Por que Pabllo Vittar e Anitta são, sim, orgulhos nacionais

Não seja aquele tipo de pessoa que não reconhece um bom trabalho só porque o artista não faz o tipo de musica que curte ouvir.

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 21h27 - Publicado em 5 ago 2017, 16h13

Não gostar de um gênero musical não te dá liberdade para falar mal dele ou deixar de reconhecer os artistas que nele fazem sucesso. Apesar de estar mais inserida atualmente no pop do que no funk, muita gente ainda diz não gostar da Anitta porque ~não escuta um pancadão~. Justo. Afinal, você não é obrigada a nada nessa vida. Mas é preciso reconhecer que a Anitta é um fenômeno musical, assim como a Pabllo Vittar, sua amiga e parceira de profissão.

As cantoras bateram recordes com o clipe da música Sua Cara, que entrou para a lista dos vídeos mais visualizados no YouTube em 24 horas. A parceria com Major Lazer superou sucessos de Shakira, Rihanna e Katy Perry, e já tem mais de 40 milhões de visualizações! O fato por si só já é incrível, mas quando você para, pensa e realiza que são duas brasileiras quebrando recordes mundiais e bombando o canal de um artista gringo, o negócio só fica melhor. Ainda assim, contudo, há pessoas que dizem que enaltecer Anitta e Pabllo é uma palhaçada. Aqui a gente explica os porquês de não ser bem assim.

Reprodução/Reprodução

Para isso, vamos voltar no tempo… Larissa de Macedo Machado, a Anitta, nasceu no dia 30 de março de 1993, no Rio de Janeiro. Aos 8 anos, ela começou a cantar no coral da igreja. Quando seu pai perdeu o emprego, a garotinha de 11 anos precisou ir para uma escola municipal. Juntando a pouca mesada que recebia, ela conseguiu pagar um curso de inglês, por iniciativa própria. Aos 16, foi a vez de fazer um curso técnico de administração. “Começava a fazer shows de graça por aí, em favela, becos, em buraco… Enquanto as minhas amigas estavam indo pra night, eu ficava ali, focada na música. As pessoas querem chegar longe, mas não querem se sujeitar a começar de baixo“, afirmou a cantora em entrevista ao site Purebreak. A carioca sempre soube o que queria e foi atrás daquilo que precisava para ir além, superar seus limites, mudar a sua história e a de sua família.

Após muitos shows com cachês baixíssimos e de se fazer notada, se tornando repórter por um dia em bailes funks, por exemplo, a música Show das Poderosas chegou. Com ela, um clipe que hoje tem mais de 130 milhões de visualizações. Foi um marco! Depois do sucesso, veio Bang! e, mais uma vez, Anitta quebrou o próprio recorde. Neste ano, ela assinou contrato com uma agência internacional chamada Shots Studios e os boatos são de que lançará um álbum totalmente em inglês em breve.

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A visibilidade nos Estados Unidos, porém, começou antes da parceria com Major Lazer. Anitta é a convidada especial da música Switch, de Iggy Azalea. Parcerias do tipo são importantíssimas para uma artista que deseja ter uma carreira internacional, e Anitta sabe disso. A carioca sempre está a frente de seus projetos, nunca deixa de opinar, de ser a própria empresária, de colocar em prática tudo o que aprendeu naquele curso de administração que fez na adolescência. Sorte, sim. Talento e competência também.

Um pouco mais ao norte do Brasil, no Maranhão, no dia 1º de novembro de 1994, nascia Phabullo Rodrigues da Silva, a Pabllo Vittar. Como algumas pessoas precisam de números para se convencerem de que algo é realmente sucesso, a cantora é a drag queen mais seguida no Instagram, com quase 3 milhões de seguidores, superando inclusive RuPaul. Mas o reconhecimento é por razões que vão muito além.

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Pabllo é drag, gay e nordestina. Pabllo toca em baladas héteros tidas como ~coxinha~ e ~topíssimas~, foi dona do hit do Carnaval 2017 e chega à residência de famílias que até então não tinham nunca falado sobre temas como orientação sexual e gênero. A cantora está ai para desconstruir. “Eu fico muito honrada de saber que a gente está chegando na casa dessas pessoas e podendo ajudar de alguma forma, através das minhas músicas e dos meus shows”, comemorou em entrevista à CAPRICHO.

Para você, hétero, talvez isso não tenha muita relevância. Mas não deveria ser assim, mesmo que você não tenha lugar de fala. A cada 25 horas, um homossexual é assassinado no Brasil. O país também é o que mais mata travestis e transexuais no mundo, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Grupo Gay da Bahia, em 2016. Um estudo feito pela Universidade Federal de São Carlos mostra ainda que 32% dos homossexuais entrevistados sofrem ou sofreram preconceito na escola, e que os educadores não estão preparados para reagir diante de agressões, tanto físicas quanto verbais. Parece que por estarmos discutindo mais assuntos do movimento LGBTQ+, vivemos em uma sociedade mais tolerante. Mas tudo não passa de uma ilusão. Artistas como Pabllo Vittar são extremamente necessários.

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Vide dois casos recentes de claro preconceito que rolaram contra a cantora. O repórter Amin Khader simplesmente ignorou Pabllo durante coletiva de imprensa do clipe de Sua Cara, em São Paulo. Na gringa, o blogueiro Perez Hilton não citou a cantora na matéria sobre o trabalho com Diplo. Quando questionado do porquê, ele simplesmente disse: “porque eu não falo de Pabllo Vittar no meu blog. E eu não ligo”. Um gay não ligando para outro gay e boicotando o próprio movimento.

Anitta e Pabllo estão ganhando o mundo e trazendo visibilidade para o pop brasileiro. Elas representam minorias, batalham para continuar no topo e têm famílias que as apoiam. Isso é, sim, motivo de orgulho. Por que aceitamos tudo o que vem de fora, mesmo que não nos agrade tanto assim, e tentamos boicotar nossos produtos orgulhos nacionais?

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Long live to the queens

 

 

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