Os antes e depois do Pantanal que mostram os estragos do fogo na região
É crime ambiental que fala, né? Não tenha dúvida.
Até agora, os incêndios no Pantanal, que começaram em março e têm piorado com a chegada da temporada de seca, que está extremamente agressiva neste ano, destruíram 13% do bioma pantaneiro. Para se ter uma ideia do enorme impacto negativo no meio ambiente das queimadas, cuja maioria é causada por ações humanas, não naturais, 85% do Parque Estadual Encontro das Águas, em Poconé, maior abrigo de onças-pintadas do mundo, foi destruído.
Além do parque, outro ponto turístico foi afetado: a Rodovia Transpantaneira, construção que cruza a maior planície alagada do planeta. Ela possui 150 Km de extensão e é um dos mais famosos atrativos turísticos da região Centro-Oeste do Brasil. O turismo será certamente afetado, o que afetará a economia do estado. Lembrando que grande parte dos incêndios são causados por humanos a frente do agronegócio, que botam fogo no mato para a criação de pastagens, visando o lucro que a indústria pecuária gera no Brasil, um dos países que mais consome carne vermelha no mundo. “Historicamente, o fogo faz parte da cultura do Pantanal. Os produtores usam o fogo para manejo das áreas de pastagem ou para retirar madeira, mel… Há uma condição que ocorre chamada combustão espontânea, mas isso representa muito pouco dos incêndios. A maioria é decorrente de focos pequenos por ação humana que saíram do controle”, explicou a bióloga Dra. Letícia Larcher, Coordenadora Técnica do Instituto Homem Pantaneiro, para a CAPRICHO.
Se a economia será afetada pela própria economia, estimulada por um sistema capitalista ainda sem políticas verdes, a destruição da fauna e da flora é o que mais preocupa. Até o início de setembro, 25 mil Km² de áreas pantaneiras já foram dizimadas, levando consigo animais, vegetação e importantes sítios reprodutivos. “Efeitos diretos, como a mortalidade de animais em incêndios, são habituais, assim como a fumaça, ao ser inalada pelos animais, também pode causar mortes. Dentre as espécies da fauna consideradas ameaçadas de extinção que ocorrem no Pantanal, o Tamanduá-bandeira é o mais suscetível ao fogo, devido a sua lenta locomoção e densa pelagem. Os primatas também são muito impactados em condições de de incêndios florestais, pois as áreas queimadas podem representar uma barreira para a dispersão dessas espécies”, também apontou a bióloga Letícia, que teve a fala complementada pela do biólogo Daniel Dainezi, que mora e trabalha em Corumbá, porta de entrada para o Pantanal: “Os incêndios são quase criminosos, colocados por fazendeiros para limpeza e renovação do pasto. Ainda estamos no início do pior período de incêndios florestais do Pantanal e já temos absurdos 13% de bioma queimados. É uma tragédia!”.
A seguir, você encontra imagens fortes do antes e depois do Pantanal, que foi decretado pela Unesco Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera nos anos 2000. Para ajudar, você pode contribuir doando qualquer quantia para a campanha Brigada do Alto Pantanal e “evitar que centenas de animais sejam carbonizados e famílias percam o seu sustento por causa do fogo descontrolado, situação esta que vem acontecendo cada vez mais nos últimos anos”.