Paula Pimenta dá um conselho pras meninas: “Podemos ser tudo que quisermos”
Em nosso especial da semana do Dia Internacional da Mulher, escritora conta como ama ser uma garota
Desde criança eu sempre gostei de “coisas de menina”. Fantasias de princesa, Barbies, brincadeiras de roda… O “cor-de-rosa” sempre esteve muito presente em minha vida. Apesar disso, achava que ser menina era meio chato, pois eu também era muito moleca. Gostava de brincar na rua, de empinar pipa, de explorar lugares proibidos, de me intrometer onde não era chamada… Definitivamente ninguém ousaria me classificar como uma “mocinha”.
Até que a adolescência chegou e com ela as primeiras paixões. Foi nessa fase que eu realmente entrei em contato com a minha sensibilidade. Toda aquela mistura de sentimentos dessa época da vida me mostrou a sensação maravilhosa de ser mulher. E foi aí que entendi que eu não precisava ser uma coisa só, ter um rótulo: comportada ou sapeca, caseira ou baladeira, romântica ou atrevida. Não. Eu podia ser tudo ao mesmo tempo e percebi que ser mulher é exatamente isso. É poder usar minhas nuances para fazer tudo acontecer, para despertar emoções, para mudar o mundo.
As minhas maiores influências sempre foram mulheres. Desde criança, me tornei fã incondicional da Mônica. Quer mulher mais forte? Ela não aceita ofensas, não leva desaforo pra casa, defende suas opiniões, protege seus amigos… Tudo isso com o maior carisma! Mas ela não foi a única personagem que me marcou, várias outras fizeram com que eu desejasse ser um pouco mais como elas, e certamente levei o exemplo de suas histórias para a vida real: Bela, Ariel, Cinderela, Alice… Meninas curiosas e sonhadoras, que olhavam além da própria janela, sempre desejando mais, que sentiam que o mundo era muito maior do que o quintal da casa delas e que resolveram explorar outras possibilidades. Princesa Leia, Hermione Granger, Katniss Everdeen… Exemplos de coragem e sabedoria. A noviça Maria, Julieta, Sissi… Garotas que desafiaram os padrões, se rebelaram e se tornaram donas do seu próprio destino.
Mas não foram apenas personagens… O que dizer de certas escritoras que tiveram influência fundamental para minha carreira? Foi lendo Martha Medeiros e Meg Cabot que eu percebi o quanto aqueles meus textos guardados na gaveta poderiam se tornar algo mais. Foram as emoções que as palavras delas me proporcionaram que fizeram com que eu tivesse vontade de também despertar aqueles sentimentos tão intensos em mais alguém. Fico feliz quando percebo que estou conseguindo isso… E mais ainda de saber que de alguma forma posso estar influenciando algumas futuras escritoras.
E é por isso tudo que eu me orgulho tanto de fazer parte desse time. Nós, mulheres, não enxergamos apenas um lado da história. Não vemos apenas uma cor se existem várias. Temos sexto sentido, intuição. Fazemos cálculos, previsões, colocamos tudo na balança. Enxergamos lá na frente. Começamos de novo quantas vezes for preciso. Sabemos que podemos e devemos voltar no meio do caminho se precisar. Sempre temos um plano B para emergências. Não temos medo de ser frágil, pois sabemos que podemos ser forte.
E descobrir-se assim, reconhecer que podemos ser tudo que quisermos, é a maior dádiva de toda mulher.
Paula Pimenta nasceu em Belo Horizonte (MG). Tem 15 livros publicados no Brasil e traduções em Portugal, Espanha, América Latina e, em breve, Itália. Suas vendas já ultrapassaram os 950 mil exemplares.