Não temos os mesmos interesses. Isso é um problema para o relacionamento?

Bom, depende. Psicólogas te ajudam analisar quando as diferenças contribuem ou quando levam a relação ao fracasso

Por Juliana Morales 22 jun 2025, 13h00
V

ocê já deve ter escutado que “os opostos se atraem”. Em muitas comédias românticas, essa expressão funciona e rende ótimas histórias, mas será que, na vida real, pessoas com interesses tão diferentes podem formar um bom casal? Se você está se relacionando com alguém que tem hobbies, estilo de vida e gostos muito distintos do seu, talvez seja interessante avaliar alguns pontos e refletir sobre a relação.

Primeiro, muita calma, isso não significa que vocês não são compatíveis. Segundo a psicóloga Cláudia Melo, ter interesses diferentes não é, por si só, um obstáculo. Pelo contrário: “a diversidade pode ser uma grande riqueza dentro de um relacionamento, desde que haja respeito, escuta e curiosidade genuína sobre o mundo do outro”, explica.

“Quando uma pessoa se sente profundamente compreendida e aceita, ela floresce. O mesmo vale para as relações: o que sustenta o vínculo não é gostar das mesmas coisas, mas sentir que se pode ser quem se é sem medo”, acrescenta a psicóloga.

Só que nem sempre é fácil conciliar interesses diferentes…

A psicóloga Marina Crovador, especialista em relacionamentos, concorda que os interesses diferentes não são impeditivos, porém ela alerta que se relacionar com um pessoa muito diferente, com gostos diferentes ou uma cultura diferente, por exemplo, é muito mais desafiador do que com alguém mais parecido que você. “Eu preciso entrar nessa relação consciente de que eu não vou mudar essa pessoa e que o amor é o respeito. Então, a partir do momento que eu respeito essa pessoa, eu respeito também as diferenças dela dentro da relação”, diz.

Marina acrescenta que esse tipo de relação gera crescimento, já que é preciso aprender a ser mais flexível e também sair da zona de conforto para lidar com uma pessoa com diferentes costumes, interesses e jeitos.

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Cláudia enfatiza que é possível e muito bonito quando as diferenças se tornam caminhos de crescimento mútuo. Mas, para isso, ela diz que é necessário construir três pilares na relação, que são:

1. Autenticidade: poder expressar quem se é sem máscaras;

2. Aceitação: reconhecer o outro como legítimo em sua singularidade;

3. Escuta empática: estar disposto a compreender sem julgar.

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Mas e quando essas diferenças se tornam insustentáveis, CH?

Apesar de, na teoria, parecer lindo, nem sempre as relações funcionam bem na prática. Desentendimentos são comuns, o grande problema, como explica Cláudia, é “quando interesses opostos não conseguem conviver ou quando um tenta anular o espaço do outro”.

“Vamos imaginar que eu goste de dançar, começo a namorar com uma pessoa que é ciumenta e eu preciso parar de investir nesse meu hobby, para poder persistir no meu relacionamento. Esse já é um grande alerta de que essa relação não tem o potencial saudável”, exemplifica Marina.

Além disso, é preciso saber diferenciar se as diferenças que vocês têm estão relacionadas aos seus interesses, valores ou objetivos. Interesses fazem toda a diferença no dia a dia e no seu estilo de vida, por exemplo, mas é possível o casal se adaptar e encontrar um consenso.

Já com objetivos de vida, a coisa pode ser mais complicada: imagine que seu sonho é se dedicar exclusivamente a sua carreira, sem filhos, e a outra pessoa sonha em formar uma família com crianças e tudo mais? Nem sempre é possível conciliar esses desejos. A mesma coisa com valores: ideais de vida costumam ser inegociáveis e isso precisa estar muito alinhado no casal para dar certo.

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“A pergunta central que os jovens podem se fazer é: ‘Eu me sinto respeitado(a) pelo que sou?’. Carl Rogers [psicólogo estadunidense] nos lembra que o crescimento só é possível em ambientes onde há aceitação incondicional. Se a relação exige que você se esconda para ser amado(a), talvez não haja espaço para o seu verdadeiro crescimento ali”, finaliza Cláudia.

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