
O estresse que você passa na adolescência pode deixar danos no seu cérebro
Pesquisadora explica à CAPRICHO sobre o estudo que mostrou que o estresse na juventude tem impacto na saúde mental na fase adulta
estresse é uma reação natural do organismo quando vivenciamos situações de perigo ou ameaça. O problema é quando ele se torna um estado constante – inclusive para a nossa galera mais jovem, viu? Uma pesquisa recente, realizada na Universidade de São Paulo (USP), mostrou que o estresse na adolescência não é meramente uma fase passageira, mas pode deixar marcas no cérebro que impactam a vida adulta.
A doutora Thamyris Santos Silva, primeira autora do estudo, explica à CAPRICHO que, quando o estresse se agrava, pode ocorrer um desequilíbrio na homeostase do organismo, afetando o equilíbrio interno entre mente e corpo. “Se não for controlado, esse desequilíbrio pode resultar em consequências graves para o cérebro”, afirma.
Para entender esses impactos, Thamyris e seu grupo de pesquisadores expuseram ratos adolescentes a situações estressantes. Eles observaram que essa exposição resultou em um desequilíbrio na comunicação neuronal. “No estudo, o estresse na adolescência afetou o funcionamento de uma região cerebral conhecida como córtex pré-frontal que regular as emoções”, diz.
Ela explica que essa falta de genes que produzem energia para as células pode interferir na habilidade dos ratos de se comportarem de forma saudável. “Já sabemos que essas mudanças cerebrais observadas nos ratos podem refletir padrões de comportamento semelhantes em humanos. E de fato, os animais que passaram por estresse na adolescência ficaram mais ansiosos, menos sociáveis e com dificuldades de aprender na vida adulta”, afirma.
Thamyris ressalta que “a adolescência é uma fase de intensa “reestruturação” mental e emocional, no qual o cérebro passa por diversas transformações por estar extremamente flexível, ou seja é capaz de se adaptar as experiências e aos estímulos”. “Entretanto, o cérebro pode responder ao estresse de maneira exacerbada deixando consequências a longo prazo. Isso porque o estresse pode modificar o funcionamento cerebral, mexendo com genes que produzem energia nas células”, explica.
Agora, os pesquisadores buscam compreender mais profundamente como essas mudanças podem ser empregadas para prever a responsividade de um indivíduo ao estresse e como elas podem favorecer o surgimento de transtornos mentais, tais como depressão e ansiedade. Eles também estão explorando métodos para “reverter” essas alterações genéticas, o que pode abrir caminho para novos tratamentos no futuro.