Pesquisadoras brasileiras decodificam DNA do coronavírus em tempo recorde
Ester e Jaqueline estão a frente das pesquisas que levaram dois dias; no resto do mundo, foi preciso uma média de 15 dias para realizar o mesmo trabalho
Jaqueline Goes de Jesus, graduada em Biomedicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e Doutora em Patologia Humana e Experimental pela Universidade Federal da Bahia, e Ester Cerdeira Sabino, Professora Associada do Departamento de Moléstias Infecciosas da Faculdade de Medicina da USP, foram as duas brasileiras por trás da decodificação do genoma do coronavírus, que identifica todas as informações hereditárias no DNA do novo vírus e facilita a descoberta da origem da epidemia.
Em entrevista à Agência Fapesp, Ester Sabino explicou que sabe-se “que o único caso confirmado no Brasil veio da Itália, contudo, os italianos ainda não sabem a origem do surto, pois não fizeram o sequenciamento de suas amostras. Não têm ideia de quem é o paciente zero e não sabem se ele veio diretamente da China ou passou por outro país antes”. Vale ressaltar que a média para o sequenciamento do genoma ser realizado em outros países é de 15 dias. As brasileiras, aliadas a outros pesquisadores, sequenciaram o código viral em apenas dois.
Ester ficou encarregada de treinar a equipe de cientistas para trabalhar usando uma tecnologia chamada MinION, já empregada no monitoramento de vírus como o Zika. A biomédica Jaqueline Goes de Jesus coordenou as pesquisas. Ela também está envolvida em trabalhos de combate ao Zika.
Além da descoberta em tempo recorde ter sido feita por duas mulheres, ambas têm no currículo formações em universidades públicas. Uma, Jaqueline, é negra e baiana. Neste ano, é relevante relembrar que houve um corte de verbas de quase 90% no orçamento de fomento à pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.