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Rússia x Ucrânia: entenda por que está havendo uma guerra no Leste Europeu

Historiador explica a principal causa do conflito, como ele impacta na economia global e se há mesmo chances de virar uma Grande Guerra

Por Bruna Nunes Atualizado em 30 out 2024, 16h16 - Publicado em 5 mar 2022, 10h03

No dia 24 de fevereiro, a Rússia bombardeou a Ucrânia pela primeira vez e uma guerra estourou. Desde então, muito se tem falado sobre os conflitos armados do Leste Europeu, que pode inclusive ser tema de vestibulares. Pensando nisso, a CAPRICHO entrevistou Carlos Gregório dos Santos Gianelli, doutor em História e professor do Marista Escola Social Lucia Mayvorne, para dar um panorama geral e histórico sobre o que está ocorrendo.

imagens de como a Ucrânia ficou após ataques Russos.

1. Qual é o motivo do conflito?

Basicamente, o objetivo da Rússia é impedir o avanço da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ao redor do seu país, construindo assim bases militares em territórios que o cercam. É aí que a Ucrânia entra na história!

Localizada numa região estratégia e sendo pequenininha, teoricamente a região é de fácil dominação. Como a Otan, liderada pelos EUA, estava de olho nela e aumentando sua influência sobre a nação cada dia mais, os russos, que brigam com os norte-americanos há anos, se sentiram ameaçados. Foi então que Vladmir Putin, presidente da Rússia, decidiu atacar, visando especialmente questões territoriais. “A Ucrânia está no momento de aderir ou não à Otan. Se aderir, a Rússia ficará ainda mais apertada e isolada, militarmente e politicamente, do mundo. Por isso, esse conflito é o que a gente chama de ‘controle geopolítico’. Esse é o motivador principal da Rússia, que luta contra isso há anos”, explica o professor.

2. Ele pode mesmo virar uma Grande Guerra?

Antes de mais nada, Carlos acalma: nós não estamos presenciando a 3ª Guerra Mundial. Para ser, teria que envolver vários países diretamente, assim como ocorreu nas duas primeiras Grandes Guerras. Como já se sabe, o conflito atual está acontecendo entre dois países: Rússia e Ucrânia. Sob comando do presidente russo, Vladimir Putin, tropas militares entraram em Kiev, a capital ucraniana. As comparações se deram porque, assim como na 2ª Guerra, está havendo uma grave crise militar na Europa. Se China, Alemanha e EUA efetivamente entrarem belicamente no conflito… Bem, aí o cenário pode mudar.

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imagens de como a Bucha, em Kiev na Ucrânia, após bombardeios no dia 4 de março
Aris Messinis/Getty Images

3. Existe um lado certo?

“Temos uma visão já treinada de escolher sempre um lado. Para entender um conflito desses, a prioridade não precisa ser escolher um lado para defender, principalmente estando em um momento histórico presente. Afinal, tudo ainda está acontecendo”, pontua o professor. Lembre-se de que cada líder mundial vai falar com os povos defendendo suas questões.

Por exemplo, durante seus discursos, o governo russo não foca tanto no conflito com a Otan, mas no combate ao avanço de células neonazistas na Ucrânia. Por outro lado, o governo ucraniano defende que a Rússia não está respeitando a independência de seu território, um ponto muito delicado na política global. 

As pessoas carregam seus pertences enquanto passam pelos escombros do combate das últimas semanas na capital ucraniana de Kiev
SERGEI SUPINSKY/Getty Images

4. Como a guerra afeta outros países? 

A economia global é afetada. O impacto no mercado financeiro é grande e é preciso entender que conflitos armados são benéficos para a indústria bélica. Algumas pessoas e pontuais potências realmente saem lucrando.

Ficar por dentro desta atualidade é compreender por que sua compra no mercado está mais cara. “Essas guerras têm como consequência a alta dos preços. Desde o início, por exemplo, a gente tem tido uma oscilação do valor do barril do petróleo muito forte, e como o petróleo produz combustível, a gasolina claramente vai ter um valor mais alto. Há crescimento da inflação no mundo todo, no Brasil não é diferente”, explica o professor.

Entender a guerra também é entender o que leva as pessoas a quererem sair de seus países: “Uma das questões mais importantes, e que  tem sido discutida nos últimos anos, é a questão dos refugiados. Muitos buscam asilo no Brasil. Você começa a entender porque uma pessoa vem para cá, gera uma visão mais empática“, continua.

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Carlos acredita que, além de conhecimentos para vestibulares, os debates gerados em sala de aula geram conhecimento para vida toda. “É importante que os alunos entendam os fatores históricos. É mais do que decorar datas, é saber que isso está acontecendo sempre, na frente dos nossos olhos”, reflete. O historiador também deixa o alerta de que a escola essencial para entender todo o contexto, mas isso não significa que a internet e outros meios sejam inimigos. “Só é importante tomar cuidado com fórmulas muito simples. Busque fontes confiáveis e, claro, tire suas dúvidas em sala de aula sempre que possível. A internet pode ser uma grande aliada, ao facilitar que os alunos exerçam suas funções e direitos como cidadãos e também por circular e estimular a busca por mais informações”, dá a dica.  

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