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Pedir ajuda não é tão complexo quanto parece; entenda como funciona o CVV

O Centro de Valorização da Vida, mais conhecido como CVV, é uma referência no serviço de apoio emocional e prevenção do suicídio

Por Juliana Morales 15 set 2024, 13h00
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taxa de suicídio entre jovens brasileiros cresceu 6%, entre 2011 e 2022, segundo estudo do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidacs), da Fiocruz Bahia. Diante de números como esse, a campanha deste Setembro Amarelo carrega o slogan “Se precisar, peça ajuda”, para incentivar a busca por apoio como forma de prevenção ao suicídio.

Sim, sabemos que pessoas que estão enfrentando momentos difíceis e pensando em tirar a própria vida, muitas vezes, sentem dificuldade de falar sobre seus sentimentos com alguém, mas é importante mostrar que pedir ajuda não é tão complexo quanto parece – e é muito necessário. Você pode buscar alguém da família ou um amigo de confiança, mas também existem espaços seguros de acolhimento como o CVV (Centro de Valorização da Vida).

O que é o CVV e como funciona

Criado em São Paulo em 1962, o CVV se apresenta como “um serviço voluntário gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato”. Com 3.500 voluntários espalhados pelo país e totalizando cerca de 7.000 ligações por dia, a associação virou uma referência no Brasil quando se trata de apoio emocional e prevenção do suicídio.

Há 25 anos, Antônio Batista faz parte da equipe de voluntários do CVV, na unidade de Pinheiros, em São Paulo. Ele conta que uma propaganda que ele viu na televisão muitos anos atrás foi o estopim para ele se tornar um voluntário. Com o passar do tempo, os detalhes do anúncio acabaram saindo da sua mente, mas ele lembra que no vídeo aparecia um jovem, que estava passando por um momento delicado, e tentava pegar um telefone, mas a mão dele transpassava o aparelho, e ele não consegui a ajuda que buscava.

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“Na época, eu pensei que se ele tivesse conseguido falar com alguém naquele momento, poderia ter feito a diferença”, conta Antônio à CAPRICHO. A situação fictícia lhe inspirou a ajudar pessoas que passam por esse sofrimento na vida real. Para isso, ele passou pelo treinamento do CVV, que dura inicialmente 8 semanas – depois, ao longo do voluntariado, existem treinamentos de aperfeiçoamento e reciclagem.

Para se inscrever no voluntariado, é necessário residir no Brasil, ter mais de 18 anos de idade e vontade de ajudar. ” O mais importante é você até acreditar na sua capacidade de doação”, defende Antônio, que esclarece que o papel do voluntário é não julgar e sempre acolher a pessoa em aflição.

Por isso, se você estiver pensando em pedir ajuda ao CVV, mas se sentir envergonhado ou com medo de julgamentos, fique tranquilo. Os voluntários estão preparados para te ouvir, sem presumir ou criar opiniões sobre o que você está dizendo, tá? 

Como você pode entrar em contato com o CVV

O jeito mais conhecido para falar com o CVV é pelo telefone 188. A ligação é gratuita e os voluntários ficam disponíveis 24 horas por dia para atender quem precisa. Mas também há outras formas de conversar com o CVV, como o chat no site ou o e-mail.

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Antônio diz que esses canais online foram criados pensando muito na nossa galera jovem – faixa etária que mais cresce em relação aos casos de suicídio. “Muitos adolescentes têm uma certa preferência em escrever do que falar, então a presença deles nesses tipos de atendimento é marcante”, diz o voluntário. “O jovem precisa lidar com questões bem complexas que fazem parte do crescimento humano e, muitas vezes, ele não está tendo nem o tempo de amadurecer emocionalmente para tratar delas”, completa.

4 tipos de atendimento do CVV

– Telefone 188: ligação gratuita, disponível 24 horas por dia;
– Chat do site: todos os dias da semana em horários definidos;
– E-mail: apoioemocional@cvv.org.br;
– Pessoalmente: nos 97 postos de atendimento em 20 estados e no Distrito Federal.

O que vai acontecer se você pedir ajuda ao CVV

Os atendimentos do CVV são um lugar seguro, garante Antônio. Ele reforça que os voluntários são treinados para ter uma escuta empática e acolhedora, sem críticas ou julgamentos. Ao ligar ou mandar mensagem, a pessoa não é obrigada se identificar, dizer seu nome, idade ou sexo. Ela se apresenta só se quiser, assim como ela só compartilha as histórias e sentimentos que se sentir confortável para isso. O voluntário nunca vai encher de perguntas e a forçar a falar, além de não ter viés religioso, político-partidário ou empresarial. E tudo que for falado está sob total sigilo, viu?

Depois do primeiro atendimento, a pessoa pode ligar novamente, para conversar mais, ou continuar mandando mensagem até quando achar necessário. Para quem for ligar, vale dizer que os voluntários do CVV não vão dizer o que você deve fazer, ou resolver o seu problema de uma vez, a ideia é você sentir que pode falar de uma forma aberta em um ambiente seguro. Ali vai ter alguém a disposição para te escutar desabafar, colocar para fora, te acalmar e repetir que, apesar da dor, a vida vale a pena.

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Ninguém precisa sofrer sozinho. Se precisar conversar, ligue 188 ou acesse www.cvv.org.br, ou se perceber que um amigo está com pensamentos suicidas, você pode acolhê-lo e também indicar o CVV.

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