Redação da CAPRICHO conta o que aprendeu sendo muito fã

A experiência de fã é única, proporcionando vivencias e ensinamentos diversos e especiais

Por Mavi Faria Atualizado em 19 mar 2025, 16h52 - Publicado em 19 mar 2025, 13h00
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ó quem é entende o que é amar um ídolo com dedicação e intensidade. Mesmo sem conhecer o astro em pessoa, e, às vezes, até sem saber mais detalhes de sua vida pessoal, o sentimento de fã é único: ele desperta sentimentos profundos, se conecta com nossas experiências pessoais e até consegue traduzir o que sentimos por meio de suas obras.

No meu caso, sinto uma relação diferente com cada ídolo, que depende de quando comecei a acompanhar, o que a pessoa representa para mim, como eu me sentia na época, e por aí vai. Esse tipo de relação mais pessoal permite que eu me sinta amiga e íntima dos meus ídolos sabe aquela sensação de ouvir uma música do ídolo, por exemplo, e sentir que foi feita exatamente para você?

Não é de se espantar que, com o reconhecimento e a admiração, a relação entre fã e o ídolo proporciona aprendizados únicos. Com esse amor que você tem a oportunidade de aprender sobre empatia, resiliência e até sobre quem você é. Mas, assim como o relacionamento entre fã e ídolo é único para cada um, os ensinamentos também são.

Para te mostrar como cada vivência e experiência é uma, convidamos a galera da redação da CAPRICHO para contar o que cada um aprendeu sendo fã e o que essas experiências representam para eles. Confira abaixo!

  • Matheus Carvalho, designer

Sinto que pra além de aprender sobre uma relação de admiração e identificação com outras figuras, ser fã me introduziu em espaços que foram essenciais pra minha formação enquanto pessoa.

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Ao me interessar pelo que meus artistas favoritos estavam dizendo em suas letras, fui atrás das traduções, o que atrelado à minha vontade de ver filmes em sua língua original, ler livros que ainda não haviam sido lançados em território nacional, me fizeram aprender outra lingua meio que “sem querer.

A partir do momento que essa relação com o conteúdo que eu consumia se tornou mais estreita, me tornei uma espécie de pesquisador, tentando entender cada vez mais de onde vinha a inspiração desses artistas, com quais outros artistas eles se relacionavam, como funcionava o processo deles, como os fãs deles se relacionavam com a arte, como era a indústria que estavam inseridos. Fora a relação com os fandoms, que fez ter um contato maior com a produção de imagens e me despertou um interesse por design de uma maneira mais abrangente… que no final das contas acabou se tornando minha profissão.

  • Duda Cardim, estagiária de Moda e Beleza

Desde criança, sempre tive a liberdade de escolher o que queria assistir e ouvir. Meu pai me acompanhava e apoiava em todas as fases da minha infância e adolescência. Foi assim que comecei a me tornar fã de cantores e filmes.

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Ainda assim, muitas vezes fui julgada por ter esse carinho pelos artistas que gostava de acompanhar, como Taylor Swift, Jão e Manu Gavassi, como se ser fã de alguém me tornasse menos madura ou inteligente. Foi quando entrei na CH que me senti confortável para abraçar novamente esse meu lado. Aqui, convivo com pessoas que priorizam seus próprios gostos sem se preocupar com a opinião dos outros — e são muito mais felizes assim.

Hoje, não escondo que sou fã dos artistas que amo, afinal, isso só me faz bem. Me divirto, vou a shows, compro merch, tatuo minha pele e faço amizades por conta disso.

  • João Vitor, designer

Confesso que eu nunca me achei fã de muita coisa. Achava uma palavra forte e não me via nesse nível de admiração e devoção por ninguém. Mas foi quando soube da morte de Sophie Xeon que eu entendi que eu era fã sim de alguém. Especialmente muito fã dela.

