O que é ‘male gaze’ que Sabrina Carpenter é tão acusada?

A capa de 'Man's Best Friend' tem dividido a opinião do público, que ou a acusa de objetificação ou a protege de ter o direito sobre seu corpo

Por Mavi Faria Atualizado em 16 jun 2025, 17h56 - Publicado em 16 jun 2025, 16h07
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anúncio do novo álbum de Sabrina Carpenter, Man’s Best Friend, na semana passada, foi uma boa surpresa para os fãs e, ao mesmo tempo, o pivô de uma extensa discussão sobre feminismo e o male gaze. A polêmica foi motivada, na verdade, pela capa do novo projeto — até agora a única coisa revelada da nova era da cantora, já que o álbum só será lançado no dia 29 de agosto.

Na imagem da capa, Carpenter aparece ajoelhada com as mãos no chão ao lado da perna de um homem, que segura seu cabelo com as mãos. A posição é similar ao de um cachorro, em referencia ao título do álbum, já que os cães são conhecidos por serem “o melhor amigo do homem”. A partir disso, levantou-se uma discussão sobre sexualização, feminismo e se a cantora não está se colocando em situações e posições pensadas para o olhar e a apreciação dos homens, o tal do male gaze.

Mas, CH, o que é male gaze?

O termo, que em português pode ser traduzido para “olhar masculino”, descreve a forma que as mulheres são representadas em diversos meios culturais pelo ponto de vista masculino, ou seja, muito objetificadas e sexualizadas.

O exemplo mais simples e clássico do male gaze são personagens femininas em filmes de ação e suspense que têm, como única função, serem o par romântico do protagonista, e principal característica a beleza física, destacada com roupas justas e sensuais. É como se fosse a versão de uma mulher pensada para agradar os homens, priorizando seu corpo e ignorando sua personalidade ou inteligência.

O male gaze, além de não ser uma representação factível da realidade, também impulsiona estereótipos e objetificações do corpo feminino, afirmando que ele é o único atributo que realmente “vale a pena” em uma mulher. E esse conceito não é novo, sabia?

Ele foi definido em 1975 pela crítica cinematográfica e feminista Laura Mulvey, que analisou como o cinema tradicional de Holywood representava as mulheres como objeto de desejo dos homens e não como personagens ativas na história. Em uma trama de espionagem, por exemplo, era muito comum a personagem feminina não ter nenhuma habilidade que ajudasse de fato a resolução do problema central do filme e toda sua história girava em torno do protagonista, seja para conquistá-lo, agradá-lo, seja para ser resgatada.

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E o que a Sabrina Carpenter tem a ver com isso?

A posição da cantora na capa de Man’s Best Friend, como se fosse o cachorro de um homem, causou muita controvérsia nas redes, em especial no X (ex-Twitter). Isso porque a galera acredita que, ao se colocar nesta posição, a cantora está reafirmando o male gaze e atendendo aos desejos masculinos ao objetificar a si mesma — mesmo que seja ela a pessoa que escolheu a foto para ser a capa do álbum, intencionalmente.

Por outro lado, uma galera está lembrando que o movimento feminista, em sua origem mais simplificada, lutou bravamente pelas mulheres terem a escolha para fazerem o que quiserem com suas vidas e seus corpos, seja sensualizando-os, expondo-os ou não. O poder da escolha, um direito não garantido por muitos anos e ainda violado em diversas culturas e regiões, é delas e deve ser respeitado a todo custo. Mesmo assim, parece que uma mulher confiante com o próprio corpo ainda causa muita polêmica.

Um argumento muito levantado nos comentários é a necessidade de abraçarmos a sexualidade e entendermos que as mulheres têm o direito de serem sensuais — sem a julgarmos como objetificadoras do corpo feminino ou incentivadoras do male gaze. Por que uma mulher, por vontade própria, não pode glorificar o próprio corpo, brincar com seus limites e se divertir? Temas envolvendo a sexualidade ainda aparecem com muito tabu, mas isso não significa que não devemos refletir sobre isso.

Uma conta no X, por exemplo, afirmou que “dizer que uma mulher está ‘atendendo ao olhar masculino’ se tornou uma forma moderna de humilhação disfarçada de feminismo. Ela tem todo o direito de exibir seu corpo”. Em outro comentário, a pessoa afirma que a reação de revolta do público é mais uma demonstração de misoginia. “É ainda mais misógino ser provocado quando as mulheres são sexualmente positivas. Você também acha que ela está se objetificando por simplesmente existir com um parceiro masculino?”, questiona.

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Ainda sobre o tema, uma galera levantou o questionamento: por que quando uma mulher é sexualmente e sensualmente confiante ela está se objetificando e atendendo ao male gaze, mas quando é um homem cantando sobre temas sexuais explícitos e fazendo danças sugestivas e sexuais é divertido, instigante e legal?

Uma conta chegou a colocar um vídeo do show do cantor Chris Brown do último fim de semana, onde ele sobe em cima de uma fã e dança de forma sensual. Importante lembrar que o músico foi condenado por agressão física contra Rihanna e outras mulheres, e recentemente foi acusado de estupro. Mesmo assim, não há polêmicas envolvendo seus movimentos.

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