra sentir a felicidade no ar! Também sinto coisa parecida no Natal. Um sentimento em comum e uma sensação de pertencimento… Somos um só.
O problema do Carnaval é a ressaca. E eu digo isso sem ser muito chegada a álcool nem abusar de nada que não seja paetê e brilho. A ressaca carnavalesca que me acomete é a tristeza pós-bloquinho.
Existe um sentimento de vazio que chega na Quarta-feira de Cinzas e segue pelo restinho de fevereiro.
Ufa! Que bom que ele acabou.
Minha quaresma tem ar de quarentena: me isolo, me tranco em casa, fico menos simpática e muito mais introspectiva. Viro sommelier de silêncio: qualquer barulho me irrita. Entro numa onda egoísta, um misto de autopreservação e rabugice, e esqueço da vida coletiva que eu tive na semana passada.
Meu tanque de alegria fica vazio por uns dias e eu preciso muito de mim mesma para me reconectar de novo com a leveza dos dias. Em tempo de Carnaval, eu gasto sorrisos, abraços e simpatia como um herdeiro gasta champanhe no camarote. Muito mais do que eu deveria, com um ímpeto de falta noção.
Mas esse período é importante para eu lembrar máxima que rege minha vida: equilíbrio é tudo. Não dá pra se manter no auge por tempo demais nem dá pra se manter na fossa por tempo indeterminado. Tudo é passageiro.
E para além da ressaca moral, o que mais sinto é saudade.
Falta muito para o Carnaval do ano que vem? Quero esbanjar alegria como se o resto do ano fosse um mero detalhe. De novo. E sempre.