Ranking preconceituoso feito por alunos da USP não é novidade, infelizmente

Cartaz com apelidos pejorativos foi colado no pátio do campus da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, e chamou a atenção de todos.

Por Isabella Otto Atualizado em 4 nov 2024, 15h04 - Publicado em 22 jun 2015, 19h20

A polêmica aconteceu recentemente no campus da USP em Piracicaba. Alguns alunos fizeram um ranking preconceituoso e de mau gosto, em que usavam palavras e apelidos ofensivos para expor a vida sexual dos estudantes listados, como você pode ver na imagem a seguir:

A diretoria da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) está julgando o caso e pretende tomar uma atitude com relação ao cartaz que “tem um caráter de assédio e conteúdo difamatório intencional”, segundo declaração dada pelo professor Antonio Ribeiro de Almeida Junior ao site G1 . Mas a questão principal para você, que ainda está na escola, nem é essa.

Quer dizer, a gente torce para que a diretoria do campus tome uma atitude e que, principalmente, as pessoas comecem a respeitar mais umas as outras e medir as consequências de seus atos. Um ranking como esse não deve ser encarado como uma simples zoeira ! Aliás, na sua sala de aula, já deve ter circulado uma listinha parecida.

“As mais gatas da sala”, “As mais gostosas da turma”, “Quem eu pegaria”, “Para pegar e para namorar”, “Rodadas”. Esses eram os títulos de algumas enquetes que perambulavam pela minha sala de aula quando eu ainda estava no colégio. Não faz muito tempo, mas essa história de ranking não é novidade.

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Lembro-me de voltar triste para casa depois de me deparar com uma dessas listas, que elegiam as mais lindas da classe, e perceber que o meu nome não estava nela. Ou pior! Que estava em último lugar. Antes, aquela “brincadeira entre amigos” me machucava demais. Eu queria ser bonita! Eu queria ser popular! Hoje, vejo que não deveria ter dado tanta atenção a ela. Ou melhor, eu deveria ter dado atenção redobrada e percebido o quão cruel e preconceituosa essa lista era. O quanto ela ‘objetificava’ as pessoas listadas.

Eu, Isa Otto, percebi, por experiência própria, que esses rankings começam desde cedo, lá no ensino fundamental, e a imaturidade, muitas vezes, é usada como desculpa. Daí eu cresci e pensei que um universitário responsável não iria mais perder seu precioso tempo organizando uma lista à la “salva as mais gatas, afoga as mais feias”. Mas eu estava errada. E sabe o que é mais hipócrita nessa história toda? Os mesmos que colaram o cartaz difamatório na parede do pátio da universidade, sentiram-se ofendidos com os cartazes de repúdio das vitimas e arrancaram todos eles.

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Por isso, hoje, você aí que está no colégio e não alcançou o topo da lista, como eu, um dia, não alcancei, não fique deprimida consigo mesma. Fique triste por eles. E você aí que está pensando em brincar de enquete com os amigos, três dicas para o ranking perfeito :

1) Pare de encarar isso como uma brincadeira inofensiva;

2) Pare de expor a vida dos outros sem o consentimento deles;

3) E por último, mas não menos importante, pare de ser babaca.

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