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Sophie foi uma cantora, produtora musical e dj inglesa que foi a primeira pessoa trans a ser indicada a um Grammy. Já trabalhou com artistas como Madonna e Charli XCX e foi uma das minhas companhias mais fieis durante a pandemia. Quando soube da morte dela – que foi em Atenas, em uma trilha, quando ela estava indo olhar a lua – tinha acabado de acordar e um amigo tinha me mandado mensagem preocupado. Confesso que na hora nem eu entendi a preocupação dele, mas senti uma tristeza e um pesar tão grande, que não imaginava nunca sentir. Passei o dia triste, chorei no banho e dirigindo com meus amigos também fãs dela escutando nossas músicas preferidas. A única forma que encontrei de lidar com todos esses sentimentos foi fazendo um desenho:

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A Sophie me ensinou o que é ser fã, se sentir intimamente ligado à arte de alguém por uma explicação quase surreal. Até hoje fico muito triste quando paro pra pensar nas músicas que ela faria e que perdemos a genialidade dela 🙁 REST IN POWERRRRR SOPHIEEEEE!!!!!!

  • Juliana Morales, repórter de Comportamento
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Quando o assunto é ser fã, a primeira coisa que vem na minha cabeça, inevitavelmente, é o RBD. Minha obsessão de infância me acompanha até hoje, mas de uma forma diferente. Com o fim da banda, precisei ressignificar esse amor, aprender a curtir a nostalgia e ver a saudade por uma perspectiva positiva. Acompanhar nossos ídolos crescerem e seguirem outros caminhos também nos faz encarar nosso próprio crescimento. Eu não queria que acabasse, mas hoje consigo olhar com carinho para o passado – e isso eu tento levar para tudo na vida. Hoje, como adulta, com menos tempo e mais responsabilidade, ser fã me lembra de levar a vida com mais leveza.

  • Juliana Kataoka, Social Media

Quando eu tinha uns 13, 14, e ouvi Nirvana pela primeira vez, senti quase como aquele meme do hétero que sempre gostou de mulheres… mas esse Nirvana tem algo diferente, sinto uma atração que eu nunca senti antes, ela desperta algo em mim que eu nunca tinha sentido…

Estou brincando, mas foi algo meio assim, de verdade! O Kurt Cobain já tinha morrido fazia um tempão, mas mesmo assim eu passei a ir atrás das músicas, das letras, dos vídeos – pensa que demorava uns dois dias pra baixar um vídeo na internet discada! tudo que tinha sido escrito sobre a banda, os artistas amigos e colaterais. E essa curiosidade investigativa, essa escavação cultural foi uma das coisas mais legais que já tinham acontecido comigo e tão legal que praticamente guiou a minha escolha de profissão – algo que me possibilitasse sempre coladinha com a cultura pop e sempre investigando.

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Sendo fã do Nirvana eu aprendi a tocar guitarra, sendo fã da alanis eu aperfeiçoei meu inglês, sendo fã da Shakira eu me interessei pelo espanhol, sendo fã da Courtney Love eu aprendi a falar o que eu quisesse sem medo de retaliação alheia, especialmente masculina, e sendo fã da Björk, aprendi que a expressão artística em música pode se dar de formas muito diferentes que eu estava acostumada! E aqui eu só estou falando só sobre música! A experiência de ser fã é fundamental.

  • Sofia Duarte, repórter de Moda e Beleza

Aprendi que quando se é fã, laços são criados e fortalecidos. Não apenas com a pessoa admirada, que muitas vezes proporciona espaços seguros e a sensação de não estar sozinha, mas também com quem a gente encontra no meio do caminho. Já fiz amizades que vieram de um amor em comum e compartilhei as melhores (e também piores) experiências da minha vida com elas. Formei conexões verdadeiras que, sejam momentâneas ou longevas, deixaram um marco especial na minha jornada como fã – e fizeram cada esforço, lágrima e perrengue valer a pena. 🤍

E você, o que aprendeu sendo fã?

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