Queimadas na Amazônia batem novo recorde e fumaça chega a outros estados

"A Amazônia é uma floresta tropical, não pega fogo sozinha", explica o biólogo e conservacionista Gustavo Figueirôa

Por Isabella Otto Atualizado em 30 out 2024, 15h35 - Publicado em 9 set 2022, 11h27
Imagem de satélite mostra região de queimadas da Amazônia
Copernicus/Divulgação

Nós já estamos cansados de noticiar que o desmatamento na Amazônia Legal segue batendo recordes, e apostamos que vocês também já não aguentam mais ler notícias do tipo. Mas é o que acontece. Antes fosse algo relacionado com fake news, como tantos insistem em dizer por aí.

Dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), publicados em agosto, mostram que o desmatamento na região protegida da floresta bateu em 2022 o recorde dos últimos 15 anos.

A derrubata de áreas verdes da maior floresta tropical do mundo desregula a temperatura do planeta e impulsiona o aquecimento global, que desajusta as estações do ano e faz com que as tragédias naturais se tornem cada vez mais frequentes e intensas.

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E se há fumaça, há fogo. O aumento das áreas desmatadas eleva os focos de incêndio. “Neste exato momento, parte da borda sul da Amazônia arde em chamas(…) Diversas Unidades de Conservação estão sendo dizimadas pelo desmatamento e pelo fogo, que está transformando em cinzas um dos lugares mais ricos em biodiversidade desse bioma”, relata o biólogo conservacionista Gustavo Figueirôa, diretor na SOS Pantanal, que está atuando junto de voluntários para conter as queimadas, que já impactam outras regiões do Brasil, mesmo que não diretamente.

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Na manhã desta sexta-feira (9), alguns estados brasileiros, como São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, acordaram com uma nuvem espessa pairando no céu, provoca pelos incêncios na região entre o norte do Mato Grosso e sul do Pará.

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Neste ano, os pontos de fogo na floresta já são maiores que os do ano passado, e a tendência é que a destruição se torne mais acentuada a cada ano que passa, justamente por todos os fatores que listamos anteriormente. Nos primeiros quatro dias de setembro, o fogo foi 70% maior do que o registrado no mesmo mês do ano passado, conforme relata o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

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“Vale lembrar que a Amazônia é uma floresta tropical, não pega fogo sozinha. Os incêndios são a última fase de um processo de destruição que começa com a derrubada da mata viva. A luta é árdua, injusta e muitas vezes perigosa. Porém, desistir não é uma opção”, afirma o biólogo.

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