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Meninas negras são consideradas menos inocentes que brancas

A sexualização da mulher negra é um problema real e precisa ser debatido.

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2024, 21h07 - Publicado em 14 nov 2017, 15h00

Um estudo recente realizado pela Universidade de Georgetown, em Washington, D.C., capital dos Estados Unidos, mostra que as pessoas tendem a achar meninas negras menos inocentes que meninas brancas. No total, foram 325 adultos entrevistados, brancos em sua maioria, e grande parte deles afirmou que concorda com a frase a seguir, que diz: “meninas negras precisam de menos proteção, acolhimento, são mais independentes e sabem mais sobre sexo que as meninas brancas“.

Meninas negras são consideradas menos inocentes que brancas
Reprodução/Reprodução

Isso acontece por uma série de motivos, mas todos são frutos da sociedade racista e machista em que vivemos. O fato de os entrevistados julgarem as garotas negras dessa maneira se deve a um grande e principal motivo: quantas crianças brancas você vê trabalhando ilegalmente por aí? E quantas crianças negras? Muitas vezes, é feito vista grossa com essa juventude roubada. Sem contar que, na época da escravidão, o corpo das mulheres negras era visto como “diversão”, enquanto o das mulheres brancas como “compromisso”. Hoje, o cenário ainda não mudou totalmente…

“Meninas negras, principalmente entre 5 e 14 anos, são consideradas mais sexualmente maduras que garotas brancas da mesma idade”, afirma parte da pesquisa realizada pelo The Georgetown Law Center on Poverty and Inequality. Isso também é bastante preocupante. Vemos aí mais um caso da sexualização das negras – e nem as crianças escapam, o que é mais assustador. É como se as crianças brancas fossem naturalmente mais puras e ingênuas. Esse pensamento contribui com a cultura do estupro, que mata mais mulheres negras que brancas ao redor do mundo.

Meninas negras são consideradas menos inocentes que brancas
Getty Images/Getty Images
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Todos os dados levantados pela universidade levam a um ponto: a “adultificação” das crianças negras. “Essa nova evidência deve ajudar a explicar porque as garotas negras americanas são disciplinadas de forma muito mais severa(…) A ‘adultificação’ contribui para uma falsa narrativa que diz que as transgressões das jovens negras são intencionais e maliciosas“, relata documento da pesquisa. Consequentemente, eles tratam as mesmas atitudes tomadas por meninas brancas como consequências de uma imaturidade e/ou ingenuidade.

 

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