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O lado não tão épico assim da CCXP22

Furtos de celular, informações desencontradas sobre filas virtuais, Apps instáveis, e influenciadores e convidados sendo mais valorizados que pagantes

Por Isabella Otto Atualizado em 5 dez 2022, 12h58 - Publicado em 5 dez 2022, 12h52
O lado não tão épico assim da CCXP22
Divulgação/Divulgação

Tá, eu não quero soar amarga. A CCXP é minha segunda casa e foi muito gostoso voltar para ela depois de dois anos longe, tendo que se contentar com edições virtuais, por causa da pandemia. E voltar pra casa é sempre bom, né? Mas, em 2022, minha experiência não foi tão positiva e, conversando com outras pessoas no evento, especialmente aquelas que vão nele desde a primeira edição, percebi algumas queixas parecidas.

Tudo começou quando tive meu celular furtado durante cobertura da feira. Estava trabalhando, gravando um vlog de comprinhas na Pernambucanas, e um segundo bastou para que levassem meu aparelho. Percebi na hora, acionei rapidamente os vendedores da loja, mas a muvuca era tanta que não conseguimos identificar o criminoso.

A equipe de serviço foi acionada e eles me prestaram suporte, mas um básico. Até conseguimos rastrear o celular, mas, com o barulho do local, foi impossível escutar o sinal por ele emitido. Foi quando perguntei para a funcionária se havia uma base de apoio na ativa, para que eu pudesse registrar um boletim de ocorrência lá mesmo. Ela lamentou e disse que, naquele ano, não havia um posto policial para eu registrar a ocorrência – e, sem um lugar para registros do tipo, é óbvio que o saldo será positivo, pois nenhum registro será feito in loco.

 

Depois de resolver essa dor de cabeça – ou as primeiras questões dela -, mandei mensagem para os cinco artistas que eu tinha entrevistado minutos antes do furto ocorrer. Expliquei a situação, todos foram muito compreensivos e solícitos, e foi aí que descobri que uma amiga da quadrinista Alice Pereira também havia tido o celular furtado durante o trabalho, no Artists’ Valley. Na sequência, fiquei sabendo de mais pessoas que haviam sido furtadas na feira. O esquema estava grande e organizado!

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Enfim, acontece, muvuca, muita gente, um evento cada vez maior, com recordes de pagantes… Mas é exatamente por isso que cada vez mais a segurança precisa ser reforçada, para que o público tenha o mínimo de amparo, se necessário. Torcemos para que não seja.

No sábado (3), ouvi dois relatos que também chamaram a minha atenção. Na fila de The Boys, um pagante questionava um staff do estande do Prime Video sobre o fato da fila estar paralisada por duas horas sendo que influenciadores haviam passado na frente daqueles que tinham comprado ingresso. Entendo o lado da marca, entendo o lado do visitante. Mas é algo que me fez pensar bastante, pois, durante a Spoiler Night, ouvimos de outro staff que não poderíamos entrar em uma experiência, mesmo tendo marcado anteriormente com a assessoria, porque já haviam deixado passar muitos influenciadores e perdido o controle. Bom, se isso já afeta nós, profissionais da Imprensa, imagina o público geral?!

Outro relato que ouvi foi à noite, enquanto esperava meu carro de aplicativo chegar. Puxei papo com um casal, que havia vindo do interior de São Paulo apenas para a feira, e o homem se queixou que, nas primeiras edições, haviam menos estandes, mas as experiências eram, no geral, mais interativas e imersivas. Neste ano, havia muito espaço “instagramável” e, às vezes, você ficava um tempão na fila para bater uma foto.

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A gente entende que faz parte do rolê e que tem gente que vai lá só pra isso mesmo, mas imagina passas horas em uma fila para entrar numa sala e assistir ao trailer de um filme?! Era essa a proposta da parte de Homem-Formiga, no estande da Disney, por exemplo. Um tanto quanto decepcionante…

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Fora que, neste ano, o que mais escutei foi: “Não sei informar”. Tive que derrubar uma pauta porque muitos funcionários não sabiam responder se o estande em questão tinha fila presencial ou virtual. E quando, depois de muito custo, consegui informações precisas sobre… Fuén! Ou os aplicativos não funcionavam direito ou havia mais demanda que oferta. Para quem conseguiu adquirir ingresso só para um dia, foi complicado e frustrante.

Ah! Complicado também está entrar nos painéis, viu? Nas primeiras edições, era bem mais tranquilo. É claro que o evento era menor, o que justifica, mas ouvi relatos do tipo: “Se você não é convidado, influenciador ou não dorme na fila, é impossível entrar no Palco Thunder”. Por isso, muitos já desistem e passam o dia esperando os artistas no Palco Omelete.

Eu amo a CCXP! É um evento foda, que precisa de um planejamento fora de série. E é exatamente por isso que pontuo tais questões, como críticas construtivas, porque quero que cada vez mais a maior feira de cultura pop da América Latina seja acessível, mas também quero que as pessoas consigam aproveitar em sua totalidade – ou algo perto disso.

Para nós, que vivemos o evento desde a primeira edição, ver coisas assim é especialmente difícil, porque, para quem foi à CCXP pela primeira vez, pode ter se deixado encantar pelo universo – que é incrivelmente incrível mesmo! – e até pelo hype, mas, para quem tem outras edições e vivências para comparar, a conclusão pode ser diferente.

É como diz Ben, o tio do Peter Park: “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”.

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