O que é o tal do ‘ego ferido’, que é confundido com coração partido?

Muitas vezes, a sensação de rejeição é o que não te deixa superar o fim de um relacionamento; entenda!

Por Juliana Morales 29 abr 2025, 19h17
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ocê já deve ter escutado dizer que alguém ficou com o “ego ferido” após sofrer uma decepção amorosa. Ou até mesmo você já se sentiu assim e não entendeu muito bem o que estava acontecendo. Mas vem cá: já parou para refletir o que essa expressão quer dizer? O que é esse tal de ego? E o que faz com que ele fique machucado? A CAPRICHO te explica.

O que é o ego, segundo Freud

A ideia de “ego” foi difundida por Sigmund Freud, o pai da Psicanálise. Segundo ele, a psique humana, que é dividida em consciente e subconsciente, é constituída por três instâncias diferentes: o Id, o ego e o superego. O Id diz respeito aos nossos desejos e instintos primitivos, que ficam na nossa parte inconsciente. Já o superego representa os ideais e de valores morais do indivíduo.

O ego é o “eu” que fica ali no meio do consciente e subconsciente, tentando encontrar o equilíbrio entre essa impulsividade do Id, que só pensa no prazer, e o que acontece no mundo externo e racional – além de conciliar tudo isso com os ideias e valores que ele carrega da sua família, cultura e sociedade. 

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E o que seria um ego ferido nesse sentido?

Como a reportagem da SUPERINTERESSANTE sobre o tema explica, ao adequar as vontades primitivas do indivíduo ao mundo em sua volta, o ego acaba sendo “quem você é de fato aos olhos das outras pessoas”. E, sim, nós temos a tendência de defender o que somos e desejamos, além de sentirmos a necessidade de validação externa.

Por isso, quando somos rejeitados por alguém que amamos, como no fim de um relacionamento, essa sensação de rejeição desafia essa imagem que temos de nós mesmo, o que pode abalar a nossa autoestima. E isso pode resumir o que ficou popularmente conhecido como “ego ferido”.

O ego ferido depois de um fim de relacionamento

A psicóloga Marina Crovador, especialista em relacionamentos, explica que, diferente da Psicanálise, na terapia cognitivo-comportamental, linha que ela segue em seus atendimentos, não é usada a palavra ego. Mas ela interpreta como tudo que se refere à construção do “eu”. “É como uma caixinha onde contém tudo aquilo que diz respeito a nossa personalidade, as nossas crenças, a maneira como nos vemos e enxergamos as coisas, as nossas relações, as outras pessoas e o nosso papel no mundo”, explica.

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Segundo a especialista, um término difícil de relacionamento, um caso de traição e outras situações semelhantes que envolvam rejeição, exposição e humilhação “abalam esse conjunto de questões relacionadas à formação da identidade” – principalmente se a pessoa tem a crença de que só é amada dentro de um relação, por exemplo, ou que não reconhece seu próprio valor.

Por isso, muitas vezes, o que dói não é a perda do amor em si, mas essa sensação de rejeição. “Quando a pessoa percebe isso, ela entende que o término não tem mais a ver ex, mas, sim, como aquilo afetou ela e quais feridas e marcas trouxe à tona”, explica a psicóloga. Às vezes, são questões da pessoa que já existiam antes do relacionamento, mas muito possivelmente só foram ativadas como esse fim da relação.

“A cura [do ego ferido] está no entendimento de que ‘não importa o que fizeram comigo, mas o que eu faço com o que fizeram de mim'”, finaliza.

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