Narcolepsia: o distúrbio que te faz sentir BEM mais sono que o normal
É sério, tá?! Ao ponto de ter que tomar remédio forte para ficar acordada.
Por Marcela Bonafé
Atualizado em 1 nov 2024, 13h28 - Publicado em 12 jun 2016, 11h50
Há quase 1 ano, eu, Marcela, estagiária de comportamento da CAPRICHO, descobri que tenho um distúrbio que nem imaginava que existia: narcolepsia. Acho que podemos dizer que uma das principais características é a sonolência excessiva. Calma, eu sei que você pensou “eu também sinto muito sono”, mas vai bem além disso. O que me levou a buscar ajuda, na verdade, foi um outro sintoma chamado paralisia do sono – que até eu descobrir o nome, parecia mais um filme de terror.
Basicamente, eu acordava, via tudo à minha volta, mas não conseguia me mexer nem falar, me dava falta de ar e eu ainda começava a alucinar (ouvir alguém falando e ver coisas que na verdade não estavam no ambiente). Ficava assim por uns 5 minutos, até conseguir acordar de vez. No mínimo assustador, né?! Você talvez até conheça alguém que já teve isso, mas o problema é que comigo acontecia com certa frequência.
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Fui entender o que era quando, um dia, estava no meu pneumologista e descobri que ele também era especialista em distúrbios do sono. Comentei sobre esses episódios com ele, que me explicou tudo que quando a gente sonha que está correndo, por exemplo, a gente não corre de verdade, certo? Isso porque nosso cérebro “desliga” algumas funções motoras como forma de proteção. No caso, meu cérebro acordava, mas aquela parte não “ligava” de volta imediatamente – e aí eu não conseguia me mover.
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Aproveitando que já estava ali, contei também que sentia muito sono e que ele era incontrolável – ao ponto dos meus pais ficarem preocupados. Às vezes eu simplesmente não aguentava e dormia. Juro, já cochilei em pé no metrô e até mesmo enquanto fazia xixi. Meu sono era sempre tão desesperador que eu tentei tomar tudo o que supostamente espanta o sono: cápsulas de café verde ou de açaí, pó de guaraná…
Com isso, o doutor me perguntou se eu tinha fraqueza muscular em alguns momentos de emoções fortes. Achei a pergunta estranha, mas respondi que sim. Principalmente quando ficava bem nervosa ou estressada, minha perna simplesmente me desobedecia, fraquejava e eu caia. Aí ele me contou que isso se chamava cataplexia. Tá, meu quadro estava bem estranho mesmo, mas eu nunca pensaria em relacionar uma coisa com a outra, mas foi o que ele fez.
Suspeitando que fosse narcolepsia por causa dos sintomas, ele me pediu exames – aqueles que você dorme cheia de fios, sabe?! Fiz, ele olhou os resultados, reavaliou e concluiu que eu era mesmo narcoléptica. Sei que parece horrível – e não é legal mesmo – mas, no fundo, eu fiquei até aliviada de saber o que era para poder tratar, porque realmente me incomodava.
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Para esclarecer, a narcolepsia é um distúrbio crônico e as causas ainda não são conhecidas, só existem hipóteses. O que acontece é o seguinte: nosso hipotálamo (parte do cérebro) produz um neurotransmissor chamado hipocretina (ou orexina), que é responsável por nos manter acordados. A pessoa narcoléptica tem um déficit nessa produção e por isso a sonolência excessiva e os ataques de sono.
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No fim das contas, o doutor me receitou dois remédios: um “estimulante” para me manter acordada e outro para a paralisia do sono e a cataplexia. Também me receitou um cochilo de 20 minutos todos os dias a tarde – mas isso a rotina não me deixa fazer! Mas só com os medicamentos o meu sono está bem mais controlado do que antes. Hoje já nem sinto medo de fazer cosias por causa disso, como por exemplo dirigir.
A narcolepsia não é um distúrbio comum, mas estou aqui para compartilhar essa experiência porque, assim como eu, muita gente nem sabia que existia. Não é nenhum bicho de sete cabeças e, com o tratamento certo, dá para conviver muito bem. Se, por acaso, você se identificou com todos esses sintomas e acha que pode ser o seu caso, só não deixe de procurar um médico especialista para evitar alguns perigos que esses ataques de sono podem causar, hein?!