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Procuradores vivem em bolhas de privilégios e esnobam iPhone SE: “Esmola”

Procurador que lidera protesto contra novo celular fornecido pela Procuradoria-Geral da República ganha salário de R$33.689,11

Por Isabella Otto 1 mar 2021, 13h17
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CAPRICHO/Sestini/Reprodução

Nesta segunda-feira, o jornal Folha de S. Paulo publicou uma reportagem sobre conversas vazadas na rede interna de comunicação dos procuradores da República que tirou a internet do sério. De acordo com a matéria, alguns procuradores protestam contra o acordo firmado entre a Procuradoria-Geral da República e a operadora Claro, que forneceria aos representantes no poder 1.200 iPhones SE além de 650 celulares do mesmo modelo para servidores comissionados.

Liderado por Marco Tulio Lustosa Caminha, procurador da República no Piauí, o protesto foi encaminhado para Darlan Ailton Dias, secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação da PGR (Procuradoria-Geral da República). Nele, Marco Tulio diz que nenhum procurador é “moleque” por aceitar um iPhone SE no lugar de um iPhone 7, modelo que estava sendo usado até então. O celular da Apple, lançado em 2020, é chamado de esmola pelo procurador, que ainda diz: “Isso é um insulto(…) Estão querendo nos humilhar?(…) Devemos ser respeitados”.

Parte da Procuradoria-Geral da República diz torcer para que haja um equívoco nessas informações. Contudo, outras mensagens trocadas atestam que procuradores revoltados, que vivem em uma realidade alternativa àquela do Brasil, dizem que o iPhone SE não atende às necessidades de trabalho deles, devido “à tela pequena e a defasagem em relação a novas tecnologias”, como o 5G, que ainda nem está disponível no país.

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Procuradores vivem em realidade alternativa e esnobam iPhone SE:
Divulgação/Apple/CAPRICHO

Apesar de ter sido lançado para competir com aparelhos “mais em conta” do mercado, o iPhone SE tem tecnologias modernas, um processador de A13 Bionic (presente no iPhone 11) e foi lançado no Brasil por um valor de R$3.690. Hoje, é possível encontrar o modelo por R$2.510, mas esse ainda é um preço alto para muitos brasileiros, já que o salário mínimo no país é de R$1.101,95.

Crise? Não na bolha dos procuradores, cuja média salarial é de R$ 30 mil, conforme consta no relatório “Remuneração Membros Ativos” de janeiro de 2021, disponível para todos no Portal da Transparência. Inclusive, o procurador Marco Tulio Lustosa Caminha ganha um salário de R$33.689,11.

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