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O ano em que a rivalidade feminina podia, enfim, acabar

Afinal, essa disputa é pelo quê? É tempo de questionar, entender e se rebelar.

Por Gabriela Junqueira Atualizado em 24 jan 2020, 11h01 - Publicado em 19 jan 2020, 10h01

Desde cedo, somos ensinadas a acreditar que existe “a garota mais bonita”, “a que todos os garotos gostam”, “a mais legal da sala” e coisas do tipo que só reforçam a ideia de que meninas precisam estar em constante disputa e colocando outras garotas para baixo. Conforme vamos crescendo, essa rivalidade é ainda mais instigada. Quantas vezes você já não viu desconhecidas, ou até mesmo amigas, brigando por algum cara? Ou uma garota tentando diminuir a aparência de outra na escola?

Ponomariova_Maria/Getty Images

É triste perceber que esses tipos de situações, infelizmente, ainda acontecem – e não com menos frequência. Não dá para normalizar nem tentar justificar tais rivalidades. Não precisa ser amiga de todo mundo ou gostar de todas as mulheres. Isso não existe, isso não é feminismo. Mas, no meio disso tudo, de todas essas comparações, precisamos pensar: afinal, essa disputa é pelo quê? Por que criticar aquela menina? Ou por que se comparar tanto com ela?

Segundo a terapeuta Rosangela Matos (@descomplicandorelacoes), essa ideia de competição costuma surgir na infância e os pais desempenham uma papel importante em como os filhos vão aprender a lidar com a questão.  “As palavras têm muito poder. Os pais podem ajudar a criança trabalhando sua auto-estima e mostrando que não vale a pena brigar com uma colega”, disse a especialista.

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Na adolescência, as coisas costumam ficar ainda mais intensas e, quando a menina já vem de uma infância em que a rivalidade feminina é estimulada, a “sociedade da comparação” se torna ainda mais cruel. Hormônios, escola, mudanças na pele, no cabelo, redes sociais, primeiro amor… Pronto, a baixa autoestima pode dar as caras. Essa sensação de insuficiência misturada ao clima de competição pode ser uma bomba para o emocional da jovem. Para lidar com todos esses sentimentos, Rosângela diz que é importante buscar se conhecer e entender seus pensamentos. Além disso, procurar maneiras de melhorar a situação que te incomoda é necessário. Também é importante tentar encontrar alguma atividade que te faça feliz, como, por exemplo, a dança, o teatro, a ioga… Para extravasar, não para tentar se enquadrar em padrões ou coisa do tipo. Segundo Matos, “saber que você tem um papel, que é importante, ajuda a trabalhar a autoconfiança”.

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3AM Crafter/Reprodução

A autoestima está extremamente conectada à autoconfiança: quando você sabe, ou está descobrindo, quem é, do que gosta e entende que tem pessoas ao seu redor com quem pode contar, é mais provável que se sinta segura, completa e feliz com sua pessoa e companhia. Se amar e se aceitar está mais ligado à sua visão de si mesma que a opiniões de terceiros e do quanto você está ou não dentro de um padrão pré-estabelecido.

Brigar com outra menina, tentar diminuí-la pela sua aparência, comportamento, ou competir por algo como garotos só reforça comportamentos que, com certeza, não combinam nem um pouco com 2020. Em vez de disputar com alguma menina, pense nos desafios que você já enfrentou ou nas situações pelas quais já passou apenas por ser garota. Assim, fica mais fácil perceber o quanto você e ela podem não ser tão diferentes e podem, inclusive, ter muitas coisas em comum.

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Não precisa ser amiga de todo mundo, mas, definitivamente, não é mais tempo de compactuar com uma sociedade que tanto estimula a rivalidade feminina.

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