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O que pode estar por trás da sua carência afetiva e como olhar para isso

A carência é algo comum, mas que pode alcançar níveis preocupantes se não existir um cuidado com ela

Por Juliana Morales 24 mar 2024, 10h00

Em algum momento, você já se perguntou se seu sentimento por alguém era real ou você só estava se sentindo carente naquele momento?  Entender a vontade de estar com a outra pessoa é muito importante. Afinal, às vezes não se trata do outro, mas de uma necessidade dentro de você. Bora falar mais sobre a famosa carência?

A psicóloga Gabriela Borba, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), explica que “carência afetiva é um estado emocional em que a pessoa sente uma falta significativa de afeto, atenção, cuidado e apoio emocional”. E essa falta não se restringe a relacionamentos amorosos, viu? “Ela pode acontecer em diferentes contextos da vida desde família e amizades até no ambiente de trabalho”, explica à CAPRICHO.

A psicóloga Luciana Garcia acrescenta que o afeto pode ser definido como “uma predisposição para se conectar de forma discriminativa a pessoas específicas”. A primeira pessoa com a qual desenvolvemos essa relação de afeto é, geralmente, a mãe. “O afeto gera segurança física, identidade, segurança emocional, autoestima e esse afeto primordial que desenvolvemos serve como base para as relações futuras”, explica.

Sendo assim, a carência afetiva se dá pela falta dele. “Vamos pensar que carregamos dentro de nós um tanque cheio de afeto. Conforme vamos realizando as nossas atividades do dia a dia, gastamos esse combustível e ele precisa ser reabastecido para voltar a funcionar de forma adequada. E isso é feito por meio das nossas relações diária”, exemplifica.

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Quais são os principais sinais de carência?

Luciana afirma que cada pessoa vai demonstrar a carência de uma maneira diferente, de acordo com seu temperamento, personalidade e sua criação. “Alguns ficam muito tristes, outros demonstram por meio da raiva, tem também aqueles que ficam reclamando de tudo e se tornam mais pessimistas”, diz. A especialista também cita que algumas pessoas podem “ficar doentes” como uma forma de obter atenção e cuidados.

“E, claro, quando nosso tanque de afeto se encontra vazio, não conseguimos dar afeto, pois não podemos dar aquilo que não temos”, aponta Luciana como mais um sinal a ser levado em consideração.

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Quando a carência se torna preocupante?

Gabriela ressalta que “todos nós, em algum momento da vida, podemos experimentar sentimentos de falta, solidão ou necessidade emocional”. Mas a carência torna-se preocupante quando atinge níveis excessivos ou persistentes, interferindo na vida diária, nos relacionamentos e no bem-estar emocional da pessoa. Ela dá os seguintes exemplos:

  • Quando uma pessoa se torna dependente de outras pessoas para se sentir completa, feliz ou segura, incapaz de se autosustentar emocionalmente;
  • A carência pode motivar a pessoa a aceitar abusos, relacionamentos tóxicos, busca compulsiva por atenção ou afeto;
  • A carência também pode levar a um isolamento social significativo, pois uma pessoa pode ter dificuldade em construir e manter relacionamentos saudáveis, afastando-se de outras pessoas.

“O estado de carência prolongada pode ainda contribuir para o desenvolvimento de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e transtornos de personalidade”, completa a psicóloga.

Quais são as causas da carência?

Como já falamos por aqui, a carência é um estado emocional recorrente da falta de afeto. Mas o que está por trás disso? Gabriela diz que não existe uma única resposta, mas diversos fatores precisar ser avaliados, entre eles, os emocionais, psicológicos, sociais e familiares.

Pessoas que tiveram experiências de abandono ou negligência emocional na infância ou em relacionamentos anteriores estão muito sujeitas a se sentirem carentes, por exemplo. “Tudo isso deixa marcas emocionais profundas e afeta a capacidade da pessoa de confiar em outras pessoas e fazer com que se sinta seguro nos relacionamentos”, explica. Outro exemplo é de pessoas que apresentam autoestima pouco desenvolvida – elas pode buscar por validação externa para compensar a falta de autoconfiança e autoaceitação.

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Como tratar a carência?

As duas especialistas reforçam que as causas, funcionamentos e consequências da carência são muito particulares. Por isso, é tão importante a avaliação e acompanhamento piscológico para entender e tratar cada caso, certo?

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