Processo de Linn da Quebrada para entender a depressão pode te inspirar
Após um mês internada em uma clínica de reabilitação, a cantora e atriz abre seu coração sobre a luta pela saúde mental e contra o abuso de substâncias.

m dos primeiros passos para o tratamento efetivo da depressão é aceitar que a doença existe, e Linn da Quebrada sabe bem como esse processo é difícil. Após um mês internada em uma clínica de reabilitação, a cantora e atriz subiu em um palco novamente no último fim de semana, e concedeu uma entrevista emocionante onde se abre sobre sua saúde mental.
Ao Fantástico, Linn, ou Lina Pereira dos Santos, relatou que embora essa tenha sido sua segunda internação, a situação foi completamente diferente já que, na primeira vez, em abril do ano passado, a internação foi involuntária. Ela conta que, na época, não aceitava que tinha depressão nem entendia exatamente o que o diagnóstico representava.
“Não foi, de pronto, [uma decisão minha]. Mas eu aceitei. Por quê? Eu não aceitava que eu estava adoecida. Eu não entendia o que significava a depressão. E, nisso, veio junto também, sim, o abuso de substâncias”, desabafa.
Dessa vez, a atriz e cantora afirma que a situação foi diferente e que não só ela entendia que precisava de ajuda, também se sentia muito amada, apesar de como o público ficou sabendo de sua internação. Em março deste ano, um vídeo circulou nas redes sociais onde uma mulher parecida com Linn caminha ao lado de um homem em uma rua de São Paulo.
Nas redes, a galera apontou que o vídeo foi feito na Cracolândia, bairro onde há concentração de usuários de substâncias ilícitas, sugerindo que Linn estivesse fazendo uso dessas substâncias novamente. Na época, a equipe da cantora e atriz confirmou sua internação e negou que o vídeo tenha sido gravado nesta região, alertando, ainda, para o perigo de julgar e criticar uma pessoa que está com a saúde mental fragilizada.
Em entrevista, Linn também nega que o vídeo tenha sido gravado na Cracolândia, mas lembra que “sim, eu estava em situação de vulnerabilidade, e estava em situação de uso abusivo de substâncias”.
Hoje, Linn consegue entender e explicar que o abuso de substâncias foi uma tentativa de “tampar buracos emocionais” feitos ainda na infância, em meio ao bullying por ser uma criança LGBT e à falta de uma figura paterna.
“Não sabia o que era ter um pai, então eu nasci carente de ser amada. E, na minha criança, eu sinto que é essa criança que tá pedindo pra mim: ‘Me ama, me dá um pouco de amor próprio”‘, relata.
Apesar da situação delicada e do tratamento ainda extenso contra a depressão, Linn sabe que há amor emanado para ela e que “não vai ser com o uso abusivo de substâncias que eu vou conseguir tampá-los”. No meio desse carinho do público, de amigos e de familiares, a própria Linn ressalta que o áudio enviado a ela, na internação, por Fernanda Montenegro, foi o “chacoalhão” e o “empurrou” que ela precisava para acordar.
Parceiras de gravação do filme Vitória (2025), Linn e Montenegro se tornaram grandes amigas e construíram um laço muito especial, que causou grande efeito positivo na cantora enquanto estava internada. No áudio, Montenegro chama a amiga para a vida – e para viver. “Lina, querida, a gente tem que se conduzir na vida, tem que ter fôlego, tem que ter sonho. A vida é sonho. Se é sonho, a gente tem que realizar o sonho com o nosso fôlego”, afirma.
Outra coisa essencial no seu tratamento, segundo Linn, foi a manutenção de um diário, que, segundo ela, a ajuda a “cuidar dos meus vazios emocionais, se não eles vão me comer viva”. Em um trecho, ela afirma e manifesta:
“Se hoje eu decido ficar e permanecer em casa, sóbria, lúcida, limpa, é por amor. E é assim que recrio sobre minha própria existência, em e por amor”.