Clamídia: o que é, sintomas, causas e como cuidar da doença

Na 2ª temporada da série Sex Education, ocorre um surto da infecção no colégio Moordale Secondary - e a gente te explica o que é a doença.

Por Isabella Otto Atualizado em 24 Maio 2025, 12h48 - Publicado em 9 fev 2020, 10h01
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clamídia é uma das ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) mais comuns do mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Em 2016, por exemplo, um boletim da organização mostrou que, durante o ano, 127 milhões de novos casos foram diagnosticados.

Flávia Fairbanks, ginecologista e obstetra formada pela Faculdade de Medicina da USP, explica que, nos Estados Unidos, há um surto da infecção, que ela acredita ter motivado os roteiristas de Sex Education a abordarem o tema na 2ª temporada da série da Netflix.

A epidemia de clamídia na escola Moordale Secondary faz com que o diretor realize uma palestra para esclarecer as principais dúvidas dos estudantes, que estavam se consultando com Otis (Asa Butterfield), e dos pais sobre a infeção. O que é? Como pega? Quais são os sintomas? É perigosa? Saiba mais sobre essa IST a seguir.

1. O que é clamídia?

A clamídia é uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível) causada pela bactéria Chlamydia trachomatis que pode acometer qualquer pessoa que pratica atividade sexual desprotegida, ou seja, sem o uso de preservativo.

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2. Como ela é transmitida?

A Dra. Flávia Fairbanks explica que, sim, é possível pegar clamídia pelo sexo oral, mas que é bastante raro. Nesse caso, haveria a aspiração de algum conteúdo decorrente da uretrite (inflamação do tubo que transporta a urina da bexiga para fora do corpo) causada pela bactéria.

A transmissão genital continua sendo a mais comum, já que o habitat preferido da Chlamydia trachomatis é o trato reprodutor masculino e feminino. Nas mulheres, ela costuma se alojar no colo do útero, um local de difícil acesso que oferece o pH ideal para a bactéria. É também possível que a mãe transmita a infecção para o filho durante o parto vaginal.

3. Quais são os sintomas?

“Para o nosso desespero, a clamídia, na maioria das vezes, é assintomática”, conta Fairbanks. Em cerca de 70% dos casos, ela não apresenta sintomas. Esse é o principal problema com relação à transmissão, já que a pessoa pode não receber o diagnóstico, não tratar e continuar propagando. Então, como descobrir se está ou não com a bactéria no corpo?

A ginecologista esclarece que as mulheres devem ficar atentas a corrimentos constantes associados à dores pélvicas, também durante as relações sexuais. Também pode ocorrer sangramento genital irregular tanto no sexo quanto em exames, como no papanicolau. Caso alguma dessas complicações seja notada, é imprescindível que uma consulta ginecológica seja marcada (além daquelas de rotina). Nos homens, pode haver ardência ao urinar e forte dor nos testículos.

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4. Como receber o diagnóstico?

O Ministério da Saúde garante: “tanto o diagnóstico quanto o tratamento são ofertados, de forma integral e gratuita, pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”. A ginecologista complementa dizendo que é possível fazer o exame na rede privada, mas que ele costuma ser bem caro. O principal deles é o que faz uma coleta endocervical, como se fosse um papanicolau ampliado. Exames de urina e de secreção uretral também são realizados.

Muitas vezes, o diagnóstico é feito de maneira tardia, já que o paciente não apresenta sintomas da infecção, cujo tempo de incubação é de 5 a 14 dias. Tanto em homens quanto em mulheres, o principal risco é a infertilidade. “A bactéria pode causar uma doença inflamatória pélvica que ataca o endométrio e as trompas (epitélio). O maior problema vai ser quando a mulher tentar engravidar”, explica.

5. Tem cura?

Sim. E, quanto mais cedo o diagnóstico sair, melhor! Os exames de clamídia não costumam ser de rotina para as mulheres, que devem procurar orientação médica sempre que tenham tido uma exposição de risco e/ou sentirem os sintomas descritos acima.

6. Qual é o tratamento?

Uma vez diagnosticada a clamídia, o tratamento é feito com o uso de antibióticos. A especialista salienta que, no caso de um casal, é preciso que ambos façam o teste e depois o acompanhamento, porque é possível que os dois estejam infectados.

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É também interessante que um exame de controle seja realizado de um a três meses após o término do tratamento. Ter relações sexuais protegidas, com o uso de preservativo, é a principal forma de prevenção.

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